domingo, 28 de junho de 2015

Apesar do fracasso na Copa América, Dunga é mantido na Seleção e também na Olimpíada. Marco Polo repete a receita de Ricardo Teixeira. Sua prioridade é sobreviver na CBF. O futebol brasileiro é entregue a um técnico que lhe seja fiel. Não o melhor...

Apesar do fracasso na Copa América, Dunga é mantido na Seleção e também na Olimpíada. Marco Polo repete a receita de Ricardo Teixeira. Sua prioridade é sobreviver na CBF. O futebol brasileiro é entregue a um técnico que lhe seja fiel. Não o melhor...




Brasil eliminado da Copa América nos pênaltis para o Paraguai. Diante do fraco futebol apresentado e a queda nas quartas de final, a expectativa lógica dos jornalistas. O treinador seria demitido. Afinal faltavam três anos para a Copa do Mundo. Haveria tempo para uma mudança de filosofia. Técnicos europeus eram cogitados. Até que tocou o telefone celular do diretor de Comunicação. "Ele fica. Não será mandado embora. E acabou. Sou eu quem mando." Sim, a cena foi idêntica ao que aconteceu ontem no Chile. Mas a descrita acima, com detalhes, ocorreu na Argentina, há quatro anos. Ricardo Teixeira ligou para Rodrigo Paiva e mandou avisar Mano Menezes. Estava tudo bem. O presidente da CBF não se preocupava com a eliminação na Copa América. O trabalho seguia ótimo. O treinador seguiria tranquilo até a Copa de 2014. Até ganharia como escudo o homem que o havia colocado na Seleção. O seu compadre Andrés Sanchez seria o coordenador de seleções, um treino para sucedê-lo na CBF. Na época, Ricardo Teixeira já estava acuado. Polícia Federal e o Comitê de Ética da Fifa já vazavam acusações de corrupção. O futebol era a última de suas preocupações. Ele queria sobreviver nos cargos que mantinha. Os de presidentes da CBF e do Comitê Organizador Local. E também não ser preso, diante das denúncias.

Teixeira acabou tendo de renunciar. Seu protegido Andrés Sanchez foi humilhado até ser demitido por José Maria Marin. Mano Menezes fracassou. Tanto na renovação da Seleção como na Olimpíada. E foi mandado embora. Felipão e Parreira assumiram na improvisação. Ganharam de forma enganosa a Copa das Confederações e o choque de realidade veio na Copa do Mundo. O frio balanço para o futebol brasileiro. Pura perda de tempo. Seleção Brasileira perdida, sem rumo. Geração de jogadores fracos tecnicamente, inseguros. Dependente de um jogador tão inconsequente quanto egocêntrico, Neymar. José Maria Marin já está encarcerado na cadeia da Suíça. Marco Polo del Nero, que era seu mentor, melhor amigo, vira as costas ao octogenário sem o menor constrangimento. Tenta se agarrar ao cargo de presidente da CBF de qualquer maneira. Sonhou décadas com esse poder. E busca com advogados e presidentes de Federações e clubes alianças para continuar mandando no futebol deste país. Com medo de extradição para os Estados Unidos, graças às inúmeras acusações envolvendo a CBF, Marco Polo ficou no Brasil. Aqui, advogados garantem que o FBI e o Departamento de Segurança Norte-Americano, não o alcançam. Não terá de sair do país para dar qualquer esclarecimento.

E foi de sua luxuosa cobertura, na Barra da Tijuca, no Rio, que acompanhou a eliminação da Seleção de Dunga contra o Paraguai, ontem. A cobertura ele comprou por R$ 5,2 milhões do agente de viagem da própria CBF. Aliás, seu patrimônio imobiliário aumentou 172% desde que chegou à CBF, em 2012, como vice de Marin. Foi de lá que telefonou para Walter Feldman, secretário-geral da CBF. E mandou avisar que Dunga vai continuar na Seleção. Repetiu a atitude de Ricardo Teixeira. O principal motivo: confiança. Marco Polo sabe que Dunga está fechado com ele. Aceita qualquer adversário, qualquer condição de trabalho, a imposição de Neymar e dos principais titulares brasileiros nos amistosos que valem 1,2 milhão de dólares, R$ 3,7 milhões, à CBF. A postura do capitão campeão em 1994 é de pura gratidão a Marco Polo. Ele foi massacrado pela derrota da Seleção na Copa da África. Fez péssimo trabalho na volta ao futebol, no Internacional. Estava demitido, abandonado. Quando chegou o inesperado convite para voltar à comandar a Seleção. Diante da oferta, Dunga se tornou o mais agradecido dos homens. E não aceita críticas à cúpula da CBF. E, muito compreensivo, faz o que é pedido. Exatamente como Mano Menezes. Pessoas próximas a Marco Polo dizem que ele vive sob intensa pressão. Capaz de tornar qualquer pessoa paranoica. O presidente da CBF tem certeza que seus telefones estão grampeados. Assim como de seus familiares e das muitas namoradas, com idade para ser netas, que acumulou. Todas as contas também estão sendo investigadas. Os contratos publicitários da CBF. As relações com a Traffic do delator Jota Hawilla. O presidente da CBF também tem a desconfiança que é seguido por onde vá. Não bastassem as investigações da Polícia Federal, há os jornalistas. Tudo relacionado ao seu nome está sendo divulgado. Como o absurdo aumento do seu patrimônio imobiliário desde que chegou à CBF. Marco Polo tem 74 anos. Por mais que tome todas as vitaminas mais modernas inventadas pelo homem, a idade pesa. Ainda mais diante de tanta cobranças, denúncias, investigações. Ele não tem como se focar no futebol brasileiro. Entender realmente o que está acontecendo com a Seleção. Quer saber de sobreviver no cargo. E não quer ter o trabalho de procurar alguém com real capacidade de reformular o principal esporte desse país.

Buscar um dos melhores treinadores do mundo, algo que o fiel Dunga não é. Marco Polo sabe que eles estão na Europa. Guardiola, Mourinho, Klopp, Ancelotti, Luís Enrique. Por sua história, a Seleção não mereceria alguém com menor currículo do que esse quinteto. Mas como convencer qualquer um deles que a liberdade é restrita para montar o time? Nos amistosos, jogadores são impostos pelos organizadores? A lista de convocação precisa ser entregue antes, para aprovação, ao presidente da CBF? Que o Campeonato Nacional não para nas datas-Fifa e que há a necessidade de implorar a liberação aos clubes? Que seria ótimo que, para os patrocinadores, Neymar continuasse a ser o capitão e o camisa 10 do time? Os organizadores é quem escolhem os adversários mais lucrativos para os amistosos de formação da equipe? Como contar com o silêncio cúmplice quando qualquer detalhe da organização não der certo? Melhor seguir com a fidelidade de Dunga. Mesmo que ela não leve o futebol brasileiro a lugar algum. O técnico que responsabilizou uma virose pelo fracasso na Copa América. Que, como político, negou os fatos. O fracasso, o vexame do Brasil na competição. Considerou a participação da Seleção "ótima". E acredita estar no caminho certo. Sem conseguir levar a Seleção nem entre os quatro melhores da América do Sul. Marco Polo precisa alguém com esse perfil. Exatamente como Ricardo Teixeira precisava de Mano Menezes. Por isso entrega não só a Seleção Principal do País como a Olímpica. Exatamente como fez o ex-genro de João Havelange. Enquanto presidentes da CBF priorizem sobreviver, escapar de denúncias, parceiros viciados como os presidentes de Federações, o treinador da Seleção não terá independência. Será um homem que aceite as amarras, as limitações, os compromissos.

E como a Natureza não foi generosa desta vez, não há excepcionais jogadores que disfarcem a vergonhosa situação. Por isso, Marco Polo repete Ricardo Teixeira. Como Mano Menezes um dia foi confirmado, após o fracasso na Copa América, agora é Dunga que está mantido. Não foi Mano quem chegou à Copa do Mundo. Pelo que mostrou até agora, em jogos oficiais, com Dunga, há outra incerteza. A de que o Brasil passe pelas Eliminatórias e chegue à Copa da Rússia. Mas esta é a última preocupação de Marco Polo del Nero. Um brinde à fidelidade de Dunga...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 Jun 2015 12:21:32

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