sexta-feira, 26 de junho de 2015

Leonardo Moura expõe o amadorismo do futebol brasileiro. Se despediu do Flamengo, se ofereceu ao Vasco, fechou com o Coritiba. Mas a Fifa o proíbe de jogar no país em 2015. E ainda transformou Eurico Miranda em vítima...

Leonardo Moura expõe o amadorismo do futebol brasileiro. Se despediu do Flamengo, se ofereceu ao Vasco, fechou com o Coritiba. Mas a Fifa o proíbe de jogar no país em 2015. E ainda transformou Eurico Miranda em vítima...




O destino e a Fifa estão se vingando por Eurico Miranda. O ditatorial presidente do Vasco pouquíssimas vezes na vida foi vítima no futebol. Ele e seu clube foram desrespeitados de maneira infantil por Leonardo Moura. A falta de bom senso do jogador provocou desnecessário constrangimento público. Discussões públicas, ameaças de agressão, amadorismo no pior sentido. Tudo desnecessário, previsível. E está acabando de forma mais constrangedora. Leonardo Moura é dono de uma carreira importante no mercado nacional. Foram 18 anos, foram 11 trocas de clubes. Inclusive com passagens por Bélgica, Holanda, Portugal e Estados Unidos. Dentro do país sempre atuou em equipes grandes: Botafogo, Vasco, Palmeiras, São Paulo, Fluminense e Flamengo. Sua identificação com a Gávea o levou a pensar em se aposentar com a camisa rubro-negra. Foram dez anos de ligação íntima. Vários títulos e muitas vezes com a tarja de capitão. Se tornou um jogador com muita identificação com a torcida. Não teve o prazer de se despedir do futebol no Flamengo, graças a Vanderlei Luxemburgo. O treinador quis que ele saísse esse ano. Não via mais a velocidade, a firmeza que precisava do lateral direito. Ao longo de sua carreira, Luxemburgo foi especialista em despachar ídolos. Sem a mínima consideração pelo que fizeram no passado. Entre eles Neto, Marcelinho Carioca e Ronaldo do Corinthians, Marques do Atlético Mineiro, Petkovic do próprio Flamengo.

Leonardo Moura ficou magoado, mas percebeu que não havia saída. Teria de procurar um clube. Ele recebeu convite de Ronaldo. O ex-jogador tem 25% do Fort Lauderdale Strikers da Flórida. A notícia vazou na imprensa antes do jogador comunicar a direção do Flamengo, o que provocou ressentimentos. Apesar de estar sendo despachado, Leonardo Moura passou a imagem que ele estava se livrando do Flamengo. O que não havia o menor sentido. Ele recebia R$ 300 mil no Flamengo. Apostando na promessa de Ronaldo, ele jogaria pelo Fort Lauderdale por "apenas"15 mil dólares, cerca de R$ 46 mil. O clube disputa a NASL, uma divisão inferior à MLS, a principal dos Estados Unidos. Arestas aparadas, a direção flamenguista resolveu fazer duas festas para a despedida do jogador. A primeira em um jogo oficial contra o Botafogo. Afinal, foram 519 jogos, 47 gols e relação de dez anos. Foram cinco títulos estaduais (2007, 2008, 2009, 2011 e 2014), duas Copas do Brasil (2006 e 2013), além do Campeonato Brasileiro de 2009 Foram 49 mil pessoas que proporcionaram uma renda de R$ 2.129.865,00. A esmagadora maioria de rubros negros. Zico fez questão de dar seu adeus. Ao lado da família, Leonardo Moura chorou muito e fez questão de declarar. "É um até breve porque quero encerrar minha carreira com a camisa do Flamengo. Estou feliz e muito agradecido a Deus por viver este momento que não esperava. Quero voltar, não sei quando, mas para vestir a camisa do Flamengo. Quero só um jogo e terminar com a camisa do Flamengo, pois não me vejo vestindo outra camisa." Ainda houve um amistoso contra o Nacional, só para o adeus ao jogador. Outra vez muito choro. E promessa de amor eterno.

Mas os anunciados três anos nos Estados Unidos não passaram de palavras vazias. Ao chegar no clube de Ronaldo, ele percebeu o quanto tudo ainda era amador. Fez dez partidas, dois gols. E resolveu. Não seguiria por lá. Sua família teria vida melhor e ainda ganharia mais atuando por aqui. Leonardo Moura sabia que Luxemburgo havia sido mandado embora. Tentou voltar ao Flamengo. Só que os dirigentes não se interessaram. Foi aí que começaram os problemas. O jogador telefonou para Romário. Eles são muito amigos. Conversaram sobre o Vasco. Foi Romário que levou Léo Moura para lá em 2002. "O Léo Moura ligou e me pediu para falar com Eurico. Dei o telefone do Eurico para ele", confirmou Romário. Os dois conversaram. E o filho do preside, Eurico Brandão e o vice de futebol do Vasco, Zé Luiz Moreira, ficaram à frente da negociação. E o lateral aceitou a proposta vascaína. Eurico, em uma coletiva de reformulação do time, adiantou que ele seria um dos novos contratados, além do ex-botafoguense Herrera. Só que a repercussão nas redes sociais foi terrível. Torcedores do Flamengo xingavam, amaldiçoaram e ameaçaram Léo Moura. Ele e sua família não esperavam tamanha reação. Falta de avaliação imperdoável. Afinal, há três meses, o jogador chorava pelo clube rubro negro. Teve a honra de duas despedidas. Apavorado, Leonardo Moura recuou. E disse que não jogaria mais no Vasco.

Eurico, com razão, se sentiu traído. "Ele não tem palavra. Quando a gente é romântico no futebol, e eu talvez seja um dos últimos românticos, acho que a palavra vale mais do que qualquer coisa. Mas, para alguns, não. "O Leonardo Moura ão recebeu proposta nenhuma. Ele que foi atrás. Foi alertado a ele essa relação com o Flamengo por uma das pessoas que ele pediu, o Paulo Angioni, e ele disse que era profissional. Agora vem com essa cascata. O Vasco nunca esteve envolvido com ele. Ele que veio procurar. E digo mais, encheu o saco do José Luis Moeira. Pediu, pediu, pediu. Se um dia ele quiser jogar no Vasco, aqui nem de graça." Desta vez, Eurico estava certo. Faltou visão a Leonardo Moura e a seu empresário Eduardo Uram. Mas o jogador não quis ficar por baixo. "Se for para contratar de boca, sem nada assinado, até o meu time de Fut 7 pode anunciar que contratou o Messi..." Ele foi tremendamente infeliz. Comparou o Vasco a um time de amador, de várzea. Nova revolta nas redes sociais. Mais ameaças. Desta vez da torcida cruzmaltina. O jogador decide sair do Rio de Janeiro. Foi para o Coritiba e exigiu um contrato de um ano e meio. Ótimo negócio para quem já tem 36 anos. O clube pressionado pelo rebaixamento, aceitou. Só que agora chegou a ironia. O artigo 5 do Regulamento da Fifa trata de Transferência de Jogadores. Nele está claro: atletas só podem disputar partidas oficiais por dois clubes na temporada. Pelo Flamengo, Léo Moura disputou o Campeonato Carioca e a Copa do Brasil em 2015. Pelo Strikers, jogou a NASL. A direção do Coritiba percebeu que não há o que fazer. E repassou o problema a Leonardo Moura e seu empresário. Se os dois conseguirem a liberação, o contrato será assinado. Caso contrário, o jogador só tem duas saídas. Ou voltar aos Estados Unidos e tentar se acertar de novo com o Strikers. Ou esperar para atuar em 2016. Aí já sem o interesse do time paranaense. Leonardo Moura fez tudo errado. Provocou desgaste desnecessário, tolo. E tudo leva a crer que, por nada. Pensou só nele. Se queimou com a torcida do Flamengo, com a do Vasco. Enquanto ele e Eurico Miranda estavam trocando acusações, o jogador não tinha mais condições de voltar ao Brasil em 2015. Para piorar, o Strikers não o aceita de volta. O futebol brasileiro é muito mais amador do que parece...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Jun 2015 08:14:05

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