sábado, 6 de agosto de 2016

Depois da decepção contra a África do Sul, Tite fará uma 'intervenção branca' na Seleção Olímpica. Necessária e importante para o inexperiente Micale. Em jogo, o ouro e o resgate do futebol brasileiro...

Depois da decepção contra a África do Sul, Tite fará uma 'intervenção branca' na Seleção Olímpica. Necessária e importante para o inexperiente Micale. Em jogo, o ouro e o resgate do futebol brasileiro...




Brasília... Tite não esteve em Brasília. Não acompanhou o frustrante 0 a 0 contra a África do Sul. Não estará também amanhã, no Mané Garrincha, contra o Iraque. O treinador da Seleção Brasileira viajou para acompanhar amistosos importantes. Mas soube do fracasso. Na quarta-feira, viu nos Estados Unidos, a vitória do Real Madrid contra o Bayern. Estará hoje em Wembley para Barcelona e Liverpool. E amanhã, West Ham e Juventus. Foi fazer observações para a convocação para os importantes jogos diante do Equador, em Quito, e contra a Colômbia, em Manaus, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas estará de volta ao Brasil para seguir o time olímpico de Rogério Micale. E fará uma "intervenção branca". Já prevista, mas que se mostrou necessária. As duas visitas que Tite fez ao time se mostraram insuficientes. Ele ajudará o inexperiente técnico na fase decisiva da busca pela medalha de ouro. Tite precisa que o Brasil consiga fazer uma campanha importante, saia com moral desta Olimpíada. Quer marcar o início de novo ciclo, depois da decepção na Copa do Mundo de 2014 e dos vexames nas Copas América do Chile e dos Estados Unidos. A medalha de ouro seria não só o fim do tabu, a conquista de um título inédito. Mas o recomeço de uma caminhada. Logo no primeiro teste para valer, no jogo inicial, a frustração do 0 a 0 contra a África do Sul. Adversário muito mais fraco tecnicamente. E que ficou 34 minutos com um jogador a menos. E mesmo assim, o time de Neymar não conseguiu sair do 0 a 0.

A possibilidade de "intervenção branca", de Tite na Seleção Olímpica, foi aberta logo que o ex-corintiano foi escolhido como treinador da principal. Como sucessor de Dunga, ele teve a opção de optar em também comandar o Brasil durante os Jogos do Rio. Mas Tite fez a opção inteligente. Não se deixou seduzir, não mostrou a ganância de Dunga. Não quis o cargo. Preferiu que Micale, técnico vice campeão mundial sub-20, seguisse com os garotos. Apenas o ajudaria quando fosse necessário. Dessa maneira, Tite estará sempre protegido. Não se desgastará em caso de perda outra vez do ouro. Porque a decisão final será sempre de Micale. E ganhará os louros se houver a conquista da medalha. Porque sua contribuição não deixará de ser notada pelos veículos de comunicação. Micale está precisando de ajuda. O treinador deixou claro que sentiu demais a pressão da estreia na Olimpíada. Ele deixou de treinar garotos, como faz há 17 anos, e de repente se viu no comando de jogadores consagrados que só conhecia pela televisão, como Neymar, Marquinhos, Renato Augusto. E com 13 dias para fazer montar um time, com a obrigação de conseguir o ouro, diante da torcida brasileira. A equipe já havia mostrado instabilidade no amistoso contra o Japão. Principalmente no segundo tempo. Micale relevou, apostou que tudo estaria melhor diante dos sul-africanos, quando fosse para valer. Só que tudo foi muito pior. O time não respondeu aos seus comandos táticos. Os conceitos modernos, treinados em "revolucionárias" faixas brancas esticadas pelo gramado, não deram certo. Foi pouco tempo demais de preparação. A equipe transpirava insegurança. Diante de um esquema simples defensivos, de duas linhas, os brasileiros não souberam fazer a bola rodar. Não tiveram infiltrações. Triangulações pelo lado. A marcação alta foi falha.

A tensão dominou os jogadores. Neymar se mostrava desgastado fisicamente, sem forças para driblar os zagueiros, Gabriel Jesus, encaixotado, pela defesa adversária, Gabriel tentando definir o jogo abandonando a direita e buscando a bola na intermediária. Renato Augusto lento, destoando da velocidade improdutiva de Felipe Anderson. Thiago Maia sem saber se defendia ou atacava. Zeca e Douglas Santos presos. Tudo estava dando errado, ao contrário do que Micale esperava. E, em pé, em frente ao banco de reservas, ele gesticulava, gritava. Tentava chamar seus jogadores. Mas eles não reagiam. Pioravam. 34 minutos com um atleta a mais, depois da expulsão do volante Mvala, faltava consciência tática para troca de bola efetiva. Ficou nítido o nervosismo e abatimento contagiou o treinador. Ele não teve como passar segurança, vibração e, mais importante, mudanças táticas significativas, importantes ao time. As entradas de William e Rafinha não melhoraram deixaram o time mais rápido. Não objetivo. E quando Luan entrou no lugar de Felipe Anderson, tudo ficou pior. Porque o Brasil passou a adotar um esquema tático ultrapassado, dos anos 70. O 4-2-4. Apenas dois jogadores no meio de campo, Thiago Maia e Rafinha para quatro atacantes.

O que aconteceu? Mesmo com um jogador a menos, a África do Sul travava o jogo na intermediária, onde tinha mais que o dobro de atletas em relação aos brasileiros. Seu 4-5-0 funcionou para segurar o empate. Tite e o coordenador Edu Gaspar calcularam a viagem para Estados Unidos e Europa e retorno a tempo de acompanhar Micale. Apostavam que o jogo mais importante da fase de grupo seria a Dinamarca, quarta-feira, dia 10. Acreditavam na vitória contra os sul-africanos e, principalmente, amanhã, diante dos fracos iraquianos. Nem mesmo uma goleada neste domingo, aqui no Mané Garrincha, afastará Tite da Seleção Olímpica. Micale já demonstrou na estreia toda sua falta de vivência em competições importantes envolvendo jogadores profissionais. O que é absolutamente compreensível. Ele nunca lidou com esse tipo de situação. A pressão está muito acima do que ele esperava. As vaias ao seu time ainda ecoam no Mané Garrincha. Tanto que pelo time ter ido muito mal na quinta-feira, demonstra cair em um erro banal. A de que, se mexer na escalação, trairá seus conceitos táticos, que foram expostos à imprensa nacional. Sente que passaria insegurança à opinião pública.

O jogo contra o Iraque caminha para ser uma grande armadilha. O adversário deixou explícito, no empate em 0 a 0 contra a Dinamarca, o quanto seu futebol é fraco. Jogadores atuam em um futebol semiamador. O país está devastado por guerras há décadas. E agora enfrenta o terror do Estado Islâmico. Para dar oportunidade a todos os povos, a Olimpíada abre vaga para o terceiro colocado da Ásia. Foi esta a vaga dos fracos iraquianos. O Brasil de Micale tem todo o potencial conseguir uma goleada. Mas o que não será grande mérito diante do fraco rival. As previsíveis poses na celebração dos gols, os desabafos, o ufanismo de narradores, a euforia sem responsabilidade da torcida, podem contagiar o criticado grupo e entusiasmar um inexperiente técnico. A Dinamarca também é fraquíssima e também capaz de um resultado ilusório. E a partir daí, os perigosos jogos eliminatórios nas quartas, semi até chegar à sonhada final no Maracanã. Será quando a Seleção Olímpica precisará de Tite. Com ele é provável que sejam revistos conceitos vitais. Como manter apenas três jogadores no meio de campo. Micale necessita da vivência do treinador da Seleção principal. A intervenção branca não será demérito. Mas esperteza, se compreendida.

Se o Brasil ganhar, a vitória será divida.

Micale entrará no mercado dos clubes grandes profissionais.

Ou se firmará como treinador permanente do Brasil sub 23.

Tite terá o otimismo, o resgate da torcida e da imprensa.

Já uma eventual derrota, a perda do ouro terá um só pai.

O inexperiente Mário Rogério Reis Micale...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Aug 2016 08:48:22

Nenhum comentário:

Postar um comentário