quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Depois de dez anos, o Santos volta a liderar o Brasileiro. Dorival Júnior é o culpado. Com trabalho moderno, reverteu o pessimismo do clube sem Gabriel, Ricardo Oliveira, Thiago Maia...

Depois de dez anos, o Santos volta a liderar o Brasileiro. Dorival Júnior é o culpado. Com trabalho moderno, reverteu o pessimismo do clube sem Gabriel, Ricardo Oliveira, Thiago Maia...




Palmeiras, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Flamengo. São os quatro "gastadores" do futebol brasileiro. Mas com orçamento reduzido, o Santos faz campanha impressionante. E premia o trabalho de Dorival Júnior. Mesmo com desfalques fundamentais como Gabriel, Lucas Lima, Ricardo Oliveira, Thiago Maia e Zeca, o time tem conseguido resultados importantes, significativos. São dez vitórias, três empates e cinco derrotas. É o inesperado líder do Brasileiro. Resultado impressionante. O próprio presidente Modesto Roma estava muito preocupado. Tinha certeza que, com seu clube cedendo jogadores importantes para a Copa América e para a Olímpiada, o time poderia namorar a zona do rebaixamento. Membros do Conselho Deliberativo queriam o impossível. Que o time ficasse sem jogar até que voltassem seus três atletas que disputam a Olimpíada. Roma sabia que o seu pedido não seria nem analisado por Marco Polo. E se calou. Foi aí que entrou Dorival Junior. Depois de surgir como uma grande promessa de treinador eficaz, entrou em parafuso depois que foi demitido da própria Vila Belmiro. Após uma briga terrível com Neymar, em 2011. O treinador não deixou que o atacante cobrasse pênalti contra o Atlético Goianiense, na Vila Belmiro. Foi xingado e viu o jovem jogador dar um chilique inacreditável. E no vestiário, jogar um copo cheio de isotônico no então auxiliar de Dorival, o ex-goleiro Ivan do Palmeiras. Dorival afastou Neymar de um clássico contra o Corinthians. O ex-presidente santista Laor colocou o treinador na parede. Ou Neymar entrava em campo ou ele estaria demitido. Foi o que aconteceu. Dorival havia vencido o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil em 2010. O treinador considerou uma enorme injustiça a situação toda. E, empresariado por Carlos Leite, fez a pior escolha. Começou a pegar clubes que estavam mal. Com campeonatos em andamento.

E colecionou uma série de fracassos. Passou por Atlético Mineiro, Internacional, Flamengo, Vasco e Fluminense. Só conseguiu o Campeonato Gaúcho pelo Inter, antes de ser demitido. Chegou ao clube de seu "coração", o Palmeiras. Apenas salvou o time do rebaixamento do Brasileiro e, apesar da promessa de cumprir seu contrato e ficar até o final de 2015, foi demitido no final de 2014. Ficou apenas dois meses e meio no cargo. Se sentiu traído por Paulo Nobre. Desgostoso com o futebol, passou seis meses se reciclando. Percebeu o erro que estava cometendo na carreira. Se especializando em tentar consertar trabalhos incompetentes. Treinador tampão, sem sem levado a sério, como se não tivesse condições de planejar, iniciar e administrar temporadas em um clube. Dorival, nas entrevistas que deu neste período, criticou a organização e imediatismo do futebol brasileiro. A falta de formação. Inclusive dos técnicos. Lembrou que na Espanha há 55 mil treinadores formados. E o Brasil acabou de diplomar 50 profissionais.

Nestes seis meses, ele viajou à Europa. Acompanhou treinamentos de grandes clubes e percebeu que seria fácil adaptar o trabalho ao futebol brasileiro. Chegou à conclusão do que queria. Uma equipe que pudesse atuar com muita intensidade, com espírito coletivo, com preparo físico exemplar. E veio o convite do lugar menos esperado. De onde fez sua carreira ser detonada, implodir. O Santos. Assumiu no lugar de Marcelo Fernandes. Com um salário "baixo", R$ 250 mil, para quem ganhou, de acordo com a imprensa carioca, R$ 600 mil no Flamengo. Pegou a equipe na zona do rebaixamento e com um clima de Segunda Divisão rondando a Vila Belmiro. Conseguiu a recuperação. E teve o direito de começar a temporada 2016, algo que desejava muito. Dorival aproveitou a oportunidade. Sabia que o Santos tinha um elenco reduzido, com jovens talentosos e dois jogadores fundamentais para o ajudar a implementar sua visão "moderna" de futebol. Renato e Ricardo Oliveira. Ambos ajudaram o treinador a catequizar as revelações. E conseguiu levar o time à final da Copa do Brasil, venceu o Paulista. E mesmo com seu time mais do que desfalcado chegou à liderança do Brasileiro. O esquema 4-3-3, com muita movimentação, aplicação, recomposição e velocidade nos contragolpes. O envolvimento dos jogadores foi total desde o início. "A chegada do Dorival Júnior foi perfeita para o Santos. Sua visão de jogo é diferente. Nos faz ofensivos sem ser vulneráveis. Ele deixa espaço para a criação de jogadas, dá liberdade quando estamos com a bola. Sem ela, nos cobra muita responsabilidade. Sabemos os espaços que temos de preencher. É um treinador diferenciado", resume Lucas Lima.

Até a diretoria santista não esperava essa campanha no Brasileiro. Haveria satisfação se o clube ficasse em uma posição intermediária até a volta, ou venda, de Gabriel, Thiago Maia e Zeca. Além da demorada recuperação de Ricardo Oliveira. Mas os substitutos têm compensado a falta de talento com entrega e obediência tática. O Santos tem o melhor ataque do Brasileiro, ao lado do badalado Palmeiras, e tem uma das defesas menos vazada. É o equilíbrio o sucesso da campanha. Desde maio de 2006, há dez anos o Santos não era líder do Brasileiro. Mesmo tendo a passagem vitoriosa de Neymar. O clube sempre lidou com dificuldades financeiras, por isso cria em cativeiro seus jovens craques. Não os compra. O Santos tem algo raro. Padrão tático. O primeiro lugar no Brasileiro demonstra que, é possível fazer um trabalho profundo nos clubes. Basta que o técnico se modernize, esteja atento à modernidade, se recicle. Crie, nem que seja por um ano, raízes em um clube. Para entender sua idiossincrasias Modesto Roma está tão feliz com o resultado que prometeu a Dorival Júnior. Não vai vencer mais mandos de jogos. Como o de ontem contra o Flamengo. Levou para Cuiabá, mas viu o Santos se transformar de mandante para visitante. Dorival Junior e seus jogadores não merecem esse desprezo. O time que deveria estar lutando contra o rebaixamento, lidera. Enquanto espera os mais talentosos jogadores faz algo importante. Enche de orgulho seus torcedores...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Aug 2016 12:18:47

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