Diante da apatia da CBF e da Federação Paulista de Futebol, diante das mortes envolvendo torcidas organizadas, o governo de São Paulo resolveu intervir. O secretário de segurança pública, Alexandre de Moraes, anunciou. A partir de agora, os clássicos envolvendo Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos terão torcida única, a do mandante. Até o final de 2016. Mesmo em eventuais finais que estes clubes conseguirem chegar. Como Libertadores, Copa do Brasil e, lógico, Campeonato Paulista. E Alexandre avisou que não ficará apenas nesta decisão. As torcidas também estarão proibidas de levar faixas e qualquer adereço que as identifique. Além de, a partir do Campeonato Brasileiro, ser vetada a venda de ingressos direto do clube para as organizadas. Alexandre de Moraes posa de moderno. Não é. Basta a comparação de alguns dados. Segundo a pesquisa Lance/Ibope feita em 2014, o Corinthians possui cerca de 27,3 milhões de torcedores. O São Paulo chega a 13,6 milhões. Palmeiras, 10,6 milhões. Santos, 4,8 milhões. A Gaviões da Fiel e Mancha Verde alegam chegar a 90 mil torcedores cada facção. A Independente teria 50 mil sócios. E a Torcida Jovem garante ter 45 mil integrantes. São 56 milhões de torcedores comuns engajados com esses quatro clubes. Fora os milhões de pessoas que torcem para outra equipe ou apenas gostam de futebol. Contra 275 mil. O efetivo do policiamento de São Paulo passa dos 89 mil soldados, de acordo com o IBGE.
A intervenção do secretário de Segurança Pública é uma declaração de incompetência. E medo. A Constituição deste país precisa ser modernizada. Pois ela trava o que é desejo claro da maioria da população. A extinção simples e pura desse expurgo chamado torcidas organizadas. Criadas para junta amantes do mesmo clube, atraiu marginais, traficantes, assassinos. Eles se infiltram sem o menor problema. As hipócritas autoridades deste país fazem de conta que não percebem. Afinal, são pressionadas por políticos para não interferir de verdade. Afinal, nenhum candidato a vereador, deputado, senador, governador e presidente quer descontentar milhões de torcedores. E medidas paliativas são tomadas. Para enganar a opinião pública, depois de morte causada por brigas entre as organizadas. Tivesse mais respeito ao cargo, o secretário de Segurança Pública faria algo óbvio. A identificação desses membros das organizadas. Qualquer academia vagabunda de bairro exige que o aluno coloque o indicador no leitor biométrico.
Lá aparecem os dados cadastrais, com foto e se foi paga a última mensalidade. Dura exatamente três segundos. O investimento seria irrisório diante do benefício. É possível encontrar leitores biométricos por R$ 100,00. Os clubes poderiam espalhá-los pelas entradas no estádio. Com isso, os que têm problemas com a polícia, que são muitos nas organizadas, já nem iriam aos estádios. O que seria o primeiro passo básico para a segurança. Alexandre de Morais deveria olhar para o Paraguai. Lá os torcedores alcoolizados são proibidos de entrar nos estádios. Policiais com bafômetros acabam com a farra. Aqui, ambulantes vendem pinga, cerveja, conhaque e até uísque com energético em volta dos estádios. Soldados fazem que não enxergam. Dentro, o lobby da cerveja venceu. Pelo menos, o teor alcoólico é menor.
Traficar drogas é crime? Espancar alguém é crime. Saquear lojas de conveniência é crime? Formação de quadrilha, com distribuição de cabos de enxada para massacrar a cabeça alheia é crime? Portar revólveres com a numeração raspada é crime? Portar facas de caça para furar o torcedor adversário é crime? Fumar maconha e cheirar cocaína em estádio é crime? Marcar brigas pela Internet é crime? Há infiltrados do PCC? Do Comando Vermelho? Então, por quê Alexandre de Moraes, a Polícia Civil não se infiltra para valer em todas as torcidas organizadas? E separa o joio do trigo. Tira e prende os criminosos das organizadas? Que raio de serviço de inteligência é essa da polícia paulista? O presidente Gaviões vai se encontrar com promotores de Justiça para discutir a paz entre as organizadas. Nas saída do encontro, ele é espancado e tem os seus dois braços quebrados. O principal suspeito da agressão é preso. Membro importante da Mancha Verde. E depois todos estranham quatro confrontos selvagens entre membros da Gaviões e Mancha, no primeiro Palmeiras e Corinthians depois da agressão. Isso você precisa responder, Secretário de Segurança Pública.
A torcida única é o triunfo dos vândalos. Ou alguém com meio neurônio não sabe que eles farão tocaia à torcida adversária nas estações de trem e metrô nos dias de clássico. Independente de quem é o mandante. Se existe apenas uma torcida, por quê a proibição das faixas? Por que nenhuma será admitida. Não só das organizadas. Mas aquelas protestando contra a Globo, contra políticos acusados de corrupção, CBF e Federação Paulista. A Gaviões, por exemplo, faz uma cruzada contra o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez. Acusado de envolvimento no escândalo das merendas. Ele pertence a que partido? Ao PSDB. Por sinal, do seu chefe, Alexandre de Moraes, o governador Geraldo Alckmin. A torcida única é uma facada no coração da emoção no futebol. Basta imaginar uma situação. Corinthians e Palmeiras chegam à final da Libertadores, no Itaquerão. O Palmeiras é campeão, com um gol de bicicleta de Zé Roberto. As arquibancadas farão um silêncio sepulcral. Digamos, que em acesso de loucura, Zé Roberto resolve ironizar os mais de 45 mil corintianos na arena. O que aconteceria? Ou a situação fosse contrária. O Corinthians vence a Libertadores na arena palmeirense. Com um gol de André. E, diante do silêncio, ele resolve imitar um porco? Em setembro de 2013, na Turquia, houve torcida única. Apenas a do Galatasaray. O time vencia o Besiktas por 2 a 1. O Felipe Melo foi expulso e resolver provocar os fãs do clube rival. Quase acontece uma tragédia. Houve invasão de campo. O volante brasileiro escapou ileso por sorte.
A Liga Inglesa, como lembra a ESPN, incentiva os torcedores visitantes. Estipula um teto máximo no preço dos ingressos, desconto nos trens, viagens gratuitas de carro. Tudo para que a emoção prevaleça. A legislação na Inglaterra é muito mais rígida em relação às organizadas. Mas a Polícia faz seu trabalho de prevenção nas estações de trens e metrôs. O por quê os policiais paulistas não fazem é um mistério. Depois estranham quando vagões são destruídos por vândalos. Torcida única é uma medida populista, vazia. E que prejudica os milhões de torcedores comuns. É preciso coragem, vontade política para identificar e prender os criminosos infiltrados nas organizadas. E quando políticos menos corruptos forem eleitos, a Constituição seja alterada. Mas só em relação às torcidas de futebol. Elas sejam banidas, extirpadas de vez. E os torcedores possam voltar a frequentar o estádio sem medo. Desde que pisar fora de sua casa, tomar o metrô ou trem. E também voltar em paz. Alexandre de Moraes precisa mostrar a sua força. E cortar na raiz a absurda ajuda governamental às organizadas. Aí é preciso acionar Fernando Haddad. Que o prefeito de São Paulo pare de dar dinheiro público aos desfiles das organizadas. No ano passado foram Mancha, Gaviões e Dragões da Real receberam nada menos do que R$ 746.734,28 cada uma. A Independente, R$ 422 mil. A Jovem e a Camisa 12, R$ 178 mil. E a TUP, R$ 59 mil. O dinheiro público do Carnaval tem um grande representatividade na vida das organizadas. Cadê coragem para negar? O futebol de São Paulo, do Brasil não precisa de torcida única. Mas de governantes que enfrentem a hipocrisia. O problema tem nome e sobrenome.
Torcedores organizados.
Eles são o entrave.
Tornam simples jogos de futebol em espetáculos de selvageria.
Se aproveitam da omissão e incompetência das "autoridades".
Todos sabem.
Mas não têm coragem de enfrentá-los de verdade.
Nem o estado mais rico deste país.
Por que será?
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Apr 2016 12:52:25
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