A volta de Ricardo Gomes é um desejo, uma aposta direta de Carlos Augusto Barros e Silva. O presidente assumiu. Não queria nenhum treinador estrangeiro depois da passagem do colombiano Juan Carlos Osorio e do argentino Edgardo Bauza. E queria a chance de trabalhar de novo com Ricardo Gomes. A ligação afetiva entre Leco e Ricardo Gomes foi fundamental para a contratação. O presidente do São Paulo nunca se esqueceu de Gomes. Como vice de futebol foi o treinador com quem melhor se relacionou. Homem de fino trato, fluente em francês e inglês, acredita que foi talhado para comandar o clube. Leco ficou profundamente contrariado quando Ricardo Gomes foi demitido depois da eliminação da Libertadores de 2010, diante do Internacional. Fora o trabalho que considerava muito bom, o treinador se expôs pelo clube. Logo após uma derrota diante do Palmeiras, por 2 a 0, no dia 22 de fevereiro de 2010, Ricardo Gomes foi muito criticado. O time foi mal no então Parque Antártica. O treinador ficou muito tenso. Teve um AVC. Leco foi o dirigente que mais se sensibilizou. Os dois criaram laços de profunda amizade. E que ficaram ainda maior quando Ricardo se recuperou depois de um mês. Estava trabalhando, desafiando médicos que tinham preocupação que pudesse ter AVC. A admiração do dirigente virou amizade. Ricardo Gomes acabou demitido em 2011, quando o São Paulo fracassou na Libertadores. Foi o troco de Juvenal Juvêncio, que demitiu Muricy Ramalho, pressionado por Leco. Gomes foi trabalhar no Vasco. Teve o AVC hemorrágico que os neurologistas avisaram que poderia ocorrer. Levou quatro anos até ter condições de voltar a trabalhar como técnico. O Botafogo o contratou.
O clube carioca pagava um salário baixo para treinador, R$ 100 mil. Depois passou a R$ 150 mil. O técnico tirou o time da Segunda Divisão no ano passado. Ouviu a promessa que grandes jogadores seriam contratados. Não foram. Mesmo assim, levou a equipe até o vice carioca. Foi quando o Cruzeiro o procurou em maio. Teve uma proposta importante. R$ 350 mil mensais. R$ 200 mil a mais do que recebia. Não aceitou. Disse que tinha compromisso com o Botafogo até o final do ano. E iria cumprir. Só que os dirigentes botafoguenses avisaram que ele ganharia um prêmio por ficar no clube. Um aumento para R$ 250 mil. Assinaria novo contrato. Acontece que o aumento ficou na promessa. Foi adiado por quatro vezes. Leco soube da situação. E falou a conselheiros poderosos da ala que o apoia. Gostaria de levar o treinador de volta para o Morumbi. A indicação não fez o sucesso que imaginava. Pelo contrário. Havia dois nomes desejados pelos dirigentes do futebol. O colombiano Reinaldo Rueda, campeão da Libertadores, com o Atlético Nacional. E André Jardine, treinador da base, que tinha o apoio de todos os jogadores. Em pouco tempo, ele conseguiu cativar os atletas, com sua metodologia moderna. E com o forte lado psicológico. Parece ser mesmo um treinador de futuro. Só que Leco ficou completamente empolgado. Disse que a aposta seria sua. Queria Ricardo Gomes de volta. Não abriria mão de trabalhar com ele. Havia chegado a chance do retorno. A decisão seria do presidente. E ele a exerceria. O contato foi direto. Ricardo Gomes estava mesmo muito chateado com a diretoria botafoguense. Houve uma outra tentativa de segurar o técnico. Só que não foi aceita. Não quis saber nem de ouvir nova promessa. O clima de desilusão dos torcedores afetou grande parte da diretoria. Ricardo Gomes não estava conseguindo tirar o Botafogo da zona do rebaixamento. A referência é péssima. Até porque Leco não abre mão da classificação para a Libertadores de 2017.
Ricardo Gomes receberá R$ 300 mil no seu retorno ao São Paulo. R$ 100 mil a menos do que recebia Bauza. O treinador está muito animado e tem certeza que fez a escolha certa. O Botafogo não perdeu tempo e está para anunciar Milton Mendes, demitido do Santa Cruz. Enquanto isso, Leco consegue estar mais feliz do que Ricardo Gomes. Terá finalmente um treinador que tem a plena confiança. E acredita que dará o início a um ciclo vencedor no clube. Como foi o da dupla Juvenal e Muricy. A única exigência é que Ricardo faça exames periódicos. O São Paulo não quer correr o risco de novo AVC. Os últimos exames que o técnico fez foram promissores. A de que não terá outro AVC. O primeiro problema que terá não será de saúde. Mas a rejeição que sofrerá no Morumbi...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 12 Aug 2016 22:58:48
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