terça-feira, 3 de novembro de 2015

Torcedora que chamou Michel Bastos de 'macaco, negro safado' é ameaçada de morte nas redes sociais. A complacência da legislação e a impunidade estimulam o racismo neste país. Basta lembrar do 'caso Aranha'...

Torcedora que chamou Michel Bastos de 'macaco, negro safado' é ameaçada de morte nas redes sociais. A complacência da legislação e a impunidade estimulam o racismo neste país. Basta lembrar do 'caso Aranha'...




"Macaco, negro safado, respeita a torcida, otário, vagabundo. Faz por merecer o dinheiro que recebe!!" Foi desta maneira racista, absurda que nanda_commini resolveu criticar Michel Bastos. Usou o instagram oficial do jogador. Foi sua estúpida vingança por ele ter mandado a torcida do São Paulo "calar a boca". Michel Bastos tomou essa atitude após marcar o terceiro gol contra o Sport. Estava atuando mal e sendo vaiado por grande parte dos torcedores no Morumbi. Mas nada justifica o ato de racismo. Aos 32 anos, Michel Bastos já deveria ter experiência o suficiente para suportar críticas. Mas ele já estava desgostoso há muito tempo com o que acontece no Morumbi. No dia 23 de maio, foi anunciada a sua renovação de contrato até o fim de 2017. O que deveria ser motivo de satisfação. Até os 34 anos está com emprego garantido. Mas no dia 29 de junho, ele mostrava sua irritação. Criticou o São Paulo pelos atrasos nos direitos de imagem. No dia 29 de junho, desabafou, na entrevista coletiva. "Somos trabalhadores e queremos receber. É uma situação que vem desde o ano passado, mas não impediu que a gente ficasse em segundo lugar no Campeonato Brasileiro, fazer um bom fim de temporada. Neste ano também começamos bem o Brasileirão, então acho que isso não está influenciando dentro de campo. Somos profissionais, é nosso trabalho. A gente quer que a situação volte ao normal, mas temos que trabalhar dentro de campo. "Todos falaram que eu estava vindo para um clube correto e de pessoas corretas." Suas críticas foram muito mal recebidas pelos dirigentes do São Paulo. A sua situação ficou pior. No dia 5 de julho, ao ser substituído contra o Fluminense, no Morumbi, ele não fez questão de esconder sua raiva contra o então treinador Juan Carlos Osório. "Eu? Porra, filho da p... do cara..." A reação chocou toda a Comissão Técnica. O técnico não quis punição. O auxiliar Milton Cruz se mostrou muito chateado. Michel Bastos pediu desculpas ao treinador e a todos os jogadores. Eis que chega o dia 15 de agosto. O São Paulo perde para o Goiás por 3 a 0 no Morumbi. Parte da torcida aguardava os jogadores no portão de saída dos atletas. E o carro de Michel Bastos foi chutado, socado e o jogador, xingado. As atuações do meia canhoto, que empolgavam, passaram a cair. Até o que aconteceu contra o Sport, no sábado. Ele foi outra vez mal. Inúmeros torcedores do próprio São Paulo passaram a xingá-lo toda vez que a bola chegava a seus pés. Quando fez o terceiro gol, levou o dedo indicador à boca, mandando a torcida "calar a boca", no gesto mais do que tradicional.

Torcedores passaram a xingá-lo mais ainda no estádio. E nas redes sociais. Foi outra vez muito criticado internamente no São Paulo. O novo presidente Leco não se conformava. Cobrou o vice Ataíde Gil Guerreiro. Para amenizar a situação, uma nota oficial foi divulgada, no domingo. Com a desculpa do jogador. "Quero me desculpar com o torcedor do São Paulo que se sentiu desrespeitado pelo que fiz ontem no Morumbi. Errei ao fazer o gesto de silêncio, nada justifica isso, mas foi uma reação desmedida que acabei tendo por não concordar com quem vai ao estádio vaiar a própria equipe. Já aconteceram situações parecidas anteriormente e eu consegui lidar bem, mas acabei explodindo dessa vez e tendo essa atitude que, reitero, não é a correta. "Seria hipocrisia dizer que não ligo quando acontece esse tipo de situação em campo. Infelizmente não consigo, ainda mais por ter a consciência limpa de que nunca faltou empenho e comprometimento da minha parte. Mas, como falei, não foi a melhor maneira de expor meu descontentamento. Reconheço isso e peço desculpas novamente a todos que se sentiram atingidos." Outra vez tudo seria esquecido, se não fosse o desabafo inaceitável e racista de nanda_commini. O jogador fez questão de destacar o ataque absurdo. E garantiu que a processará. "Jamais irei me calar. Já informei meus advogados sobre o ocorrido e vou tomar todas as medidas cabíveis para que essa pessoa responda legalmente pelo que fez. "Se deixarmos esse tipo de situação passar, isso nunca irá cessar. O que pudermos fazer para ser usado de exemplo contra o racismo, seja ele qual for, sempre será importante. Espero que a minha atitude encoraje outras pessoas que sofrem com esse mal a sempre denunciar." Só que a situação não parou por aí. A conta de nanda_commini, que se apresenta como Fernanda Nascimento no Instagram, foi motivo de ataques. Além de ofensas, palavrões, ela está sendo ameaçada de morte pela demonstração de racismo. Sim, morte. Na conta, que não apagou, ela mostra seu rosto. Está ao lado de familiares, inclusive a mãe idosa. O que Fernanda fez é inadmissível. O que estimula esses ataques absurdos é a legislação brasileira. Conivente, complacente com atos racistas. Eles são tratados como "injúria racial", o termo já ameniza. Teoricamente levaria a pessoa a uma pena de um a três anos de cadeia. Na prática, isso não acontece. O caso envolvendo a gremista Patricia Moreira, que xingou Aranha, então goleiro do Santos, de "macaco" não teve maiores consequências. Ela e Eder Braga, Fernando Ascal e Ricardo Rychter, que também foram flagrados em atitudes racistas,em 2014, fizeram um acordo com a justiça. O processo foi suspenso. Nada de cadeia. Desde que os quatro aparecessem por dez meses em uma delegacia, uma hora antes de todos os jogos do Grêmio. Advogados de defesa de Patricia diziam que ela seguia depressiva, reclusa, sem residência fixa. Mas não é o que parecia em julho deste ano. Postou foto toda sorridente com D"Alessandro, jogador do Internacional nas redes sociais.

"Andando na rua, num dia lindo de sol, olha quem eu vejo. D’Alessandro, um cara super querido, do bem. Chegou até a me reconhecer", escreveu, se gabando pelo meia saber quem ela é. Comemorava a notoriedade que ganhou pelo ato de racismo. Repugnante. Patricia estava esquecida até que houve uma tentativa de incêndio à sua casa. Elton Grais foi punido com dois anos em regime semiaberto pela justiça do Rio Grande do Sul. Justificou sua atitude dizendo estar "enojado" por Patricia ter chamado Aranha de "macaco". Está em liberdade condicional. Enquanto a justiça ainda não toma providências contra nanda_commini, nas redes sociais, as ameaças prosseguem. A polícia do Rio Grande do Sul não imaginava que alguém tentaria queimar a casa de Patricia Moreira. Diante do descaso com crimes no país, muitas pessoas decidem fazer justiça com as próprias mãos. Em todas as áreas. O racismo precisa ser combatido, levado a sério. Tudo piora envolvendo jogadores conhecidos, futebol, clube grande. Torcedores. O rosto de Fernanda Nascimento foi mostrado na tevê, portais. Durante todo o feriado, acabou assunto obrigatório. Assim como Patricia Moreira da Silva foi em 2014. O racismo precisa ser punido pela lei. E não por outro criminoso...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Nov 2015 00:28:46

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