quarta-feira, 6 de abril de 2016

Exclusivo. Marco Polo quer acabar com licença e reassumir a presidência da CBF. Acredita que o FBI e a Fifa o esqueceram. Só a Globo o rejeita. Para resolver a questão, pode dar o cargo a Tite...

Exclusivo. Marco Polo quer acabar com licença e reassumir a presidência da CBF. Acredita que o FBI e a Fifa o esqueceram. Só a Globo o rejeita. Para resolver a questão, pode dar o cargo a Tite...




Marco Polo del Nero é muito prático. Advogado astuto, meticuloso. Foi escolhido por essas qualificações pelo falecido presidente da FPF, Eduardo José Farah. Era o contraponto para conter a ansiedade, a impulsividade de Farah. Foi assim que Del Nero foi agindo e criando alianças. Até que o então dirigente comprou briga escancarada com a Globo e acabou renunciando. A saída do poderoso Farah deixou cicatrizes na personalidade de Marco Polo. Ele percebeu todo o poder da emissora carioca. Não só no mundo da política como também do futebol. Farah caiu porque resolveu peitar a Globo. 13 anos se passaram desde que assumiu a Federação Paulista. Ficar bem com a emissora que tem o monopólio do futebol neste país é uma das suas razões de viver. A relação da Globo com os presidentes da CBF sempre foi íntima. Ricardo Teixeira cansou de viajar de jatinho com Marcelo Campos Pinto, o ex-responsável pelo futebol na emissora. Campos Pinto era recebido na CBF na hora que quisesse. Almoçou, jantou, tomou café da manhã com José Maria Marin. E também com Marco Polo. Essa maneira íntima e pública de se relacionar com os dirigentes da CBF era um exagero até para a Globo. E ele se aposentou no ano passado. Desde maio do ano passado, quando Marin foi capturado na Suíça e extraditado para os Estados Unidos, onde espera julgamento, Marco Polo não viajou mais. Não saiu do Brasil. E perdeu reuniões fundamentais para a Seleção e para a Globo, como o sorteio das Eliminatórias. Pela primeira vez, a emissora não teve um presidente da CBF brigando pelas datas e horários que a interessavam. Marin foi aconselhado por advogados especializados em direito internacional. A não sair do território nacional. E não se curvou aos desejos da Globo. Galvão Bueno, voz oficial da emissora, o criticou abertamente. Marco Polo se fez de surdo. Mas não teve como fingir não saber das acusações formais do FBI e do Departamento de Justiça Norte-Americano. A procuradora-geral Loretta Lynch o colocou entre 16 dirigentes da Fifa que teriam recebido cerca de R$ 800 milhões em propinas. O aviso que estava sendo investigado nos Estados Unidos aconteceu na manhã do dia 3 de dezembro. Como um enxadrista, há havia previsto o que aconteceria. Pediu licença na mesma noite. E levou para o seu lugar, o deputado federal capixaba pelo PP, Marcus Antônio Vicente. Só que seu reinado durou pouco. Ele queria mostrar independência, proximidade com a Globo e acabou caindo. Marco Polo reassumiu só para colocar no cargo o coronel Antônio Nunes, presidente da Federação Paraense e homem de sua total confiança.

Marco Polo conseguiu grandes vitórias nos bastidores. Na Justiça obteve a certeza que o Brasil não cooperará com os Estados Unidos na sua investigação. Conseguiu no Supremo Tribunal Federal que os contratos dos patrocinadores da CBF não se tornassem públicos. E nem chegassem à CPI. Aliás, foi depor na CPI do Futebol. Foi provocado, ofendido, humilhado pelo senador Romário. Manteve a calma e prometeu voltar à presidência da CBF já que nada contra ele foi provado. Dezembro passou e Del Nero se mostra cada vez mais confiante. Passou a frequentar abertamente a CBF. E tomas as decisões mais importantes. Como a de ontem, ao avisar Gilmar Rinaldi e Dunga que os dois precisam dar uma resposta na Copa América dos Estados Unidos e nas Olimpíadas. Não aceitará dois fracassos. Como o blog vem avisando há tempos, a Globo não o perdoa por não ter participado do sorteio das Eliminatórias. E nem por escolher Dunga, considerado o responsável pelo Brasil ter sido eliminado das quartas-de-final da Copa América. E promovido enorme prejuízo para a emissora, com a não participação na Copa das Confederações.

"Eu pensei que ele não estava mais mandando na CBF, porque afinal de contas ele está sendo investigado, está sendo indiciado e está licenciado, mas já que falei na reunião de amanhã, segundo as minhas fontes, e devem ser respeitadas, porque está na Constituição. Nessa reunião, a minha fonte diz que ela será presidida pelo Coronel Nunes, que é o presidente em exercício. "Terá a presença do Fernando Sarney (representante brasileira no Comitê Executivo da Conmebol e da Fifa), pelo Rogério Caboclo (CEO da CBF) e, diz a minha fonte, que o Marco Polo del Nero estará na reunião da CBF. Mas ele não está sendo investigado e está licenciado? Isso é normal? "É legal? Eu não sou advogado, mas eu acho que não é ético. Na cabeça do povo brasileiro neste momento não cabe essa coisa. Eu não consigo entender o Marco Polo del Nero presente ainda."

As palavras foram de Galvão Bueno, na última segunda-feira, no seu programa Bem, Amigos. Ético ou não, Marco Polo presidiu de fato a reunião. E passou pessoalmente o ultimato a Dunga e a Gilmar Rinaldi. Ou o Brasil vai muito bem na Copa América e conquista a medalha de ouro na Olimpíada ou acabou. Para fazer média com a Globo e com a população, Del Nero pensa mesmo em Tite. Já faz quatro meses e três dias que Marco Polo foi denunciado pelo FBI. Se licenciou, voltou tirou Marcus Vicente, calou Delfim Peixoto, colocou o coronel Nunes. E se licenciou novamente. Mas para desespero da Globo e sua voz oficial, Galvão Bueno, Marco Polo del Nero está criando coragem. O grupo de advogados internacionais e pessoas ligadas à Fifa e à Conmebol o têm tranquilizado. Se o novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, quisesse já o teria banido do futebol. Desde novembro do ano passado, o Comitê de Ética da Fifa o investiga. Cinco meses e nada de prático. Depois de colocar Nunes no seu lugar, Marco Polo saiu de licença. Dia 7 de janeiro. A princípio seria de três meses. Prorrogáveis por mais três, se desejar. Ele acredita que a temperatura política contra Del Nero diminuiu. No FBI, no Departamento de Justiça dos Estados Unidos e na Fifa. Que realmente podem tirá-lo do cargo. Só a Globo o quer ver longe.

Aos 75 anos, Marco Polo já avisou aos seus aliados que o pior já passou. E pensa firmemente em voltar a ser presidente da CBF. De fato e de direito. Porque na prática continua tão forte como sempre. Só que ele quer desfrutar do cargo às claras. E, para desespero de Galvão, esta decisão está próxima de ser tomada. Para acalmá-lo, a Seleção pode ser oferecida a Tite, como sonha o narrador. "Fui eleito legalmente e ninguém provou nada contra mim." Esse é o mantra que repete aos seus aliados ao chegar na CBF. Se o FBI e a Fifa não agirem ficará por muito tempo no poder. Seu mandato termina em abril de 2019. Com direito a concorrer até a uma reeleição. De mais quatro anos, até 2023. Com 82 anos. Quem ainda duvida do que Marco Polo del Nero é capaz?




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Apr 2016 13:17:43

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