segunda-feira, 15 de junho de 2015

Capitão, camisa 10, quinto artilheiro da história da Seleção. R$ 875 milhões sua multa rescisória do Barcelona. R$ 6 milhões por mês. 23 anos. Neymar sabe o quanto a Seleção depende dele. E abusa...

Capitão, camisa 10, quinto artilheiro da história da Seleção. R$ 875 milhões sua multa rescisória do Barcelona. R$ 6 milhões por mês. 23 anos. Neymar sabe o quanto a Seleção depende dele. E abusa...




Os números são frios, indiscutíveis. E igualaram Felipão e Dunga. Os dois se tornaram dependentes assumidos de Neymar. Com ele em campo, a Seleção está sem perder há 24 partidas. Cerca de dois anos. Desde que Mano Menezes o convocou pela primeira vez, em 2010, foram 45 vitórias, 12 empates e sete derrotas. Aproveitamento de 89%. Neste período, ele esteve fora nove vezes. Foram seis vitórias e três derrotas, inclusive as contra Alemanha e Holanda na Copa. Aproveitamento de 66%. E muito esperto, Neymar sabe bem dessa dependência. E abusa. Faz da Seleção o que fazia no final do seu período no Santos. E que nem pode imaginar no Barcelona. Exigiu a camisa 10 da Seleção que era de Oscar. A faixa de capitão chegou ao seu braço, como a que carrega Messi. Todas as faltas perto da grande área e prioridade é dele. Os pênaltis também. Felipão e Dunga também começaram a montar seus esquemas táticos na Seleção a partir do jogador de 23 anos. Ambos fizeram a mesma pergunta. "Como você quer jogar, Neymar?" A partir de sua resposta, os dois montaram o Brasil. Com Scolari, Neymar tinha a faixa esquerda que tanto gosta para se deliciar. O ofensivo Marcelo teve de se conter para não "roubar" espaço. Com Dunga, Neymar está absolutamente livre para flutuar por toda a intermediária ofensiva. E tem a preferência dos companheiros nos ataques e contragolpes. A ordem é procurá-lo. Além da orientação do treinador, ele exige a bola aos gritos. Estourou hoje a notícia que o Barcelona acertou a renovação de seu contrato até 2020. Seu salário vai saltar para 12 milhões de euros por ano, cerca de R$ 42 milhões. Ou R$ 3,5 milhões mensais. Fora premiações, bônus. E publicidade. A perspectiva é que ele receba cerca de R$ 6 milhões a cada 30 dias. R$ 72 milhões anuais. Se algum clube se aventurar a comprá-lo, sua multa rescisória passará 240 milhões de euros, cerca de R$ 875 milhões.

Fora tudo isso, está claro que ele deseja estar na eleição do melhor do mundo na Fifa. Sabe que Messi e Cristiano Ronaldo brigam pelo privilégio. Mas já se considera em condições de se sentar ao lado dos dois, como o terceiro. Quer "dar uma beliscadinha", como resumiu ontem. Durante o jogo contra o Peru ficou claro como será a Copa América para o camisa 10 brasileiro. Se Messi joga a bola no meio das pernas de um paraguaio, Neymar irá dar chapéu em um peruano. Um, não. Dois. Um em direção ao gol. E outro para humilhar, voltando a bola para o campo do Brasil, desperdiçando a chance do contragolpe. Não importa. Ele quer seus minutos para simplesmente aparecer. Mostrar o quanto é talentoso. E quem vai reclamar? O capitão é Neymar. Dunga é muito mais esperto do que parece. Ele finge não perceber o egoísmo do seu camisa 10. Mas para que comprar briga? Não há ninguém na atual safra brasileira que tenha metade do potencial do jogador do Barcelona. Aproveitando a fase declaratória do jornalismo esportivo, Dunga nega o óbvio e pronto. Se ele quis que o Brasil não é dependente de Neymar, está acabado. Tem a força de um mandamento enviado pelos céus. Ninguém contesta o treinador da Seleção. Se ele falou, está falado. Vence a hipocrisia. Assim que Ronaldo convidou Neymar a trabalhar com ele na 9ine, agência de marketing esportivo, o ex-jogador foi direto ao então jogador do Santos. "Você tem de marcar gols. Pênalti tem de ser seu. Melhore as cobranças de falta. Jogar bem é importante. Mas serão os gols que deixarão sua marca na história. Seja mais fominha."

O conselho dado em abril de 2011 foi levado ao pé da letra. Neymar já é o quinto maior artilheiro da história da Seleção Brasileira. Chegou ontem aos 44 gols. Só está atrás de Pelé, 95 gols; Ronaldo, 62 gols; Romário, 55 gols; e Zico, 48 gols. "Eu quero atingir marcas. Seja gols, assistências, o que for", admitia ontem o capitão da Seleção. No ambiente da Seleção, no Chile, Neymar atingiu status de ídolo dos próprios companheiros. Atletas como Roberto Firmino, Fabinho, Neto, Philippe Coutinho o tratam com uma reverência que só aumenta o seu espaço. A sua liberdade para fazer o que deseja. Não há mais veteranos como Júlio César, Fred, Maicon para controlá-lo. Mesmo Robinho, percebeu que tudo mudou. Ele já não é mais tratado por Neymar como ídolo, como era em 2011, quando jogaram juntos no Santos. O respeito acabou. É de igual para igual. Olho no olho. Hoje a referência, o centro das atenções é o garoto de 23 anos. Conseguiu o respeito mundial que Robinho tanto sonhou e não conseguiu. A hora é de Dunga se impor. Encaixar a genialidade de Neymar ao time. Não o contrário. A Seleção Brasileira não foi explorada nem por Pelé, não há cabimento se repetir o que se passou contra os peruanos. Os jogadores omissos procurarem o camisa 10 a cada roubada de bola. Precisam ter coragem de buscar o ataque, tentar o drible, o chute a gol. Sem dar satisfação ou pedir desculpa a cada instante ao melhor do time. Mesmo no baixo nível técnico da Copa América, o Brasil pode se complicar de verdade. O adversário de quarta-feira é a Colômbia. Na derrota de ontem contra a Venezuela, quem era o lateral direito? Zúñiga. O homem que tirou Neymar da Copa.

Os dois passaram o jogo das quartas-de-final se provocando, se xingando. Quando o Brasil confirmou a vitória, o que fez o colombiano? Acertou uma joelhada de propósito no brasileiro. E rompeu uma vértebra do camisa 10. E ele não pôde seguir na Copa. Não enfrentou a Alemanha e a Holanda, a Seleção de Felipão implodiu. Dá até medo imaginar o que Neymar vai tentar fazer quando tiver a bola dominada diante do violento Zúñiga. Um chapéu, uma carretilha, caneta, meia-lua? E qual a reação do colombiano? O ego inflamado do camisa 10 brasileiro pode custar novamente caro. A hora de Dunga mostrar toda a sua personalidade que adquiriu como capitão da Seleção é agora. Ele conseguiu dobrar Romário e Ronaldo. Foi companheiro de quarto dos dois no auge, quando jogava. Os cobrou e fez com que jogassem pela Seleção. É preciso fazer Neymar atuar pelo time. Dorival Júnior teve sérios problemas quando tentou enquadrar Neymar. Acabou sendo demitido do Santos e sua carreira como técnico minguou. As caretas e o balançar de cabeça públicos quando Luis Henrique o tirou de alguns jogos, não deixam dúvida que, até no Barcelona, ele quer ser tratado de maneira diferenciada. Não respeita a decisão do técnico e nem seu companheiro que o substitui.

Está cada vez mais difícil o acesso da imprensa a Neymar. A CBF o blinda como um semideus. Tem tratamento diferenciado dos outros jogadores da Seleção. Há seguranças especiais. Sabe que, com ele em campo, o Brasil ganha 50% a mais nos amistosos. Há mais audiência nas tevês de todo o planeta. Já está claro que ele quer usar a Copa América apenas para ganhar mais destaque, se aproveitar do fraco futebol dos seus marcadores. Bem piores do que os europeus que encontra na Catalunha. E, com seus lances plásticos, gols, ficar mais perto de uma indicação para melhor do mundo. Thiago Silva, a quem ouvia na Copa de 2014, é um mero reserva. David Luiz, em péssima fase, também não tem como cobrá-lo. Daniel Alves, convocado só por conta da contusão de Danilo, nem se atreve. Sabe como ele se tornou importante no Barcelona. E se cala. Cabe a Dunga colocar um freio e trazê-lo para a realidade. Fazer com que pense antes no time e depois no seu show particular. E isso está cada vez mais difícil. Romário e Ronaldo perto de Neymar eram exemplos de humildade...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Jun 2015 11:19:32

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