sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Prováveis goleadas contra Iraque e Dinamarca não podem iludir. A Seleção Olímpica de Micale tem graves problemas. E que precisam ser corrigidos. Se for preciso, Tite tem de ajudar...

Prováveis goleadas contra Iraque e Dinamarca não podem iludir. A Seleção Olímpica de Micale tem graves problemas. E que precisam ser corrigidos. Se for preciso, Tite tem de ajudar...




Brasília... A assessoria de imprensa da CBF se apressou em dizer, ontem, que não haveria folga. Depois da decepção de ontem, o empate em 0 a 0, os jogadores da Seleção Olímpica não estariam liberados para suas baladas. Seriam obrigados a dormir no luxuoso hotel Windsor Brasília, com suas cama king size. A diária no cinco estrelas, no apartamento mais simples, sai por R$ 416. Rogério Micale, visivelmente abalado, pelo empate e frustração dos torcedores e da imprensa, decidiu que haverá um treinamento às 16 horas. A TV Globo Brasília divulgou o local, CT dos Bombeiros. Mensagem cifrada para os torcedores "seguirem dando seu apoio". A questão vai muito além de "apoio" de torcida. Ou da frustração de jornalistas com a promessa de nova revolução no futebol brasileiro, feita pelo técnico da Seleção Olímpica. "Tenho de avaliar várias situações. Análise mais fria sobre o jogo. Preciso de tranquilidade. Há trabalho realizado, um conceito de jogo estabelecido. E não será em razão de um empate que vamos mudar tudo o que trabalhamos", avisava Rogério Micale, sinalizando que não se mostrava disposto a mudar o time.

A fragilidade de Iraque e de Dinamarca, duas equipes muito piores do que a África do Sul, pode disfarçar. Duas prováveis goleadas não podem iludir ninguém. Principalmente o treinador. Há problemas graves na Seleção Brasileira. Japão e África do Sul mostraram que a utopia de formar uma equipe aberta, ofensiva, em apenas 15 treinos. E ainda disputar uma competição com obrigação de ganhar. O 4-3-3 de Micale tem se mostrado fácil de ser contido. A começar pelo lado numérico. Os japoneses e sul-africanos montaram duas linhas de quatro jogadores nas intermediárias. Muitas vezes até de cinco, sem posicionar ninguém no ataque. O 5-5-0 previsto por Parreira, década atrás. E conseguiram encaixotar o meio de campo brasileiro, isolar o sonhado trio de atacantes, Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar. O Brasil tinha a posse de bola, mas não tinha como penetrar. Zeca e Douglas Santos ficaram intimidados, não queriam roubar espaço de Gabriel e de Neymar. E a Seleção não teve jogadas pelos lados do campo.

Com o tempo passando, a pressão da torcida e a marcação da África do Sul prevalecendo, Neymar e Gabriel tiveram a mesma reação. Passaram a tentar decidir o jogo sozinhos. Pegavam a bola e tentavam partir para o drible. Abrir espaço a força. O que deixou tudo mais decepcionante ainda. Eram desarmados seguidamente. Gabriel Jesus enfiado entre os zagueiros, lembrava Fred na Copa do Mundo de 2014. O esquema de Micale está matando o jovem jogador do Manchester City. Ele é um meia atacante ágil que decide jogos vindo da intermediária, não um pivô ou um grande cabeceador. Ele quer se firmar na Seleção e respeita demais as determinações de Micale. Passou os 90 minutos preso, sem ter onde se movimentar. Não cai pelas pontas para não "roubar" o espaço de Gabriel ou de Neymar. Não recua para a intermediária ofensiva. Ela pertence a Felipe Anderson ou Renato Augusto. Ou seja, em um latifúndio, Gabriel Jesus tem uma quitinete. Para atuar dessa maneira, Luan seria mais útil. Melhor cabeceador, mais alto e especialista em fazer o pivô. Só que tirar Gabriel Jesus seria repassar a culpa no atacante por ter perdido um gol feito, chutado a bola na trave, sem goleiro, diante da África do Sul. Gabriel Jesus é muito querido pelo grupo. Sua eventual saída provocaria muitas reações. Poderia levar insegurança aos demais jovens atletas. Ficaria claro que uma má atuação custaria a posição de titular. Outro problema grave está no meio de campo. Thiago Maia, Renato Augusto estão sobrecarregados. E, Felipe Anderson, isolado. Ou seja dois jogadores têm a função de sair com a bola com qualidade. E ainda marcar, travar os adversários. A situação tem um agravante. Renato Augusto não está "se encontrando" com os companheiros. "O time é muito rápido, a garotada está acostumada a tocar a bola de primeira. Mas muitas vezes não dá. É preciso ter calma. Ainda mais neste gramado ruim do Mané Garrincha. É preciso jogar com dois toques. Um para dominar a bola e o outro para passar", tenta justificar.

Ficou cristalina a diferença com a entrada de Rafinha. Os problemas graves seguiram no meio de campo, mas pelo menos, o time teve mais fluência. Tocou mais rápido a bola. Houve mais agilidade na equipe. Com a determinação de ditar o ritmo do Brasil e, de vez em quando, dosar a correria, Renato Augusto está exagerando. Tornando a Seleção lenta. Essa é a situação típica que precisaria de tempo para ser ajustada. Mas é tudo o que o Brasil não tem. A próxima partida será já no domingo. Hoje o treinamento será leve. Movimentação para valer, só amanhã, véspera do jogo. Renato Augusto teria experiência para sair do time e não cair na depressão. Se Rafinha entrasse, o "conceito" de Micale seria mantido. Zeca e Douglas Santos precisam atacar. Com três meias no meio de campo, os dois têm medo de tomar bolas nas costas, ficarem sem cobertura. Mas não há saída. Se o Brasil quer vencer seus jogos e enfrenta times com mais jogadores no meio de campo, precisa das pontas. Isso é básico. O último problema sério é Neymar. O capitão do time se mostra sem poder de reação. Travado. Seus dribles, passes inesperados, arrancadas não surgiram. Nem contra japoneses e sul-africanos. Foi marcado, anulado com facilidade. Mesmo quando estava, como gosta de dizer Micale, "um contra um". Ele diante de um zagueiro adversário. E no segundo tempo tem cansado. Mesmo assim, insiste em prender a bola, tentar a jogada individual. Como o 4-3-3 tem se mostrado utópico, ele se sente com a responsabilidade de decidir. Só que não tem mostrado explosão muscular.

"O Neymar é diferenciado. Sabe o que significa para a Seleção. Está vindo de um longo período de férias. Vai crescer durante a competição", defende Micale. O Brasil está sofrendo com o pouquíssimo tempo de preparação. Postura amadora para quem se impõe a obrigação de ganhar o ouro. Ninguém pode assumir publicamente. Já começaram as Olimpíadas. A saída será muita conversa. Não há como forçar os treinamentos após e antes dos jogos. O erros estão evidentes. São graves. E há uma armadilha pela frente. Duas prováveis goleadas contra Iraque e Dinamarca. Elas não podem iludir ninguém. Nem ser desculpa para mais folgas e farras até amanhecer o dia. Micale tem de ser firme e racional. Se preciso for, que Tite o ajude. Não é hora para constrangimento. O futuro do futebol brasileiro está em jogo...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Aug 2016 09:25:10

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