Brasília... Em Londres foi a mesma coisa. Antes de começar a Olimpíada, José Maria Marin, se reuniu com o grupo de jogadores. O capitão era Thiago Silva. A estrela nascente era Neymar. Ele foi direto. "É tudo ou nada. A CBF vai pagar 100 mil dólares a cada um dos 18 jogadores. Mas só pelo ouro. É para isso que estamos aqui na Inglaterra. Se ele não vier, não há premiação." Foi assim, direto, que os atletas souberam que a prata, depois da derrota para o México, não teria recompensa financeira alguma. Pelo contrário. A Olimpíada de Londres foi considerada mais uma derrota para a história do futebol brasileiro. Mano Menezes perdeu seu emprego naquele sábado, 11 de agosto, em Wembley. Participei da coletiva e vi o quanto o treinador estava lívido. Roberto Thomé, repórter da TV Record, já anunciava Felipão como treinador do Brasil na Copa. Os jogadores, envergonhados, não tinham coragem de reclamar da falta de premiação pelo segundo lugar. Voltaram para os clubes e cada um seguiu o seu destino. A premiação para a Olimpíada no Brasil já foi tornada pública em todos os outros esportes.
O Comitê Olímpico do Brasil dará R$ 35 mil para quem conquistar medalha em esportes individuais. Nos esportes coletivos, o prêmio será de R$ 17,5 mil para cada atleta. Menos o futebol masculino. A assessoria de imprensa da CBF insiste que é um assunto interno e que não tem a menor ideia do quanto foi acertado. E se já foi. Só que o "modus operandi" de Marco Polo costuma ser o mesmo de Marin. Foi assim nas Copas América do Chile e dos Estados Unidos, onde o Brasil foi vergonhosamente eliminado e que custaram a cabeça de Dunga. Del Nero fez chegar aos jogadores, via o ex-coordenador Gilmar Rinaldi, quanto seria a premiação pelos títulos. E a marca de 100 mil dólares por jogador virou referência. Para uma competição curta. Sem a representatividade de uma Copa.
Por sinal, a conquista do Mundial de 2002, valeu 150 mil dólares para cada atleta. Para a Copa de 2014, Marin havia prometido repetir entre os atletas receberiam 60% dos R$ 77 milhões que a Fifa daria para o país campeão. Daria cerca de R$ 1,1 milhão para cada um. Já que a Comissão Técnica também receberia, mas valores diferenciados. Eram 40 pessoas. Era também tudo ou nada. Com os 7 a 1 para a Alemanha e os 3 a 0 para a Holanda, os bolsos dos jogadores ficaram vazios. Marco Polo del Nero esteve em Goiânia para o amistoso contra o Japão, no sábado. De acordo com pessoas ligadas à Federação Paulista de Futebol, tudo foi acertado. O presidente da CBF se reuniu com os jogadores. E revelou o valor da premiação pela conquista da medalha de ouro acertada. O valor foi ele quem passou, sem discussão. Os jogadores e o técnico Micale decidiram não tocar no assunto, enquanto durar a competição. Podem ser perguntados e vão dizer repetir o mantra: "não há preço para a conquista da medalha de ouro" e " que farão tudo para ganhar por causa do povo brasileiro", exatamente como aconteceu com Mano e seus pupilos, em Londres.
Mas mesmo com atletas com salários milionários como Neymar e Renato Augusto, o grupo não vai abrir mão da premiação. "Por mim, eu não ganharia nada", disse, empolgado, Gabriel Jesus. "Eu não sei, tenho de conversar com o grupo", destacou Gabriel. E a vontade dos atletas é ter sim uma recompensa financeira. A medalha de ouro terá preço para a CBF. Rogério Micale é um treinador que tem muitas preocupações sociais. Já externou que não concorda com a Olimpíada no Brasil pelos gastos. Não será ele quem confirmará o prêmio financeiro para uma eventual medalha. A resposta de quanto Marco Polo está disposto a pagar, não saiu daqui de Brasília. Há um pacto entre Comissão Técnica e atletas para não tocar no assunto. Principalmente em relação ao valor. Para não passar a imagem de mercenários. Mas pessoas ligadas à Federação Paulista de Futebol, insistem. Não houve aumento ou redução. Elas garantem que a medalha olímpica no Brasil vale 100 mil dólares para cada jogador. R$ 327 mil. O balanço oficial da CBF mostra que esses eventuais R$ 5,8 milhões não farão falta, se vier o ouro. Só dos patrocinadores da Seleção, a entidade embolsou R$ 339 milhões. E teve o superávit de R$ 72 milhões. A entidade é milionária. Um sucesso na administração do dinheiro que chega de todos os lugares. Dos patrocinadores, da arrecadação dos jogos, do acordo com a Globo, dos amistosos da Seleção. Não há do que reclamar. Como há o plano de efetivar a Seleção Sub-23 para já ir formando atletas para o time principal, de Tite, a conquista do ouro representaria mais dinheiro. A entidade teria como cobrar por jogos amistosos dessa equipe até 23 anos no Exterior. E Del Nero, tal qual Marin, exige o ouro. Rogério Micale sabe que está em situação igual a de Mano. Seu emprego está atrelado à conquista. Dinheiro aos atletas só com a medalha pendurada no pescoço. Se, depois do título, alguém quiser recusar, a CBF aceita. O que Del Nero duvida muito...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Aug 2016 12:05:14
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