quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Vitória da ousadia de Micale. O Brasil conseguiu se impor como time contra a Dinamarca. 4 a 0 trouxe alívio, esperança. Mas o ufanismo precisa ser contido...

Vitória da ousadia de Micale. O Brasil conseguiu se impor como time contra a Dinamarca. 4 a 0 trouxe alívio, esperança. Mas o ufanismo precisa ser contido...





Salvador... A ousadia de Micale supreendeu. E foi responsável pela goleada do Brasil diante da Dinamarca. 4 a 0 demonstrou bem a diferença entre os times. Foi a vitória na hora certa. Tem tudo para trazer confiança para um grupo tenso, pressionado. A Seleção se classificou em primeiro lugar. E enfrentará a Colômbia nas quartas, em São Paulo. Rogério Micale havia definido que esta partida seria a "mais importante de sua vida". Passara 17 anos trabalhando escondido na base. E de uma hora para outra se tornou o comandante da Seleção Olímpica. E seu time decepcionou demais nas duas primeiras partidas. Dois empates sem gols contra África do Sul e Iraque. 180 minutos sem gols e de péssimo futebol. Seu time não tinha entrosamento, nem objetividade. Seu 4-3-3, com direito a um ataque "fulminante", com Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar não funcionava. Encontrou duas equipes muito bem montadas, que marcavam em linha. Não havia outra saída. A Seleção precisava buscar uma nova fórmula de jogar. Nas duas primeiras partidas, o time esteve estático como pebolim. Com Gabriel Jesus enfiado entre os zagueiros. Neymar com a ponta esquerda. E Gabriel, na direita. Felipe Anderson não armava e nem defendia. Renato Augusto e Thiago Maia sobrecarregados na marcação. E dois laterais com medo de roubar espaço de Neymar e Gabriel. A equipe atuou de forma previsível, fácil de marcar. E, para piorar, nervosa, tensa. Faltou controle emocional em Brasília. Micale recebeu a visita de Tite. O treinador da Seleção principal tinha a missão de não só fiscalizar, mas orientar o inexperiente Micale. O time da CBF corria sério risco de mais um vexame diante de milhões de brasileiros. Eliminação na primeira fase das Olimpíadas. Isso seria terrível pelo lado político e financeiro para Marco Polo del Nero. Tite falou não só com Micale, como com os jogadores. Com Neymar. Micale tinha um desejo desde os primeiros treinamentos na granja Comary. Em alguns minutos, usava não só três atacantes, mas quatro. Deixava de ter três homens no meio de campo. Tinha dois.

O que era uma postura típica para time desesperado, que estava perdendo um jogo. E nos últimos minutos precisa apelar para uma solução alternativa, inesperada. Nada usual. Na coletiva de ontem, o treinador defendeu seus atletas, atacou a imprensa, e deixou claro que iria seguir com seus conceitos. Postura dúbia. E que deu margem para colocar em prática sua ideia que havia dado muito errado contra o Iraque. Um quarteto ofensivo. Se alguém reparar, Micale cada vez mais tem olheiras. Passou madrugadas analisando a Dinamarca. E percebeu o sufoco que o time europeu tomou tanto dos sul-africanos quanto dos iraquianos. O motivo: as linhas de Age Hareide eram muito recuadas. Não havia ambição e nem coragem na maneira de atuar. Foi quando decidiu. Tiraria Felipe Anderson do time. E investiria em Luan. O atacante do Grêmio. E Wallace entraria na vaga do suspenso Thiago Maia. Micale também resolveu tirar Gabriel Jesus da prisão. O fez atuar onde gosta e rende muito mais, na esquerda. Neymar atuaria mais centralizado, mas flutuante, como Messi faz no Barcelona. Não grudado no chão como fazia o jogador do Manchester City. Gabriel, seguiria atuando aberto na direita, onde fazia bom trabalho. Apesar da intervenção branca de Tite, a aposta foi mesmo de Micale. O ex-treinador corintiano nunca começaria uma partida com seu time tão aberto. Outro detalhe vale a pena destacar. Neymar finalmente teve uma atitude de capitão. Orientou, acalmou seus companheiros. E também foi solidário. Tocou a bola, como faz no Barcelona. É exatamente isso que é preciso que faça. Ele não veio disputar a Olimpíada para dar show particular. E sim colocar seu talento em prol da Seleção. As coisas aconteceram exatamente como Micale havia previsto. A Dinamarca, covarde, montou suas duas linhas de quatro no seu campo. Chamou o Brasil para farrear. A ousadia de Micale aconteceu no dia perfeito diante do melhor adversário. Nos treinamentos da Seleção há uma jogada que Micale insiste muito. A bola cruzada forte. Não para o jogador que está no centro da área. Mas para o outro, que faz a diagonal, cortando da ponta, por trás do lateral. Foi assim que o Brasil rompeu o jejum de 205 minutos sem gols. Douglas Santos, sem a intimidante presença de Neymar, teve mais confiança para atacar. E cruzou, com consciência, forte. Como o time havia treinado. E Gabriel entrou por trás e deslocou o bom goleiro Höjbjerg. 1 a 0, aos 25 minutos. Micale mostrou toda a tensão que o dominava. Comemorou com raiva, balançando os braços. Como se o gol tivesse sido seu. E foi. Depois de 15 minutos, o panorama não se alterava. Os dinamarqueses completamente dominados. Pelo melhor futebol dos brasileiros. E pela covardia de seu técnico. Com espaço, o Brasil articulava por onde deveria. Usando as laterais do campo. E lá foi o nascedouro do segundo gol. Gabriel tabelou com Luan. O cruzamento veio da direita. Forte como deveria ser. E, finalmente, Gabriel Jesus conseguiu o que parecia impossível. Empurrou a bola para as redes. 2 a 0, Brasil. Foi o gol mais comemorado. Todos sabiam o quanto o jovem jogador sofria por não conseguir marcar. Não esqueciam seu choro diante dos africanos. Fator emocional à parte, o jogo estava decidido. A Dinamarca olímpica não tem o menor potencial ofensivo. É um time ruim e mal planejado. No intervalo, Micale resolveu não mexer na equipe. Tudo estava saindo exatamente como havia sonhado. Seu time estava conseguindo uma vitória importantíssima. A classificação para as quartas garantida. E como primeira do grupo. A expectativa era apenas quantos gols mais o Brasil faria diante do fragilizado adversário. E ele não demorou. Neymar enxergou Douglas Santos livre. Não foi um cruzamento. Mas um passe. E Luan, livre, estufou as redes europeias. 3 a 0, Brasil. Só aí, com a derrota mais do que garantida, o acovardado Age Hareide soltou seu time. Era muito tarde. Confiante e com o público a seu favor, os brasileiros ganhavam espaço para os contragolpes. O lado direito dinamarquês era uma avenida livre, sem trânsito. Neymar, de novo, serviu com talento Douglas Santos. O lateral tocou para Gabriel Jesus. O goleiro Höjbjerg o abafou. A bola sobrou para Gabriel marcar seu segundo. A goleada estava concretizada. 4 a 0. O resultado precisa ser valorizado, aproveitado. A postura covarde da Dinamarca teve sim grande influência. Mas o talento individual e a coragem tática de Micale se impuseram. Na hora certa. Que o time mantenha o foco. Não despreze o perigo de um jogo eliminatório contra a Colômbia. Aqui, em Salvador, foi apenas o primeiro passo verdadeiro, firme. De uma equipe ainda em formação. Não é motivo para ufanismo...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 Aug 2016 23:58:57

Nenhum comentário:

Postar um comentário