domingo, 3 de abril de 2016

Aberta a Caixa de Pandora do Itaquerão. O Corinthians pode perder o controle do estádio. E passar a ter de alugá-lo. A situação é muito séria. Por péssimo acordo com a Odebrecht e BNDES, o sonho virou pesadelo...

Aberta a Caixa de Pandora do Itaquerão. O Corinthians pode perder o controle do estádio. E passar a ter de alugá-lo. A situação é muito séria. Por péssimo acordo com a Odebrecht e BNDES, o sonho virou pesadelo...




Na mitologia grega, havia o jarro de Pandora. Ela era a primeira mulher criada por Zeus. O jarro continha todos os males que afligiriam o mundo. Estava tapado. Pandora fora avisada para não o abrir. Mas ela tinha um único defeito. A curiosidade. Lógico, que o abriu. E os males ganharam o planeta. Com o passar dos séculos, o jarro se transformou em caixa. Daí a expressão, quando um segredo é revelado, ser chamado de "Caixa de Pandora". E geralmente o que se descobre não é agradável. A situação se encaixa perfeitamente em relação a um segredo que a cúpula corintiana manteve por seis anos. Desde que, com a ajuda do ex-presidente Lula, o clube conseguiu que a Odebrecht se comprometesse a construir seu estádio. A desculpa para a intervenção do governo federal junto à sua empreiteira favorita era perfeita: a abertura da Copa do Mundo. Andrés Sanchez, apadrinhado de Lula, tomou à frente dos arranjos políticos. Teve a garantia que o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tiraria o Morumbi da abertura. E que Lula traria a Odebrecht. Assim nascia o Itaquerão. Sanchez garantiu a Emilio Odebrecht que a torcida do Corinthians pagaria o estádio o mais rápido possível. E sua visão do mundo foi limitada. Não levou em consideração a crise que dominava o planeta. Não enxergou que o Brasil viviam uma bonança econômica artificial, falsa. E que a bolha estouraria. Andrés foi feirante. Administrar uma barraca de verdura é muito mais simples do que uma obra de R$ 1,2 bilhão. Acabou por descobrir da pior maneira. Nos seus cálculos simplórios, ele conseguiria R$ 400 milhões do então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassad. O político viu a possibilidade de fazer enfrentar a rejeição da população paulista. Agradar milhões de corintianos. Ganhar fama com dinheiro alheio. E ofereceu R$ 420 milhões em CDIs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento). As empresas com dívidas com a prefeitura poderiam comprar esses certificados do Corinthians. Mas o Ministério Público percebeu o óbvio. O uso do dinheiro público em benefício de Kassab e do Corinthians. Fez o que pôde para evitar as vendas. O medo dominou os empresários e o CDIs ficaram travados pela justiça. Quando foram liberados, por muita pressão externa, estourou o escândalo do Lava Jato. Negociar algo que envolva um estádio construído pela Odebrecht é muito perigoso. E os papéis estão encalhados.

Para tentar motivar os compradores, foram negociados R$ 16,4 milhões de CDIs. Quem comprou? A própria Odebrecht. O que os tornou ainda menos atrativos. O medo de empresários paulistas segue enorme. Pela lógica simplória de Andrés, que bateu no peito e garantiu, ele conseguiria R$ 400 milhões em naming rights. Isso em 2010. Se conseguisse, como prometeu, ninguém o chamaria de Itaquerão. Cruzou o mundo e descobriu finalmente a crise mundial. Voltou de bolsos vazios. Depois três operários morreriam na construção acelerada do estádio. O que só piorou a situação. Neste ano meia tonelada despencou na área nobre da arena. Por sorte não havia jogo e ninguém foi ferido. Outra vez a história de naming rights foi enterrada. A terceira fonte de renda "garantida" pelo deputado federal Andrés seria explorar o amor dos corintianos. Não haveria erro. Os torcedores pagariam o que faltasse do estádio. Os ingressos seriam caríssimos, por contrato. Foram sonhados delirantes R$ 330 milhões por ano. Andrés tomou a decisão que todo o dinheiro da arrecadação iria ser enviado ao fundo que administra a dívida do Itaquerão. O prazo para que o empréstimo levantado junto ao BNDES para a construção do Itaquerão era de 15 anos. O sonho do economista Andrés era pagar em dez anos. Ou menos até. Apostando na arrecadação. Até aí, tudo era público. Mas os detalhes, não.

A sustentação artificial da economia do Brasil acabou. E a recessão atingiu a todos. O Corinthians está emaranhado no contrato para pagar sua arena. Desde 2014, os direitos de imagem e salários dos jogadores passaram a atrasar. O ápice foi no ano passado. Atletas e Tite ficaram dois meses sem receber. Alguns titulares, com oito meses de direito de imagem atrasados. Mas como, se o Itaquerão estava cada vez mais cheio? As contas eram mal explicadas pelo Corinthians. Tratadas como assunto interno, mesmo envolvendo dinheiro público. Pior é que nem os conselheiros ou sócios tinham acesso. O sigilo deveria ser mantido. Até para a estabilidade da própria diretoria do clube. Era a tal Caixa de Pandora. Faixas foram colocadas por membros da Gaviões até no comitê eleitoral de Andrés Sanchez. Tamanha era a revolta com o segredo das contas do estádio.

A revista Época conseguiu o contrato original. E de forma discreta foi revelado na semana passada. Os números são mesmo assustadores. Fui chegar com pessoas ligadas à parte econômica do clube. E a situação está realmente muito preocupante. O contrato é verdadeiro. Andrés bradava em R$ 330 milhões. Depois em R$ 150 milhões de arrecadação. Mas assinou o documento fixando em R$ 112 milhões. Com o valor reajustado pelo IPCA do ano anterior. Com o Corinthians tendo 15 anos para pagar o empréstimo. Com uma cláusula terrível. Se por três anos seguidos, o clube não atingir a meta mínima, perderá o controle do estádio. Em 2015, quando o acordo começou a valer, o Corinthians precisaria chegar em R$ 119 milhões (R$ 112 milhões mais o IPCA). O dinheiro que saiu do Itaquerão parou em R$ 90 milhões. As metas para os próximos anos são ainda maiores. Levando em conta a média de 6,4% do IPCA. Em 2016, deve ficar em R$ 124 milhões Em 2017, R$ 120 milhões. Em 2018, 2019 e 2020 a meta dobra. Essa cláusula é suicida. Ou seja, em cada um destes três anos, o dinheiro a ser pago chegará, no mínimo, em R$ 211 milhões.

Com o fracasso das CDIs e da negociação dos naming rights, o Corinthians terá de dilapidar seu patrimônio para tentar cumprir o contrato. Antecipar dinheiro da transmissão de tevê, venda de jogadores, patrocínios. O Corinthians está com os braços amarrados ao contrato. Vale a pena destacar a matéria apurada por Rodrigo Capelo.
"O ingresso não pode custar menos do que R$ 40 na arquibancada atrás do gol, nem menos do que R$ 150 de frente para o campo. Os camarotes mais valiosos, para 84 pessoas, não saem abaixo de R$ 1,5 milhão. Se o clube quiser baixar preços para adequá-los ao novo momento da economia do país, não pode. Se quiser vender dois espaços para um mesmo cliente e dar um desconto no segundo, não pode. O fundo diz as regras e as metas do jogo na operação. E o Corinthians aceita. É o contrato." Por isso, Andrés fica revoltado quando rivais como Palmeiras e São Paulo abaixam preços dos ingressos nos setores populares. O Corinthians não pode. Pelo preço caríssimo, as organizadas começaram a protestar contra o ex-presidente. O Palmeiras fez contrato diferente com a WTorre. Tem o valor total da arrecadação. E a construtora explora a arena por 30 anos.
A Odebrecht não terminou áreas corporativas, camarotes não foram vendidos. A recessão conspira contra. A situação é muito séria. O Corinthians busca o congelamento do pagamento do Itaquerão. Mas o fundo não é obrigado a aceitar. E o clube pode chegar a uma situação terrível. Que explica porque os sócios e conselheiros não tinham detalhes. O contrato sigiloso mostra. O Itaquerão pode passar a ser controlado pelo fundo BRL Trust.

E ele poderia vender o estádio.

O Corinthians teria de alugá-lo para jogar.

Não é uma hipótese descartada, longe disso.

Até a previsão das arrecadação nos próximos anos é terrível.

"Apenas" R$ 70 milhões.

Mesmo em caso de sucesso na Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil.

Para piorar a situação, Corinthians e Odebrecht romperam.

As duas diretorias só se comunicam por advogados.

A empolgação de Andrés em 2010 virou desespero.

A diretoria corintiana está travada.

Não sabe o que fazer para pagar o estádio de R$ 1,2 bilhão.

E os juros não param de subir.

Assim como a arrecadação, de cair.

Esta aberta a Caixa de Pandora do Itaquerão.

Este é o problema quando o Corinthians passou a ter um dono...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Apr 2016 11:58:13

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