segunda-feira, 15 de junho de 2015

Mesmo individualista, Neymar decidiu. O Brasil mostrou inaceitável dependência do seu camisa 10. Jogou mal. Mas venceu o Peru por 2 a 1. Foi mais angustiante do que animadora a estreia na Copa América...

Mesmo individualista, Neymar decidiu. O Brasil mostrou inaceitável dependência do seu camisa 10. Jogou mal. Mas venceu o Peru por 2 a 1. Foi mais angustiante do que animadora a estreia na Copa América...




A dependência de Neymar foi assustadora na estreia do Brasil na Copa América. Era como se as jogadas ofensivas tivessem obrigatoriamente de passar pelo camisa 10. Esse absurdo acabou complicando a estreia da Seleção contra o limitado Peru. O jogador do Barcelona foi fundamental. Marcou um gol, acertou o travessão e ainda deu excepcional passe para Douglas Costa concretizar a vitória, de virada por 2 a 1, aos 46 minutos do segundo tempo. Mas tirando esses lances agudos que deram certo, Neymar individualista ao extremo, querendo mostrar seu talento, atrapalhou, travou inúmeras jogadas ofensivas brasileiras. Dunga precisa urgentemente fazer com que ele passe a jogar pelo time. E a equipe não fique tão dependente da estrela do Barcelona. Não há cabimento. Dunga precisa mostrar que é treinador. Dar, urgente, opções para o time. Caso um adversário consiga anular Neymar ou mesmo ele se machuque, como aconteceu na Copa do Mundo, o Brasil dá toda a impressão que não saberá o que fazer. A vitória na estreia na Copa América foi mais angustiante do que animadora. Os planos de Dunga tiveram de ser mudados em cima da hora. Philippe Coutinho não se recuperou de dores na coxa esquerda. O técnico resolveu escalar o polivalente Fred. E não o ofensivo Douglas Costa. O técnico sabia da pressão da estreia e acreditou precisar de uma equipe compactada para evitar surpresas. Sua aposta era que o lado técnico, decidiria. Afinal, o Brasil era muito superior aos peruanos. Desde os primeiros minutos da partida ficou evidenciada a dependência de Neymar. O principal jogador do Brasil e um dos melhores do mundo tinha total liberdade. E abusava dela. Misturava demonstração de talento com puro egoísmo e desprezo ao adversário. Uma das estrelas do Barcelona queria humilhar os peruanos. O Brasil entrou em campo no 4-1-4-1. Com sua linha de zaga tradicional, Fernandinho protegendo o miolo da zaga. Willian pela direita, Elias pelo meio, Fred pela esquerda. Neymar flutuando por toda a intermediária ofensiva. E Tardelli na frente. O argentino Gareca, ex-Palmeiras, tratou de montar seu time no 4-5-1. Nada mais óbvio. Ele queria travar o toque de bola brasileiro. Sabia que o grande problema era Neymar. Único jogador com talento suficiente para desequilibrar, fazer algo inesperado.

Sanchéz, Cueva e Farfán deixavam sua técnica de lado. E se desdobravam com a alma para fechar o espaço. Evitar tabelas, infiltrações. Gareca precisava travar a esquerda porque Daniel Alves foi chamado de última hora. E substituiu Danilo. O Brasil seria mais agudo por lá. Filipe Luís não, é muito defensivo. Guerrero, único atacante, enfrentar toda a defesa de Dunga. Estava claro que os peruanos jogariam por uma bola parada, alguma contragolpe perfeito, depois de jogada individual. Na teoria estava tudo certo. A Seleção deveria pressionar os peruanos e se precaver com os contragolpes. Mas aos dois minutos, David Luiz e Jefferson colocaram tudo a perder. O zagueiro, acossado, recuou bola perigosa para o o goleiro. Em vez de dar um chutão, Jefferson tentou sair jogando. Deu passe para Cueva chutar para as redes. 1 a O, Peru.

O lance teria potencial para mexer profundamente com a partida. Deixar o Brasil tenso, o Peru mais confiante. Mas um mero detalhe não permitiu esse cenário. O empate veio exatamente dois minutos depois. E com comportamento infantil da fraca defesa peruana. Um contragolpe brasileiro, como se fosse do Barcelona. Daniel Alves cruzou livre da ponta direita. Neymar chegou mais solto ainda, da intermediária até a área, para cabecear. 1 a 1. Lance previsível. E se havia um jogador que não poderia estar desmarcado era o camisa 10 brasileiro. A previsão era que a equipe de Dunga estaria recuperada emocionalmente e controlaria o jogo. Só que nada disso aconteceu. Os jogadores simplesmente passaram a responsabilidade para Neymar. Foi cansativo. O capitão da Seleção queria mostrar seu talento com a bola dominada. Dar chapéus. Driblar um, dois. Até perder a bola. Os lances que a tevê cansará de passar amanhã serão aqueles que deu certo. Mas o camisa 10 desperdiçou inúmeros ataque com seu egoísmo. Seus omissos companheiros não reclamavam. Sabiam que ele tem liberdade dada por Dunga para fazer o que bem desejar. De nada adiantava o Brasil adiantar a marcação, roubar a bola e ela cair com Neymar. Dribles e mais dribles desnecessários. O que colaborava era frágil defesa peruana. Muito ruim tecnicamente e ingênua. Dava todo espaço para Neymar. Aos 12 minutos, ele só não marcou o segundo gol porque Zambrado salvou em cima da risca. A partir daí, ele partiu para sua exibição para a tevê. Chapéus em vez de tabelas, dribles, no lugar de passes para Tardelli livre. O time não só aceitava, como quando qualquer um roubava a bola, procurava Neymar. E a sequência se repetia. Não bastasse querer jogar sozinho, Neymar passou a ter um duelo pessoal com o árbitro mexicano Roberto García. O capitão brasileiro simulou faltas, discutiu, reclamou, esbravejou. Só sossegou quando García mostrou o cartão amarelo.

O primeiro tempo terminou em 1 a 1. Ufanistas elogiavam Neymar. Mas não percebiam o quanto jogou pensando apenas nele. Estranho também foi o comportamento de Dunga. Ele parece se encaminhar para a dependência de Felipão em relação ao camisa 10, como na Copa do Mundo. O Brasil voltou para o segundo tempo marcando ainda mais à frente. Gareca deve ter gostado muito dos brasileiros na sua curta passagem pelo Palmeiras. Bonzinho, continuava deixando Neymar livre. O jogador acertou o travessão peruano aos sete minutos. Continuaria a ter espaço para dribles e chutes a gol. Mas sua atuação desestimulou o jogo coletivo brasileiro. A troca de bola lenta, irritante. Os peruanos percebiam que não precisavam se preocupar com Fred, Willian, Diego Tardelli, Daniel Alves, Filipe Luís, Elias. O marasmo dominava o Brasil. Dunga finalmente acordou e trocou Tardelli por Douglas Costa. Mandou Willian para a esquerda e centralizou de vez Neymar. Ou seja, ele receberia ainda mais bolas. Logo Roberto Firmino entrou no lugar de Fred. Aos 29 minutos, outra jogada aguda de Neymar deu certo. E ele deixou Douglas Costa livre para marcar. Mas ele chutou para fora. Aos 44 minutos, o camisa 10 estava cara a cara com o goleiro Gallese. Mas teve a coragem para bater pela linha de fundo. Quando os peruanos já comemoravam o empate. Outra vez livre, Neymar dominou a bola. Invadiu a defesa e encontrou Douglas Costa sozinho diante do gol peruano. Desta vez, o toque saiu preciso. 2 a 1, Brasil. Neymar será endeusado. Cantado em verso e prosa. Mas não há cabimento o que aconteceu no Chile. A Seleção Brasileira não pode ser tão dependente de um só jogador. Nem com Pelé, ela agia assim. Mas talvez por ter jogadores menos omissos. E treinadores mais efetivos do que Dunga. A estreia do Brasil na Copa América de 2015 foi assustadora...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Jun 2015 20:35:02

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