sábado, 20 de junho de 2015

Neymar fora da Copa América. A suspensão da Conmebol é justa. Ninguém agarra um árbitro e o chama de 'filho da p...' Não é esse capitão que o Brasil precisa na Copa de 2018...

Neymar fora da Copa América. A suspensão da Conmebol é justa. Ninguém agarra um árbitro e o chama de 'filho da p...' Não é esse capitão que o Brasil precisa na Copa de 2018...




Faltava uma peça importantíssima para entender que o julgamento do Comitê Disciplinar da Conmebol poderia ser independente. Apesar de toda a pressão da CBF e do comitê organizador da Copa América. A súmula do árbitro Enrique Osses. Até então todos acreditavam que os abusos de Neymar se limitavam a trocar tapas com Zúñiga e chamá-lo de "hijo de puta". Ao final da partida contra os colombianos chutar a bola violentamente nas costas de Armero. Trocar cabeçadas com Murillo. Tomar um empurrão violento de Bacca. E iniciar uma vergonhosa confusão ao final de Brasil e Colômbia. Só que havia muito mais. E só veio à tona hoje à tarde. Como Neymar faz o que quer nesta Seleção, ele ficou esperando o juiz passar por ele, dentro do vestiário, longe das câmeras. O atacante o segurou pela camisa e disse, raivoso. Em bom espanhol. "Quieres hacerte famoso a costa mía, hijo de puta!" A tradução é simples. "Quer ficar famoso às minhas custas, filho da puta!" Desrespeito, inconsequência que precisava ser punida exemplarmente. Não há cabimento uma atitude dessas. O delegado da partida, o uruguaio Washington Rivero, colocou no seu relatório que Osses foi "quase agredido" por Neymar. Se Dunga e a cúpula da CBF não têm capacidade para impor limites ao jogador, a Comissão Disciplinar mostrou ter. O brasileiro Caio Cesar Rocha e colombiano Orlando Morales não participaram. A questão envia seus países. O chileno Carlos Tapia, compatriota Enrique Osses, também não. Os dois comissários, o boliviano Alberto Lozada e o uruguaio Adrian Lazer decidiram.

Por tudo que aprontou, Neymar poderia pegar entre três e cinco partidas. Lozada e Lazer chegaram à conclusão que quatro partidas seriam ideais. A Copa América acabara para o melhor jogador brasileiro. "Foi uma decisão muito discutida, analisada. Foi difícil chegarmos a um consenso porque éramos apenas dois membros. Não fosse a agressão feita a um árbitro, um oficial da partida, a pena teria sido menor. Isso foi o mais grave. A proposta inicial era aplicarmos a pena máxima, cinco jogos. Mas decidimos por quatro", dizia o boliviano Lozada. Mas ainda há a chance de recurso. O vice jurídico Carlos Eugênio Lopes, que disse ontem não estar preocupado com o julgamento, quase teve um infarto quando soube das quatro partidas. E prometia aos jornalistas brasileiros no Chile o que não poderia cumprir: reduzir a pena para apenas um jogo. A CBF tem até amanhã ao meio para apresentar recurso. E a Conmebol já confirmou oficialmente que o máximo que pode acontecer é a pena ser reduzida a três jogos. Assim, Neymar participaria da final, se o Brasil conseguir chegar até lá. O recurso deverá ser apresentado ao Comitê de Apelação da Conmebol, presidido pelo equatoriano Guillermo Saltos.

Ficou claro que se não fosse pelas ofensas de Neymar ao árbitro dentro do vestiário, com direito a segurá-lo pela camisa, deveria pegar a mesma punição do colombiano Bacca, que o empurrou: dois jogos. Como é que ninguém da Comissão Técnica, os companheiros, os seguranças, não anteviram o que iria acontecer? E deixaram Neymar ficar esperando pelo árbitro? Resposta simples. Ele faz o que quer. Ninguém tem coragem de contrariar a estrela brasileira. Como a decisão foi anunciada depois que a Seleção havia treinado, todos se recolheram na concentração. Ninguém quis se posicionar oficialmente sobre o caso.

Neymar deverá seguir com o grupo. Mesmo se for confirmada sua suspensão de quatro partidas. Ficará enquanto o Brasil for passando de fases na Copa América. O que fica de tudo isso? Quem está achando pesada a punição, exagerada, perseguição a Neymar, ao Brasil. Não é nada disso. O capitão brasileiro acreditou na impunidade que domina os países da América do Sul. Ninguém sequer imagina ele, com a camisa do Barcelona, ter provocado uma confusão parecida. E, depois nos vestiários, ficar esperando um árbitro, digamos, o inglês Martin Atkinson. Esperar por ele passar ao alcance de suas mãos. Agarrá-lo pela camisa e gritar que ele é um "filho da puta". Não, porque na Europa, com a camisa do Barcelona, Neymar é outro. Pode ser irreverente, discutir. Mas sabe o seu limite. Até onde ir. Não iria dar um vexame tão grande. Correr o risco de uma punição severa, justa para um ato tão baixo. A Conmebol não tem moral alguma. É uma entidade marcada pelo casuísmo, corrupção, conchavos, vexames. Em toda sua história foi assim. Os dirigentes da América do Sul quando resolveram criá-la, combinaram: nenhum argentino ou brasileiro poderia presidi-la. Porque ele poderia ser desonesto e proteger o seu pais e os clubes de seu país. Acabaria por desequilibrar as forças no Continente. Ou seja, os próprios dirigentes sabem a índole que têm. Mas o julgamento de hoje foi justo. Dói por ser Neymar. Por ser o melhor jogador brasileiro. O dono de um talento fantástico, excepcional. Mas é um garoto mimado de 23 anos. Ele precisava de uma lição. Descer à terra. Saber respeitar o futebol.

Saber suportar as provocações, que não verdade são reverências. Os adversários sabem que, concentrado, seu futebol é fabuloso. E tentam irritá-lo, tirá-lo do sério. E ele está se deixando levar. Assim como inúteis discussões com árbitros. Ser capitão é muito mais do que isso. Ainda mais da Seleção Brasileira. É o homem capaz de liderar o time com a camisa pentacampeã do mundo. Ser o jogador que dá o exemplo, mostra o caminho quando as coisas estão difíceis. Cobra adversários e juiz que a partida seja limpa. Toma atitudes admiráveis. Tudo o que Neymar não fez. Sua suspensão é dura. Fere o coração da Seleção na Copa América. Sem o único jogador com talento diferenciado, ficará tudo mais difícil para o Brasil. Mas ficará a lição. Que talvez faça o garoto de 23 anos começar a pensar com mais responsabilidade. Entender que a Seleção merece, no mínimo, tanto cuidado quanto o Barcelona. E também a Dunga. O treinador tem de colocar limites. Já deu a camisa 10, a faixa de capitão, o deixa bater pênaltis, cobrar todas as faltas perto da grande área. É privilegiado no sistema tático, atuando, correndo por onde quer. O mínimo de retorno que se exige de Neymar é que ele respeite a Seleção. O que fez na quarta-feira não foi contra Zúñiga, Armero, Murillo, Enrique Osses. Foi contra o futebol brasileiro. E foi preciso a suspeita Conmebol tomar uma atitude. Fazer o que Dunga se omitiu. Quatro ou três jogos, tanto faz. Esta Copa América será inesquecível para Neymar. Pode transformá-lo no capitão que o Brasil tanto precisa na Copa de 2018. Não esse menino mimado, que desfilou sua arrogância no Chile...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Jun 2015 22:41:57

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