sexta-feira, 1 de abril de 2016

A estupidez no seu mais alto grau. Fanáticos tentam calar jornalistas esportivos. Ameaçando, intimidando, amaldiçoando pela Internet. Nem a Ditadura Militar foi tão covarde...

A estupidez no seu mais alto grau. Fanáticos tentam calar jornalistas esportivos. Ameaçando, intimidando, amaldiçoando pela Internet. Nem a Ditadura Militar foi tão covarde...




Sou corintiano. Sou palmeirense. Sou são paulino. Sou santista. Sou anti-corintiano. Odeio o Palmeiras. Persigo o São Paulo. Detesto o Santos. Sou o "filho da puta", de acordo com Andrés. Quando tinha poder, Aidar se referia a mim como o "sacana que me mostra com bananas". Vicenzo Roma, ex-dirigente da Parmalat, já quebrou a mão socando um armário de raiva. Na minha frente. Gritou que era para não acertar a minha cara. Fui retirado da Vila Belmiro por mostrar a precariedade dos camarotes. As cadeiras perigosamente soltas que poderiam ser armas. Nos sete anos de blog, eu e minha mãe já fomos ofendidos pelas quatro torcidas de São Paulo. Atleticanos, flamenguistas, cruzeirenses, gremistas, vascaínos me xingaram de todos os nomes. Já recebi ameaças de morte das maiores torcidas dos quatro grandes paulistas. Minha reação é sempre a mesma. O sentimento de dever cumprido. A consciência tranquila. E mais vontade de levantar o tapete cheio de sujeiras dos clubes deste país. Ainda mais no estado mais rico deste país tão maltratado e cheio de crápulas. Tenho 30 anos de carreira. E nos últimos cinco tenho acompanhado o incrível crescimento das redes sociais. Tenho facebook e twitter. Os uso prioritariamente para postar minhas matérias. Os assuntos que escrevo não são agradáveis aos fanáticos. Pessoas que tratam os jogadores, dirigentes e até estádios dos seus clubes como se fossem parte de sua família. É a identificação elevada além da racionalidade. As ofensas são diárias. E as piores possíveis. Se analiso a investigação da Polícia Federal sobre o Itaquerão é porque sou um .... Se publico o e-mail que forçou a renúncia de Aidar não passo de um ... Se insisto que o bilionário Paulo Nobre trata o Palmeiras como um brinquedo, já chegam os palavrões. Quando lembro que os conselheiros impedem que o Santos tenha uma arena moderna que merece e que a ultrapassada Vila Belmiro seja esquecida, mais xingamentos. As torcidas se revezam, de acordo com os posts. Há ainda os "haters", especialistas em ódio, diários. Não importa o que eu escreva. Chegam comentários, ameaças, palavrões e a garantia que nunca mais lerão nada do que escrevo. Mas, no dia seguinte, a mesma coisa. Já são mais de 400 mil comentários aprovados neste blog. E pelo menos 100 mil deletados. Com ofensas, palavrões e ameaças. Li todos. Sei do que estou falando. O blog tem mais de dois milhões e trezentos mil de acessos mensais. Sou um jornalista que trabalho para veículos com credibilidade. 23 anos no Jornal da Tarde. E sete anos de blog. Um ano no UOL. Seis no R7. Sempre privei da confiança dos meus chefes. Dos leitores. Reconhecido na rua já fui xingado. Elogiado. Beijado. Tirei selfie constrangedoras. Tomei e dei socos. Entendi: faz parte. Mas nem por isso me conformo com a covardia.

Pessoas poderiam argumentar, mostrar seu ponto de vista. Fugir da agressão. A Internet estimula inconsequentes, irresponsáveis, fanáticos. Os ataques gratuitos estúpidos não são privilégios de torcida alguma. São generalizados.

Desta vez, pessoas que se dizem palmeirenses, tentam destilar seu ódio.

E escolheram repórteres do Sportv e da rádio Globo. Tiago Maranhão mostrou o que inúmeros telespectadores já haviam percebido. O ex-gerente e agora preparador físico, Omar Feitosa, estava com um rádio transmissor. Trocando ideias com alguém fora da partida entre Palmeiras e Rio Claro. Algo proibido pela Fifa. Maranhão mostrou a transgressão. Alguém da Federação deve ter avisado o quarto árbitro e Feitosa foi expulso da partida.

Ana Thaís Matos também foi agraciada. O motivo: não só informar, mas questionar vários erros do atual Palmeiras. Algumas ofensas e ameaças estão no início do post. Vergonhosas, que ela deveria levar adiante.

Tiago também foi massacrado pelo twitter. A ponto de cancelar sua conta.

Joanna de Assis também foi xingada de todos os nomes por ter reportado a estranha substituição de Dudu contra o Red Bull. Cuca se antecipou. Foi enganado pela encenação do jogador. E o trocou. O atacante ficou transtornado. Acreditava ter condições de seguir na partida. Joanna apenas relatou o que aconteceu. Os ataques foram lastimáveis, sexistas, covardes.

André Hernan, um dos poucos com coragem para perguntar o que precisa ser perguntado, também se tornou alvo. Palavrões e mais palavrões nas suas redes sociais. Ameaças.

A intenção dessas pessoas é tentar intimidar. Impedir que os jornalistas sigam cumprindo seus deveres. Se façam de cegos, surdos, mudos.



Esses fãs ensandecidos, agem como se estivessem cumprindo uma missão divina. A de defender seu clube não importa a que preço. Se for escondendo a verdade, cultivando a hipocrisia, tanto faz. O que importa é a fantasia que tudo está bem. Hipocrisia misturada com estupidez.

Limítrofes, não entendem que apontando o erro, o jornalista colabora. Expõe a falha para que seja corrigida. Cuca e os médicos palmeirenses conversaram depois do que aconteceu com Dudu. Estão afinados. Omar Feitosa vai aposentar seu rádio. E trabalhar como qualquer preparador físico de clube grande faz.

A legislação brasileira está mudando em relação à Internet.

Se tornando mais rígida como deve ser.

As ofensas passam a ser levadas a sério.

Os racistas que ofenderam Taís Araújo, Sharon Menezzes, a jornalista Maria Julia Coutinho, estão presos.

Um deles é negro.

Quanto ao futebol, ele sempre despertará paixão.

Os elogiados adorarão as referências.

Os criticados detestarão.

A Internet proporciona a interação. A participação daqueles que não trabalham, não vivem de informação. Não investem horas e horas de seu dia em um clube. São convidados a opinar. Mas muitos tecem teorias de conspiração sem lógica. Ou apenas não suportam ver mazelas expostas do time que amam.

E, massacram os que entregam a notícia.

Como nas guerras gregas.

Mensageiros chegavam trazendo cartas avisando de batalhas perdidas, costumavam pagar com a vida.

Assim tentam agir alguns fanáticos.



Tentar acabar, desmoralizar, massacrar os jornalistas.

Se pudessem, mandavam sacrificar.

Tudo tem limite.

As minhas ameaças de morte pararam.

Talvez por eu ter passado o número do meu celular para as autoridades.

Continuo escrevendo sobre as regalias absurdas das organizadas.

As que promovem confrontos sangrentos, chacinas.

OS mortos apenas são contabilizados, fazem parte de uma triste estatística.

Vândalos e criminosos seguem infiltrados e as autoridades, coniventes.

Para não afetar milhares de pessoas que, a cada quatro anos, votam.

Afinal, elas representam o amor de milhões.

Que vereador, deputado, senador, prefeito, governador, presidente quer ficar contra as torcidas organizadas dos grandes clubes?

Nenhum.

A Ditadura Militar era especialista em repressão.

Em censurar.

Ela foi derrubada.

Não serão fanáticos que irão calar jornalistas brasileiros.

Seja em que área for.

André Hernan, Joanna Assis, Ana Thais Tiago Maranhão cumprem o seu dever.

Quem não gostar pode criticar.

Se eles estão presentes nas redes sociais é esse o risco.

Agora, quando as críticas viram ameaças, o trio tem outra obrigação.

Acionar as autoridades.

Tudo tem limite.

Até o fanatismo.

Tenho acesso às sujeiras do Palmeiras, Santos, Corinthians e São Paulo.

Tenho de me calar?

Fingir que elas não existem?

Não vou.

Cumpro a obrigação de qualquer jornalista.

Por enfrentar essas ameaças todos os dias só posso ser solidário.

Parabéns pela postura André, Joanna, Ana e Tiago...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 01 Apr 2016 16:05:17

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