domingo, 14 de junho de 2015

Fabricio Werdum fez o que quis de Cain Velasquez, em pleno México. É o novo campeão dos pesados do UFC. Sete anos depois, a vingança do brasileiro, que havia sido demitido por Dana White...

Fabricio Werdum fez o que quis de Cain Velasquez, em pleno México. É o novo campeão dos pesados do UFC. Sete anos depois, a vingança do brasileiro, que havia sido demitido por Dana White...




Por trás de todo o sangue, suor, diretos, cruzados, joelhadas e finalmente a guilhotina avassaladora, muitos neurônios e estratégia. Fabricio Werdum calou não só a Arena Cidade do México, como todo o país. Surpreendeu o mundo. E se vingou do próprio UFC, que o havia dispensado, em 2008. Como havia prometido, o brasileiro mostrou a Cain Velasquez que não é apenas um lutador de jiu-jitsu. Antes da espetacular guilhotina, ele havia batido Velasquez na sua especialidade, o boxe. Bastaram três assaltos. Foi uma vitória inquestionável. O título dos pesados está unificado e é brasileiro. É de Fabricio "Vai Cavalo" Werdum. Aos 37 anos, Werdum fez uma preparação meticulosa, impressionante. Ele era o dono do título interino dos pesados. Ganhou o cinturão derrotando o neozelandês Mark Hunt em novembro de 2014, na mesma Cidade do México. Hunt substituiu Cain Velasquez que teve de fazer uma artroscopia no joelho direito. Velasquez havia operado o ombro esquerdo logo após sua segunda vitória diante de Junior Cigano. Ou seja, o norte-americano estava há vinte meses sem lutar. O que era uma vantagem importantíssima que o brasileiro precisava explorar. Fabricio sabia que o arena Cidade do México estaria lotada e totalmente favorável a Cain. Ele é americano, mas tem profunda ligação com os mexicanos. Seu pai era um deles, que invadiu os Estados Unidos de maneira irregular, para trabalhar. E só por isso Velasquez nasceu no território americano. Em todas as lutas que fez no UFC, fez questão de levar a bandeira mexicana. Werdum tem uma relação de amor e ódio com o UFC. Ele havia feito excelentes lutas no Pride, no Japão, entre 2005 e 2006. Foram apenas duas derrotas e cinco vitórias. A última contra Aleksander Emelianenko, irmão de Fedor, o melhor de todos no MMA. Mas quem ganha de um Emelianenko merecia ter as portas abertas do UFC. O brasileiro fez apenas quatro lutas. Perdeu de Andrei Arlovski em decisão dividida. Venceu Gabriel Napão Gonzaga e Brandon Vera. Mas foi massacrado por Junior Cigano. Foi demitido do UFC sem piedade.

Teve de recomeçar no Strike Force. Ficou três anos neste evento menor. Dana White só se lembrou dele depois que surpreendeu o mundo e venceu Fedor Emelianenko, com um triângulo e chave de braço, em 2010. E foi acumulando vitórias no seu retorno. Roy Nelson, Mike Russow, Minotauro, Travis Browne. Até que veio a conquista do título interino, derrotando Mike Hunt. A luta só valeu cinturão porque Cain estava se recuperando de suas operações.

Quando houve a confirmação da luta de ontem, o gaúcho tomou a decisão correta. Chegou exatamente 35 dias à Cidade do México para se adaptar à altitude de 2.200 metros. E treinou muito boxe, além de afinar seu jiu-jitsu. Ele sabia o caminho da vitória. Teria de se preparar para a guerra franca. Principalmente no primeiro assalto. E depois apostar não no cansaço, mas na falta de ritmo de luta. Vinte meses longe do octógono sabotam qualquer lutador, mesmo alguém tão técnico e violento quanto Velasquez. E o enredo foi exatamente aquele que Verdum e sua equipe previa que aconteceria. Cain começou muito bem. Empolgado pela torcida mexicana, partiu para o que sabe fazer de melhor. Abrir caminho para os seus diretos com jabs, cruzados, uppers. Fabricio precisa agradecer à sua excelente preparação física ter sobrevivido. Ele apanhou muito no primeiro assalto. Vitória fácil do norte-americano. Mas no meio das saraivada de socos de Cain, Werdum também deu os seus e acertou o rosto do oponente. Mostrou que estava muito bem na especialidade do rival. Mas aí veio o segundo assalto. E a constatação. A estratégia da luta havia sido corretíssima. Velasquez estava cansado. Até porque bater desgasta. Sem ritmo, começou a mostrar lentidão na hora em que era atacado.

Fabricio foi além do que o americano. Ele não se contentava apenas com socos, com o boxe. Passou a desferir terríveis joelhadas do muay thai. Pelo menos duas violentas chegaram ao queixo de Cain. Mas as sequências de jabs, diretos, ganchos e uppers, havia a impressão que o gigante iria desabar, para desespero dos mexicanos. Mas quase como milagre, conseguiu se aguentar. Suportou os infindáveis cinco minutos de surra. Ao chegar no corner, ouviu a seguinte determinação. Ele teria de parar de trocar socos com o brasileiro. Abrir mão de sua principal especialidade, porque estava apanhando no boxe. E deveria derrubar Werdum e partir para o ground and pound. Só que o contragolpe estava mais do que esperando por ele. Assim como Fabricio havia reservado uma joelhada violentíssima quando Mark Hunt tentasse se proteger de uma queda, um golpe esperava por Cain Velasquez. A guilhotina. Começou o terceiro round desferindo socos e mais socos em Cain. A torcida mexicana foi se desesperando. Velasquez tinha de tentar algo. E sucumbiu à armadilha. Aos dois minutos e 13 segundos, o americano estava desistindo do cinturão. O motivo, 15 segundos antes, ao abaixar o corpo, tentando derrubar Fabricio, o brasileiro se aproveitou do corpo abaixado do oponente, com o pescoço esticado. O encaixe da guilhotina foi perfeito. Os braços esmagavam o pescoço, impediam Cain de respirar, de raciocinar.

Para não passar pelo vexame de apagar, desmaiar diante dos mexicanos, bateu na coxa do brasileiro. Desistiu. O campeão era o seu rival. Quando a guilhotina foi desfeita, era fácil perceber o massacre que estava sendo submetido. Os socos devastaram seu rosto. Abriram um corte profundo no supercílio esquerdo. Cain havia tomado uma surra inesquecível. Não foi apenas um golpe de sorte. Nunca ele apanhou tanto no UFC, na carreira. "Quero agradecer a todos, vamos respeitar Cain Velásquez, eu respeito. Queria agradecer meu país, Brasil, minha equipe, família, estou muito feliz, foi uma luta duríssima e com certeza teremos revanche. Treinei muito a guilhotina para defender essa queda. Eu represento o Brasil esse cinturão é para todos vocês", dizia o novo dono do cinturão dos pesados. Fabricio comemorava demais com sua equipe. Muita gente acreditava que a alegria era só por vencer o excelente campeão Cain Velasquez. Só que sua alegria ia além. Ele se vingou da vergonha que passou, demitido por Dana White, que ontem teve de colocar o cinturão dos pesados. Fabricio está louco para completar sua revanche pessoal. Antes de lutar novamente com Cain, quer ter Júnior Cigano pela frente. Possivelmente em um confronto no Brasil. Depois do que fez com Cain Velasquez, Fabricio Werdum pode fazer o que quiser no UFC. Pode encarar Dana White e lembrá-lo da demissão em 2008. A reviravolta foi sensacional.
"Vai, Cavalo"...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Jun 2015 03:59:31

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