sábado, 30 de abril de 2016

O real motivo que Dunga convocar a Seleção sem David Luiz, Thiago Silva, Marcelo e Jefferson. Falta de confiança. Não só para a Copa América. Se o treinador continuar, o quarteto deve ficar de fora da Copa de 2018...

O real motivo que Dunga convocar a Seleção sem David Luiz, Thiago Silva, Marcelo e Jefferson. Falta de confiança. Não só para a Copa América. Se o treinador continuar, o quarteto deve ficar de fora da Copa de 2018...




Dunga faz questão de ser superficial nas suas resposta. Deixa a conclusão para os jornalistas ou para quem acompanha suas coletivas. Frases curtas, previamente treinadas, pensadas. Ele é hoje um homem com profundas cicatrizes. Sabe que precisa se controlar diante da imprensa, da opinião pública. Chegar ao comando da Seleção Brasileira pela segunda Copa é a razão pela qual acorda todos os dias. E para entender o que se passa de verdade na sua cabeça, desconstruir seu pensamento, só apelando. E usando a pessoa que passa horas e horas conversando com ele. Dois gaúchos no luxuoso bunker que Ricardo Teixeira construiu na carioquíssima Barra da Tijuca. Entrevistei por duas horas Gilmar Rinaldi no ano passado. E ele deixou escapar várias frases fundamentais sobre Dunga. A principal, ouvindo novamente a longa gravação, foi direta. "Cosme, você pode ter certeza. Estamos fazendo uma peneira e levaremos para a Copa um grupo forte, capaz de representar com dignidade o futebol brasileiro. Jogadores com potencial e que estejam plenamente integrados na nossa filosofia de trabalho. Atletas que nós confiamos. Em todos os sentidos." "Confiança" essa palavra se significado tão amplo, mas ao mesmo tempo com tantas implicações. Ela está por trás da lista dos 40 nomes que Dunga pré-selecionou para a disputa da centenária Copa América nos Estados Unidos. Competição que antecede à sua trajetória à frente da Seleção Olímpica. Nem tanto as presenças que tanto chamam a atenção como a de Paulo Henrique Ganso, Fagner, Casemiro, Lucas, Jonas, Kaká. Mas as ausências. Elas explicam muito mais. São reveladoras. E todas estão relacionadas à confiança.

As principais são três quatro. E com potencial para serem definitivas. Se a convocação para a Copa do Mundo da Rússia fosse hoje, David Luiz, Thiago Silva, Marcelo e Jefferson não estariam entre os eleitos. A surpresa maior para muitos veículos de comunicação foi David Luiz. O zagueiro mais caro da história. Foi comprado do Chelsea pelo PSG por 55 milhões de euros, hoje perto de R$ 216 milhões. Dunga se cansou. Não de suas falhas, de sua falta de velocidade na cobertura dos laterais, da falta de explosão muscular, garantia de antecipações por baixo e pelo alto. Nem da sua falta de atenção na linha de impedimento. David Luiz é um jogador desobediente. Não, ele parou de chorar no hino nacional, de tirar selfies fazendo caretas com o uniforme da Seleção. Dunga não o perdoa mais por abandonar a posição de zagueiro para se transformar em volante. Se infiltrar no campo adversário. Querer se transformar no herói da Seleção, quando o Brasil está perdendo um jogo. Foi assim nos 7 a 1 contra a Alemanha e segue sendo assim com Dunga. O treinador não quer mais essa instabilidade psicológica. Essa obrigação de virar o jogo contra a Alemanha toda vez que coloca a camisa amarela. David Luiz tem muitos recursos técnicos. Mas é um atleta traumatizado. E que não desperta mais a confiança do treinador. Ele já tinha tomado uma atitude que desagradou Dunga. Logo após a vitória contra os Estados Unidos, por 4 a 1, convidou um pastor amigo para um culto evangélico. No hotel onde o Brasil estava concentrada, em Boston. As imagens ganharam o mundo. O treinador ficou absolutamente revoltado. "A Seleção não é um local de exposição religiosa, política. Estamos representando o nosso país. Não concordo com o que aconteceu", desabafou. Dunga já havia sofrido cobrança forte da CBF pelos encontros religiosos de Jorginho, então seu auxiliar, na Copa da África. A relação com David Luiz esfriou.

Dunga pensou demais na decisão de não chamá-lo para a Copa América. Buscar outra dupla de zaga. Mas precisava tomá-la. Gilmar Rinaldi mostra os frios números. David Luiz foi convocado para os seis jogos das Eliminatórias. Disputou três. Foi cortado por contusão contra a Venezuela. Mas os outros dois jogos não atuou por cartões infantis. Foi expulso contra a Argentina, não enfrentou o Peru. Tomou segundo amarelo contra o Uruguai e não atuou diante do Paraguai. Dunga perdeu a confiança em David Luiz.

O segundo jogador causa ainda mais comoção na imprensa europeia. Thiago Silva. O zagueiro que o Barcelona está cobiçando tirar do PSG. Dunga diagnosticou desequilíbrio emocional, uma culpa enorme que se arrasta desde que era capitão da Seleção na amaldiçoada Copa de 2014. Ele não se recuperou até hoje. Ao colocar a camisa amarela é como se revivesse a frustrante campanha do time de Felipão. Se considera responsável pela vergonha que causou a milhões de compatriotas. O IBGE apontava 204 milhões de brasileiros há dois anos. Dunga foi perdendo a confiança em Thiago Silva primeiro fora de campo. Ao tirar a tarja de capitão, o zagueiro reclamou. Queria explicações prévias. Algo inaceitável para o treinador. Depois, não reagiu bem às normas do fim do que o treinador chamou para amigos gaúchos de "frescura". As selfies, as lágrimas, a virada de costas para uma decisão por pênaltis. O treinador e o coordenador avisaram a todos. Mas o recado era direto a Thiago Silva. Veio a Copa América do ano passado, no Chile. A que valia a confirmação que o time não era bom apenas nos amistosos. Mas foi só começar a disputa para valer e a equipe naufragou. O pênalti absurdo de Thiago Silva ao socar uma bola levantada na área e proporcionar o gol aos paraguaios, já quase provoca um enfarto de raiva em Dunga. Depois, veio a explicação mais absurda que ele ouviu do próprio jogador. "Fui eu quem fez o pênalti? Eu? Não me lembro."

Ou seja, a tensão foi tão grande por ser culpado novamente, que ele teve um lapso de memória. Dunga não quer um psicólogo na Seleção. Tem medo que ele vaze o que ouvir dos jogadores. Então ele mesmo assumiu ser um seguidor de Freud, Reich, Jung, Lowen. Decidiu que o trauma era grande demais. E decidiu esquecer de vez Thiago Silva. Ele que brilhe no PSG, no Barcelona, no Bayern, no Manchester City. Na Seleção, não. Com isso, Dunga se livra de dois símbolos do fracasso da Copa de 2014. Tira a desesperança. A desconfiança do time que escalar representando o Brasil. O terceiro caso é menos psiquiátrico. Mais boleiro. Marcelo. O treinador já tem problemas com o lateral esquerdo do Real Madrid há muito tempo. O considera egocêntrico. Indisciplinado taticamente. Com ótimo potencial ofensivo. E fraco na hora de marcar. Compromete o sistema defensivo. Só que seu esquecimento vai além. O treinador não perdoou ele se calar diante do impasse em relação aos jogos contra o Uruguai e Paraguai. Dunga disse que não o chamou por estar contundido. A direção do Real Madrid e Zidane humilharam o treinador garantindo a perfeita saúde de Marcelo. O técnico brasileiro disse que apresentaria provas do departamento médico. Um recado que a direção do time espanhol avisando a contusão de Marcelo. Só que este recado não existia. O médico Rodrigo Lasmar acabou expondo a confusão. "O Dunga se confundiu um pouco. Eu conversei com o Marcelo diretamente. Antes da convocação, o contato é muito mais detalhado do que em mensagens por WhatsApp. Na véspera, eu liguei para o jogador e perguntei em que condição ele se encontrava. Havia dois jogos que ele não era nem relacionado por problema médico. Na recuperação da lesão no ombro, ele acabou sofrendo uma na panturrilha. Ele disse que estava se recuperando bem. Chamar o jogador ou não cabe ao treinador."
Dunga errou. Não o chamou porque não quis. E tanto o clube espanhol e o jogador não validaram sua tese. Esperava que o lateral procurasse defendê-lo. Mas houve apenas o silêncio. O técnico não perdoou Marcelo. E quer investir para valer, e de vez, em Filipe Luís. Não confia em Marcelo. Outro que muitos consideram responsável pelos 7 a 1. Os germânicos deitaram e rolaram nas suas costas no Mineirão.
E o quarto ausente é Jefferson. O goleiro do Botafogo era a sua grande aposta ao reassumir a Seleção. Até falhar na derrota para o Chile por 2 a 0 nas Eliminatórias. Perdeu a posição. Alisson já estava no seu lugar contra a Venezuela. Há um pacto que Dunga exige dos seus atletas. Ninguém, sob hipótese alguma, pode reclamar por perder a posição. Em respeito ao companheiro, ao treinador, à Seleção. Jefferson caiu em tentação no programa Bem, Amigos. "Não digo injustiçado, talvez seja uma palavra muito forte. Mas não esperava, até pelos meus números na seleção brasileira. Goleiro é uma posição de confiança do treinador, e particularmente nunca usei imprensa para me defender ou acusar alguém, e sempre mostrei dentro de campo meu potencial. Acho que poderia ter me dado um pouco mais de crédito." Bastou. Dunga ficou revoltado ao saber da queixa. E decidiu que não contaria mais com o goleiro. Perdeu o quê? Sim, a confiança. Esses quatro jogadores, fora da lista dos 40 pré-convocados para a Copa América, sabem. Dificilmente terão outra chance na Seleção. Não com Dunga. O técnico quer atletas que possa contar em qualquer instante. David Luiz, Thiago Silva, Marcelo e Jefferson o decepcionaram. O treinador sabe que corre o risco de demissão.

O Brasil está em sexto nas Eliminatórias.

Não conseguiu vaga para disputar a Copa das Confederações em 2017.

Está em rota de colisão com a TV Globo.

Marco Polo del Nero quer a conquista da Copa América e Olimpíada.

A sombra de Tite é uma realidade.

A pressão é imensa.

E nesta hora, Dunga quer jogadores absolutamente confiáveis.

Este quarteto não é.

Por isso ficou fora da Copa América.

Se o treinador seguir, tem remotas chances de disputar a Copa de 2018...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Apr 2016 12:15:57

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