terça-feira, 23 de junho de 2015

Corinthians quer processar a Conmebol por erros de Amarilla. Mas dirigentes sabem. Chance de indenização é nula. Não há provas reais que o paraguaio se vendeu para ajudar o Boca Júniors...

Corinthians quer processar a Conmebol por erros de Amarilla. Mas dirigentes sabem. Chance de indenização é nula. Não há provas reais que o paraguaio se vendeu para ajudar o Boca Júniors...




A diretoria do Corinthians já sabe. Tudo o que fará será dar uma satisfação a seus torcedores, à sociedade. Não há a menor condição de arrancar um centavo da Conmebol como indenização pela eliminação da Libertadores da América de 2013. Mesmo com as suspeitas declarações do falecido presidente da Federação Argentina de Futebol, Julio Grondona. Ele teria conseguido a escalação do paraguaio Carlos Amarilla na partida decisiva entre Corinthians e Boca, no Pacaembu. Grondona classificou Amarilla como o "principal reforço do Boca em 2013." O Corinthians foi eliminado em uma atuação desastrosa de Amarilla. Anulou dois gols e não marcou dois pênaltis claros. A partida terminou empatada em 1 a 1. O clube paulista caiu nas oitavas de final. Se seguisse até um eventual final, a projeção era que o clube poderia até arrecadar R$ 30 milhões. Com arrecadação e premiações da Conmebol. O diretor jurídico Rogério Mollica recebeu a sugestão de usar o que aconteceu com a Irlanda, nas Eliminatórias para a Copa de 2010. No dia de novembro de 2009, na partida entre Irlanda contra a França, o atacante francês Thierry Henry ajeitou a bola com a mão antes de tocá-la para William Gallas, que marcou o gol. Lance absurdamente claro. O árbitro sueco Martin Hansson ignorou a irregularidade e os protestos dos jogadores, e validou o gol irregular. E a França acabou classificada para o Mundial na África do Sul.
A Federação Irlandesa, ainda em 2009, ameaçou entrar com um recurso para tentar eliminar a partida. Invalidar a classificação francesa. Mesmo se não conseguisse, a imagem do Mundial ficaria manchada. "Nós sentíamos que tínhamos um caso contra a Fifa pela forma como aconteceram as eliminatórias, aquele gol de mão do Henry. E também a maneira como Blatter se comportou, rindo de nós. Eu falei para ele como me sentia a respeito disso. E chegamos a um acordo. Foi um acordo muito bom para a federação." As palavras foram do presidente da Federação Irlandesa, John Delaney. Desmoralizada pela revelação, a Fifa buscou o caminho da mentira. Emitiu nota avisando que havia feito um empréstimo aos irlandeses. E iriam cobrar quando eles se classificassem para a Copa de 2014. Não se classificaram e os 5 milhões de dólares, cerca de R$ 15,5 milhões, nunca voltaram aos cofres da entidade. Mas o caminho está truncado para o Corinthians repetir o mesmo feito. Primeiro porque a Libertadores de 2013 já acabou há muito tempo. O Atlético Mineiro foi campeão. Se houve esquema para ajudar o Boca Júniors, morreu já nas quartas de final, quando o Newell"s Old Boy eliminou a equipe mais popular da Argentina.

Pedir uma indenização para a desmoralizada Conmebol será mais para agradar os torcedores. Serão necessárias provas. Muito mais do que Grondona exibindo sua força escalando Amarilla. Ou o vídeo com os erros absurdos, revoltantes do paraguaio. É necessário não deixar dúvidas que o árbitro teve algum benefício para ajudar os argentinos. Dinheiro ou seja lá o que for. E isso o Corinthians não tem. Não adianta também processar a Associação de Futebol Argentina, a AFA. Advogados renomados do esporte, me dizem em off, que a entidade não pode ser responsabilizada por atitudes do seu presidente. O fato de Grondona ter morrido de problemas cardíacos no dia 30 de julho de 2014 também o torna inimputável. Nas gravações tornadas públicas pela TV América da Argentina é apenas Grondona que insinua sua força, sua manipulação. O fato de a Federação Paraguaia de Futebol afastar Amarilla até que "tudo fique esclarecido" é um alívio para os corintianos. Deixa claro para Roberto de Andrade que o juiz não conta com a confiança da federação de seu país. Mas isso, na prática, pode significar apenas precaução. Tite e os jogadores que disputaram a Libertadores de 2013 estão revoltados. Para eles ficou claro que a eliminação do Corinthians foi manipulada. Os pênaltis não marcados e os gols anulados por Amarilla continuam atormentando a memória de quem esteve envolvido naquele jogo. Conselheiros corintianos querem que o departamento jurídico descubra uma brecha para processar a Conmebol, Amarilla, a AFA. Mas o processo internacional embasado apenas nas declarções de Grondona não terá força suficiente. O próprio Amarilla sabe disso. E se mostrou tranquilo ao se defender das acusações que foi escalado para ajudar o Boca Júniors.

"As palavras destes dirigentes corruptos destroem o futebol. A gente não se mete nas coisas sujas do futebol. Para mim, ninguém ofereceu nada. Todos sabem como sou. Tenho 27 anos de carreira. Ninguém pode me acusar de nada. Os árbitros são seres humanos e podem cometer erros", disse à rádio AM 970 do Paraguai. A Associação dos Árbitros Paraguaios se manifestou. Emitiu uma nota defendendo publicamente Amarilla e os bandeiras Rodney Aquino e Carlos Cáceres que também trabalharam naquela partida. Tudo caminha no campo das suposições, da desconfiança da podridão que domina o futebol sul-americano há décadas. Grondona também disse ter escolhido o árbitro inglês Arthur Holland na semifinal da Libertadores de 1963. Deixou implícito que foi para ajudar o Independiente contra o Santos de Pelé.

Diante do atual quadro, advogados que trabalham com o futebol garantem: o máximo que o Corinthians conseguirá é o que já tem. O veto de Carlos Amarilla para suas partidas enquanto a carreira do juiz durar. Nunca mais ele trabalhará em um jogo do clube. Isso, de maneira extraoficial, a Conmebol já vem fazendo desde 2013. Infelizmente tudo parece indicar que será mais um escândalo jogado para baixo do tapete da Conmebol. O futebol sul-americano perderá mais credibilidade. Os erros futuros dos árbitros na Libertadores, na Sul-Americana despertarão ainda mais suspeitas. Enquanto não houver profissionalização dos árbitros, investigações constantes e sérias sobre sua vida, e uso de recursos tecnológicos, o futebol estará sujeito a isso. Duas pessoas podem fazer um acordo espúrio e manipular uma partida. Se Tite tivesse a possibilidade de pedir a Amarilla a verificação dos impedimentos inexistentes nos dois gols anulados e os pênaltis não marcados, ninguém estaria discutindo aquela partida perdida em 2013. Mas a corrupção, a podridão de dirigentes da Fifa e da Conmebol explicam. Não há o menor interesse nos recursos tecnológicos. Como é que os corruptos iriam enriquecer? Quanto à suspeita escalação de Amarilla, terminará no esquecimento. A verdade está enterrada no cemitério de Avellaneda...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Jun 2015 11:31:36

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