quinta-feira, 25 de junho de 2015

Prisão de Marcelo Odebrecht atrapalha renegociação do Itaquerão. E, apesar das dívidas com jogadores, Corinthians não tolerá boicote, se contratar o colombiano Téo Gutierrez...

Prisão de Marcelo Odebrecht atrapalha renegociação do Itaquerão. E, apesar das dívidas com jogadores, Corinthians não tolerá boicote, se contratar o colombiano Téo Gutierrez...




Tite está sendo um excelente negociador. De dar inveja a Joaquim Levi, o ministro da Fazenda de Dilma Rousseff. Ambos precisam lidar com a recessão. Com a grande diferença que os jogadores do Corinthians têm o poder de se manifestar. Não poderiam. Só que não suportam mais a situação complicada do clube. Só que agora, diante dos seguidos atrasos de salários e direito de imagem, desmanche, há outro componente inesperado. A possível contratação de Téo Gutierrez do River Plate. Os jogadores estão revoltados. Acompanham cada detalhe da transação. E não se conformam. Como é que o clube está para comprometer 3 milhões de dólares, cerca de R$ 9,3 milhões e mais R$ 400 mil mensais com contrato de dois anos com o colombiano, de 30 anos? Parece provocação. Aliás, o salário oferecido ao jogador coloca por terra os boatos que o clube iria fixar R$ 250 mil como teto salarial no Parque São Jorge. O técnico do River Plate, o ex-jogador Gallardo, já afirma em Buenos Aires que Téo Gutierrez não irá seguir no clube no segundo semestre. Está muito animado com a possibilidade de jogar no Corinthians. O clima ficou ainda pior depois que o próprio presidente Roberto de Andrade afirmou tranquilamente. "Qual o problema de dever para jogadores? Eles não estão incomodados. Quem estão são vocês, jornalistas. Falo com eles todos as semanas e explico a difícil situação do clube. Qual a diferença de dever para a padaria da esquina e dever para jogador?" Essa falta de consideração do presidente, revelada na ESPN, chegou até o grupo. Todos os atletas sabem que o clube está mergulhando em dívidas por causa do Itaquerão. Todo o dinheiro que passa pelas bilheterias vai para o fundo que precisa pagar o estádio bilionário. O clube depende de cotas de tevê, dos sócios-torcedores e dos patrocínios.

Há três dias, o clube acabou de acertar o patrocínio da Special Dog, empresa especializada em comida de cachorro e gato. É a quarta patrocinadora do uniforme do Corinthians, que já conta com Caixa Econômica Federal, Tim e 99Taxis. Ao todo, com exceção da Nike, fornecedora de material esportivo do clube, os patrocinadores renderão R$ 37,5 milhões até 31 de dezembro: Caixa (R$ 30 milhões), Tim (R$ 2,5 milhões), 99Taxis (R$ 3,5 milhões) e Special Dog (R$ 1,5 milhão). Os jogadores acompanham com ansiedade cada notícia envolvendo as finanças do clube. E eles esperavam que o dinheiro dos novos patrocínios, 99Taxis e Special Dog fossem para quitar as dívidas. Mas agora estão desconfiados que será desviado para a contratação do colombiano. Por isso, a tensão. Na terça-feira, Cássio rompeu um acordo entre os atletas e a direção do clube. O de não reclamar publicamente dos atrasos. De maneira muito sutil, o ex-jogador Mario Sérgio soube como arrancar do goleiro o sentimento que domina o elenco corintiano. Perguntou se ele, em vez de jogar no novo Itaquerão, preferia atuar no Pacaembu, mas receber em dia. A resposta foi seca, direta. "Sim." Mario Sérgio Paiva é pai de Bruno Paiva, um dos empresários de Guerreiro e Jadson. Ou seja, sabe muito bem como está o péssimo ambiente no Parque São Jorge. Os atletas não se conformam. Sabe que suas vidas se transformaram em um inferno desde que o clube passou a atuar no novo estádio. Pelo simples fato de que o Corinthians não sabe como resolver a dívida bilionária que fez com a nova casa.

O simples "sim" de Cássio foi motivo de longa conversa entre dirigentes e atletas. Reiteraram que não aceitam mais que, em entrevistas, se queixem dos atrasos salariais. E que, se preferirem, deixem o clube. O Corinthians foi o clube que mais se desmanchou até agora no Brasileiro. Já foram embora Guerrero, Sheik, Fábio Santos e Petros. A diretoria segue firme na decisão de forçar Elias a ir jogar no Flamengo. Não quer pagar os dois milhões de euros, cerca de R$ 6,9 milhões, ao Sporting. E nem os mais de R$ 2 milhões que deve ao volante. O clube deve um mês de salário aos jogadores. E também os direitos de imagem. Só que variam de atleta para atleta. Os casos mais graves são de Ralf, Elias, Danilo e Renato Augusto: cinco meses. Há esperança que Ralf seja negociado. Se Vagner Love e Cristian, R$ 500 mil mensais cada um, aceitassem a rescisão, seriam dispensados imediatamente. E Roberto de Andrade continua sonhando com a venda de Alexandre Pato. Com tudo isso acontecendo, o clube acertou o empréstimo de Rildo da Ponte Preta. Os atletas corintianos sabem que o empréstimo foi gratuito. O treinador Guto Ferreira não queria mais trabalhar com o atacante, por indisciplina. Seu salário será de R$ 250 mil. Nada que abale as estruturas, como Téo Gutierrez. O volante Renê Júnior está tratando um problema no púbis no clube. Quando estiver apto, será emprestado pelo Guangzhou Evergrande. Gratuitamente também.

Tite tem conversado até mais de economia do que futebol com seus jogadores. E tem pedido, insistido, que tenham paciência. Ele está convencido que os dirigentes irão resolver o mais rápido possível essa questão do Itaquerão. E que tudo melhorará. Lembra a todo instante que estão em um clube bicampeão mundial e campeão da Libertadores. Segundo o técnico, vale a pena sofrer um pouco agora para lucrar no futuro. Ele mesmo teve de engolir suas convicções. Detesta trabalhar com jovens jogadores. Mas a diretoria praticamente o obriga a aproveitar os garotos da base. Não é por acaso que Marciel, atleta de 20 anos, será um dos volantes contra o Figueirense. Colocar o jogador em campo é uma demonstração pública do treinador que está envolvido nos problemas corintianos. Mas além de pedir paciência e colocar inexperientes jogadores no time principal, Tite tem sido firme em relação a novos reforços. Tudo o que ele não precisa é que o grupo rejeite quem for contratado. Por exemplo, um boicote a Téo Gutierrez. O técnico foi firme em conversas com os dirigentes. Disse que exigirá profissionalismo. Não aceita nem pensar na possibilidade. E se perceber qualquer gesto neste sentido, tomará providências. A volta do caso Amarilla, depois de dois anos, tem até um lado muito bom para o Corinthians. Desvia o foco do momento atual. O clube segue travado, com a diretoria sonhando em renegociar o contrato com a Odebrecht. Mas a prisão do presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, na operação Lava Jato só atrapalha ainda mais essa possibilidade. O plano seria convencê-lo a liberar uma parte do que o clube arrecada no Itaquerão. Mostrar que está praticamente impossível manter um time competitivo. Não com a renda sendo desviada para pagar o estádio. A ideia surgiu de quem amarrou todo o acordo do estádio, o deputado federal do PT, Andrés Sanchez. Havia a chance do envolvimento do ex-presidente Lula, de quem Andrés e a família Odebrecht são muito próximos. Mas com a Lava Jato, a ideia teve de ser cancelada. Marcelo já se mostrava contrário a novo acordo. Agora, preso, o Corinthians é a última de suas preocupações...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Jun 2015 10:17:50

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