sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Gabriel Jesus chorou. Envergonhado, acredita que foi o responsável pelo 0 a 0, pelas vaias da torcida à Seleção. O garoto de R$ 117 milhões saiu completamente perturbado do Mané Garrincha...

Gabriel Jesus chorou. Envergonhado, acredita que foi o responsável pelo 0 a 0, pelas vaias da torcida à Seleção. O garoto de R$ 117 milhões saiu completamente perturbado do Mané Garrincha...




Brasília... "Eu fui o culpado desse empate. Errei o gol mais fácil da minha carreira. Estou sentindo muita vergonha. Vou ficar a noite inteira acordado lembrando do lance. Se eu fizesse o gol, o Brasil venceria. "Sou o artilheiro do Campeonato Brasileiro. Todos os gols que fiz foram mais fáceis do que o que perdi contra a África. Sem goleiro. Era só empurrar para o fundo do gol. Mas consegui errar. Não sei o que aconteceu comigo. Estou muito triste. Sei que a culpa é minha por esse 0 a 0." Gabriel Jesus, o jogador que o Manchester City acabou de pagar R$ 117 milhões, estava abalado, envergonhado. O garoto de 19 anos puxou para si toda a responsabilidade do empate. Ao deixar o campo, longe das câmeras, ele chorou. Estava abalado demais. Ouvia as vaias que dominavam o Mané Garrincha. Foi acalmado por Renato Augusto. O experiente meio campista pediu que se acalmasse. E levantasse a cabeça. Ainda haveria os repórteres na zona mista. Gabriel Jesus se recompôs. Secou as lágrimas. Mas seguiu abalado. Mal enxergou os jornalistas, respirou fundo. Aconteceu o que previra. Todos insistiam na mesma pergunta. Como é que conseguiu perder o gol, dentro da pequena área, com o goleiro Khune sem condições de defender. "Eu tinha certeza que iria marcar. Não sei o que aconteceu. A bola foi direto na trava. Não acreditei. Estou cansado de fazer gols muito mais difíceis." Gabriel Jesus teve também de justificar se a sua venda para o Manchester City havia tirado o seu foco do futebol. "Não. De jeito nenhum. Com tudo resolvido, não tenho de pensar em mais nada, a não ser na Seleção Brasileira. Não vou colocar culpa nesta venda, não. Fiz uma partida muito ruim. Infelizmente."

Aproveito uma brecha e pergunto. "Você não está sacrificado pelo esquema tático? Você fica muito preso entre os zagueiros. E o seu espaço está delimitado pelo Neymar e pelo Gabriel. Você está proibido para tentar partir com a bola dominada da intermediária como faz no Palmeiras? É só o Gabriel que pode?" Gabriel Jesus olha para mim, fica tenso. E responde, sério. "Eu tenho de respeitar o espaço do meu companheiro. Não posso voltar para buscar a bola. Não é função minha na Seleção. Meu espaço foi decidido pelo treinador. E faço o que ele manda. "Estou jogando de centroavante, estou me adaptando ainda. Não tenho muita liberdade de girar. Às vezes estive um pouco na beirada, mas infelizmente não estava aparecendo para o jogo. Foi um pedido do Micale. Quer que eu fique mais ali e deixe Neymar e Gabriel abertos." Está claro que, se pudesse, Gabriel Jesus não ficaria bloqueado entre zagueiros e volantes. Já foi assim contra Japão e hoje, diante da África. Mas ele ainda está preso, travado. Não está mostrando a personalidade de Gabriel, que abandona a ponta direita e volta para pegar a bola na intermediária, pelo meio, como gosta de fazer no Santos. Gabriel Jesus na Seleção Brasileira parece ser um jogador muito diferente do confiante que atua no Palmeiras. Os jogadores perceberam o quanto ficou arrasado no vestiário.

"Ele é um grande jogador. Não tem motivo para ficar tão abatido. As vezes as coisas não acontecem como a gente quer. Não tem essa história de não dormir. Vai dormir, descansar, se tranquilizar. Não tem essa história de falar que foi o culpado pelo empate. Todos perdem gols ma vida", dizia Neymar. Micale mandava um recado cifrado, mas endereçado a Gabriel Jesus. Como um pai, ele o perdoava pelo gol desperdiçado, que poderia mudar a história do Brasil contra a África. "O que vou fazer? Vou abraçar. Conversar individualmente. São jovens. É preciso ter muita calma. Eles jogam em equipes importantes. São consagrados. Mas ninguém pode esquecer que são jovens." O treinador ia além. Deixava claro que Gabriel Jesus, por enquanto, não precisa ficar com medo de perder sua posição. "Não é por uma partida que vou mudar as minhas convicções. Os atletas. Tudo o que penso sobre o time. Tenho meu conceito de jogo estabelecido", garantia. Aproveito outra brecha e informo o apoio de Micale. E pergunto se ele precisa mesmo ficar se torturando, carregar toda a culpa. O atacante parou, pensou. E mudou seu discurso.

"Não posso mesmo ficar me culpando. Tentei fazer o meu melhor. Corri, briguei pela bola. Sou parte do time", dizia, tentando se animar, sem conseguir. Mostrou que, apesar de todos os milhões que o cerca, da idolatria, da pressão por estar envolvido em uma negociação de R$ 117 milhões, entre dois grandes clubes, não passa de um menino. E que nesta madrugada terá muito o que pensar. Vai carregar todo o peso da frustração da Seleção nas costas. Acordado, vai virar o corpo na hora de chutar. Fazer o movimento correto. Empurrar a bola imaginária para as redes. E tentar esquecer a que chutou na trave. Não vai conseguir. Que pena que a CBF despreza os psicólogos...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Aug 2016 20:19:04

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