terça-feira, 16 de junho de 2015

Marcelo Oliveira. Multa alta obrigará o Palmeiras a acreditar no projeto do bicampeão brasileiro. O indeciso Paulo Nobre terá de colocar fim ao vexatório rodízio de técnicos...

Marcelo Oliveira. Multa alta obrigará o Palmeiras a acreditar no projeto do bicampeão brasileiro. O indeciso Paulo Nobre terá de colocar fim ao vexatório rodízio de técnicos...




Quem vê a singela foto de Paulo Nobre abraçando Marcelo Oliveira pode se enganar. A contratação do novo treinador do Palmeiras não foi tão fácil quanto parece. Mesmo com técnico, atual bicampeão brasileiro, desempregado. Nem a íntima amizade com o executivo Alexandre Mattos fez com que a transação fosse facilitada. O motivo: dez jogos comandando o Vasco da Gama em 2012. Marcelo Oliveira passou muita vergonha, constrangimento e raiva no Rio de Janeiro. Ele havia feito excelente trabalho no Coritiba. Levado a equipe à duas decisões de Copa do Brasil. Conquistado dois Campeonatos Paranaenses. O então presidente do Vasco, Roberto Dinamite, o convenceu a ir para São Januário. Empolgado com a chance de comandar uma grande equipe do eixo Rio-São Paulo, Marcelo não se preveniu. Acertou seu salário de R$ 150 mil e tinha certeza que faria o Vasco campeão brasileiro. Trabalhou dez partidas. Venceu duas, empatou duas, perdeu seis. Enquanto estava no clube não recebeu um centavo. Nem salários ou a rescisão. Não queria briga, esperou dois anos. Quando a dívida estava para caducar, entrou na justiça no final do ano passado.

Marcelo ficou traumatizado. Tem a certeza que se tivesse amarrado judicialmente o clube, obrigado o Vasco a pagar todos os seus salários até o final de contrato de um ano. Não o fez. Acreditou no então presidente Roberto Dinamite. E jurou que nunca mais cairia em armadilha parecida. Por isso, mesmo negociando com seu amigo Alexandre Mattos, só aceitou assinar depois que ficou claro. O Palmeiras pagará integralmente seu contrato até o final de 2016 se for demitido. Não aceitou a quarentena que o clube impôs, por exemplo a Gilson Kleina. O clube demitiu Kleina com o contrato em vigor. Pararia de pagar o técnico se ele começasse a trabalhar em outra equipe. Não foi o aconteceu. Mattos e Nobre queriam a mesma coisa de Marcelo. A discussão levou dias. Mas Marcelo não cedeu. Ou seja, obrigou o Palmeiras a ser firme na escolha. Ele envolve R$ 7,2 milhões só em salários. Ou seja, 18 meses pagando R$ 400 mil. Fora os bônus pela classificação para a Libertadores de 2016, principal objetivo no ano. Fora conquistas da Copa do Brasil, Brasileiro, Paulista...

Com esse compromisso firmado, Marcelo dará coletiva daqui a pouco como novo comandante palmeirense. E já definiu que mergulhará de cabeça "na maior aposta" de sua carreira como treinador. Ele sabe que terá de agir ao contrário de Oswaldo de Oliveira. Viver de verdade o Palmeiras. Nada de viagens constantes para Belo Horizonte, como o ex-treinador que ia para o Rio. E principalmente, definir uma equipe titular. Oswaldo comandou o time durante 31 partidas. Mas não conseguiu sequer montar a espinha dorsal principal do Palmeiras. O ex-técnico só gerou insegurança e descontentamento. Marcelo já chega vacinado. Mesmo com tantos jogadores, procurará definir o mais rápido possível aqueles que encaixem no seu esquema tático moderno. A chave do Cruzeiro bicampeão brasileiro de 2013 e 2014 estava na entrega dos jogadores. Eles se desdobraram para seguir os dois times que inspiraram o treinador. O Barcelona de Guardiola e a Seleção Alemã de Joaquim Löw, mesmo antes de ser campeão do mundo. O toque de bola paciente, mas objetivo, em direção ao gol. E o poder de compactação, tanto para ficar com dez jogadores atrás da linha da bola quando atacado, como contragolpear com seis jogadores ao mesmo tempo.

Marcelo Oliveira quis saber logo de cara de Valdivia. Se poderá contar com o meia que havia indicado para o Cruzeiro. E logo mexeu em um vespeiro. Alexandre Mattos não quer nem saber do caro e inconstante meia. Os números mostram que o chileno não atuou nem em metade dos jogos desde que foi contratado em 2010. O quer longe do Palestra Itália. Mas não é a postura de Paulo Nobre. A devoção do dirigente a Valdivia já o fez enfrentar até seu mentor Mustafá e conselheiros importantíssimos do Conselho de Orientação Fiscal. Ele ainda acredita que há como apostar pelo menos até o final de 2016 no jogador. Tanto que nestas 23 contratações em 2015, não há um meia articulador importante. Com capacidade para substituir o ídolo do presidente. Se depender só de Marcelo Oliveira, Valdivia fica. E terá papel de destaque no time. Repartirá a liderança com Zé Roberto e Fernando Prass. Tudo dependerá das discussões sobre renovação. O chileno mandou avisar que não quer nem saber de contrato de produtividade. Quer até aumento. Não se contentou com os R$ 475 mil que ganha por cinco anos.

Marcelo Oliveira quis informações até sobre o vergonhoso gramado do estádio palmeirense. Ele sabe que para montar a equipe moderna, técnica e agressiva que planeja, precisará de um piso decente. Não o misto de areia, corante e grama solta que domina a nova arena. Paulo Nobre prometeu que, se for preciso, todo o gramado será trocado. E talvez volte a usar o Pacaembu por um ou dois meses. Ele quer o melhor piso. O novo treinador também quer uma parada nas contratações. O zagueiro Leandro Almeira está confirmado. O atacante argentino naturalizado paraguaio Lucas Barrios quase. Eles deverão ser os últimos jogadores para o resto da temporada. Dependendo evidente de Valdivia. Marcelo Oliveira sabe que o segredo, tanto no Coritiba como no Cruzeiro, foi o mesmo: entrosamento do time. Sabe que foi sabotado nesta Libertadores com o desmanche feito por Gilvan Tavares. Político, não comprará briga, fechará as portas do clube no qual foi tão feliz. Mas internamente quis esse compromisso com Alexandre Mattos. Quer formar um time que dure pelo menos um ano e meio. As conversas do novo treinador palmeirense deixaram empolgado Paulo Nobre. Como ele não ficou com Gilson Kleina, Gareca, Dorival Júnior e Oswaldo de Oliveira. Ele deixou escapar aos conselheiros da ala de Mustafá, no final de semana. "Agora, acertei." E é bom mesmo, para as finanças palmeirenses, que o presidente pare de trocar técnicos como quem troca de camisas. As escolhas erradas de Nobre sabotam qualquer planejamento. Depois da saída de Kleina, o dirigente trocou de treinador, em média, a cada três meses. Mas desta vez, a multa é alta demais para a falta de convicção, de rumo. São R$ 7,2 milhões só em salários. Chegou a hora do Palmeiras se ajeitar com um treinador. Talvez assim conquiste um título. A contratação do atual bicampeão do Brasil é sua melhor oportunidade...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Jun 2015 11:54:44

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