terça-feira, 30 de junho de 2015

A desmoralização do futebol brasileiro não tem limites. Zico diz que Seleção não pode ser balcão de negócios. Pergunta se coordenador Gilmar voltará a ser empresário. E ironiza rancor de Dunga com a Seleção de 82...

A desmoralização do futebol brasileiro não tem limites. Zico diz que Seleção não pode ser balcão de negócios. Pergunta se coordenador Gilmar voltará a ser empresário. E ironiza rancor de Dunga com a Seleção de 82...




É uma receita explosiva. Mistura rancor de Dunga, indignação de Zico e vingança de Gilmar Rinaldi. Três personagens com enorme peso. Não só no passado, mas no atual futebol brasileiro. Dois campeões mundiais em 1994 e um dos melhores jogadores da história, peça fundamental na inesquecível seleção de 1982. Hoje são o técnico da Seleção Brasileira, o coordenador geral de seleções da CBF e o brasileiro pré-candidato à presidência da Fifa. A troca de farpas é assustadora. Toca em problemas graves. São acusações e insinuações que merecem processo. Desmoralizam carreiras vidas. Tudo começou quando Dunga, na infeliz entrevista que se comparou a um afrodescendente por "apanhar e gostar de apanhar", o treinador mostrou mais uma vez sua mágoa com a conquista de 1994. Ele não se conforma que a imprensa do mundo todo reverencie a Seleção de 1982 que perdeu a Copa da Espanha e não valorize a campeã nos Estados Unidos. "Como vou explicar para o torcedor que o ruim ganha, e o bom perde? Você pode dizer que nem sempre o bom ganha, e eu concordo. Mas em 24 anos tem que ganhar. Técnica é bom, mas não é suficiente para formar um time." Outra vez, para jornalistas do mundo todo, Dunga mostrou no Chile que não consegue superar seu trauma. O recado chegou até Zico. Ele não iria deixar passar. Mais uma vez, para valorizar a conquista de 1994, Dunga tentava desvalorizar o time de 82.

"Ficar falando de passado não dá. Tem que ver o que fazer para melhorar. Não adianta ficar atacando os outros. Se bem que não me sinto atacado porque sou vitorioso na minha carreira. Antes da Copa América, estavam falando que o Brasil ganhou não sei quantos amistosos. Amistoso não serve para nada. Tentaram recuperar a credibilidade em cima de números de amistosos, quando nos últimos seis jogos oficiais a seleção perdeu três, venceu dois e empatou um. Isso é que vale." Ele deu a reposta firme à minha amiga e competente Marluci Martins. A ela já havia mostrado sua revolta quando Dunga assumiu o cargo substituindo Felipão. Não gostou também da indicação de Gilmar Rinaldi. No ano passado, não escolheu palavras para resumir o que sentia. "É um desrespeito aos treinadores de futebol. E isso vale para qualquer cargo: manager, supervisor... Há tanta gente tendo resultado no Fluminense, no Cruzeiro, no Atlético-MG. Sou contra a panela de amigos." A raiva de Zico só aumentou com o passar do tempo. "Não faço comparação, justamente porque cada época é uma época. Perdi Copas, mas com jogadores que mereciam estar na seleção brasileira. Para estar numa seleção, é preciso ter títulos, números significativos, prêmios individuais, nem que seja de melhor jogador do bairro. "Hoje é muito fácil ir para a seleção. Qualquer um vai. O cara faz três bons jogos, se torna conhecido, é vendido a peso de ouro. Temos que estar atentos a isso. Seleção não é um balcão de negócios. Mas temos lá um empresário do futebol (Gilmar) comandando... Ou ele já não é mais empresário? Quando saiu do Flamengo, ele levou os três melhores: Adriano, Juan e Reinaldo. Então, vamos ver se quando sair da seleção, ele vai voltar a ser empresário?"

Quando Zico coloca na mesma frase Seleção e "balcão de negócios" e ainda lembra que "lá há um empresário comandando", tudo se complica de vez. Ele estava falando claramente de Gilmar Rinaldi, o coordenador. O homem que saiu do Flamengo empresariando Adriano, Juan e Reinaldo. A acusação de a Seleção servir como balcão de negócios ganhou proporção. Durante a pífia participação do Brasil na Copa América, o Liverpool comprou Roberto Firmino por R$ 140 milhões. E o Bayern de Munique e Chelsea duelam por Douglas costas. Seus direitos já chegariam a R$ 120 milhões. Sem hipocrisia, o fato de os dois terem disputado a Copa América pelo Brasil, os valorizou ainda mais. Diante das negociações, a insinuação de Zico ficou pesadíssima. O coordenador da Seleção reagiu. Gilmar Rinaldi garante que processará Zico. E foi além. Insinuou que o ex-jogador quando foi responsável pelo futebol do Flamengo favoreceu o filho. "É com muita surpresa que li essa informação, até porque o conheço e estivemos juntos inúmeras vezes. Ele nunca insinuou nada. Acho muito estranho e vou interpelar ele judicialmente agora para que comprove o que falou.

"Quando Zico ocupou o cargo de executivo no Flamengo , foi acusado de fazer negócio com o filho dele... Zico sabe o quanto a gente está exposto... Vou interpelá-lo judicialmente para que me prove o que está falando. Não pode sair falando de uma pessoa sem ter prova." Zico soube da ameaça de processo e não mostrou nenhuma preocupação. Pelo contrário. E outra vez voltou a mostrar seu estranhamento por Dunga e Gilmar só valorizarem os jogadores que atuam no Exterior. Além de dar uma estocada certeira pela dependência de Neymar. "Quando o Brasil está numa competição, esperamos uma Seleção que não dependa de um jogador, e estamos nessa situação. Já vimos grandes jogadores decidindo partidas, mas não dependendo apenas de um jogador. Nesses jogos oficiais, estamos deixando a desejar. As eliminatórias estão aí e a tendência é sofrer bastante. Temos que voltar a ser o futebol brasileiro. Precisamos colocar a bola no chão. Começar tudo de novo não seria ruim. Falta valorizar a matéria-prima dentro do Brasil. Só estamos valorizando que está lá fora."

Em um país acostumado com escândalos todos os dias, essa troca de farpas é algo que não ganha a relevância que merecia. O candidato do Brasil à presidência da Fifa sugere que a Seleção é um "balcão de negócios". E o coordenador da Seleção lembra que Zico, quando comandava o futebol no Flamengo, favorecia o filho. São acusações gravíssimas. Mas que outra vez não chegarão a lugar algum. Até porque na Suíça o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, está encarcerado há mais de um mês, com pedido de extradição para os Estados Unidos. O principal jogador do Brasil tem de responder processo na Justiça Espanhola por sua suspeita negociação com o Barcelona. O presidente da CBF não possa sair do país com medo de extradição. E os clubes grandes estão falidos, devendo salários a seus jogadores. E os patrocinadores virando as costas ao futebol. Há escândalos demais neste país. Mas Zico, Gilmar e Dunga conseguem desmoralizar ainda mais o principal esporte deste país. E pisar, sem dó, no próprio passado vitorioso de cada um...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Jun 2015 09:54:33

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