quinta-feira, 4 de junho de 2015

Faltando 33 rodadas para o Brasileiro acabar. E a participação na Copa do Brasil sequer começar, Tite avisa. Sem dinheiro e com desmanche, 2015 acabou para o Corinthians...

Faltando 33 rodadas para o Brasileiro acabar. E a participação na Copa do Brasil sequer começar, Tite avisa. Sem dinheiro e com desmanche, 2015 acabou para o Corinthians...




"Não tem que jogar. Depois se machuca e nós somos obrigados por lei a prorrogar o contrato. Não joga." Foi assim que o ex-presidente e homem que manda no Corinthians há dez anos, Andrés Sanchez, se referiu a Guerrero. E o peruano não teve sua vontade satisfeita de se despedir contra o Palmeiras, domingo passado. Andrés também foi contra a renovação de Emerson Sheik. E o jogador passou a não mais atuar com a camisa corintiana. Ele e Roberto de Andrade ficaram histéricos ao saber que o endividado clube teria de pagar R$ 2,7 milhões aos agentes de Ralf. Eles ganharam na justiça esse dinheiro. O motivo: em 2012, o Corinthians estava encantado. Venceu a Libertadores e o Mundial. A Fiorentina ofereceu 4 milhões de euros, cerca de R$ 14 milhões pelo volante. O ex-presidente Mario Gobbi exigiu 6 milhões de euros, R$ 21 milhões. Os italianos desistiram. O clima ficou tenso, mas Gobbi prometeu comprar a parte dos agentes como se o clube tivesse aceito 4 milhões de euros. Eles tinham direito a 32,5%, 1,9 milhão de euros, R$ 6,7 milhões. Seriam 245 mil euros, cerca de R$ 867 mil, à vista. E mais 12 parcelas de 140 mil euros, R$ 495 mil. A dívida, se honrada, terminaria em julho de 2013. Mas o Gobbi pagou seis parcelas. As seis restantes "esqueceu". E os empresários do jogador entraram na Justiça. Ganharam a ação. São R$ 2,8 milhões mais quatro meses de direito de imagem e um mês de salário atrasado. São cerca de R$ 4 milhões a pagar a Ralf e seu staff. A solução: se livrar também do jogador. E ele deixou de ser titular no vexame contra o Grêmio, ontem em Porto Alegre. Não atuou na derrota por 3 a 1. O jogador fará 31 anos em cinco dias. Seu contrato termina no final do ano. A ordem da diretoria é não só não renovar, como se livrar dele. Está aberta a negociar. O Cruzeiro, antes de Luxemburgo, havia se interessado. Atualmente nenhum clube da Europa se mostra disposto a comprá-lo. Ralf tem procurado evitar declarações. Mas está profundamente magoado pela maneira com que está sendo tratado. Campeão mundial e da Libertadores, esperava mais consideração do clube. Não ser afastado, desvalorizado. Danilo fará 36 anos daqui uma semana. A diretoria também não quer renovar seu contrato. Tite já foi avisado. Ele já era reserva muito tempo. Andrés e Roberto de Andrade farão de tudo para vender Gil na janela do meio do ano para o futebol europeu. Felipe está sendo insistentemente oferecido ao futebol italiano. Elias está sendo pressionado a aceitar voltar ao Flamengo.

Os demais jogadores do elenco sabem o que está acontecendo. E também estão preocupados, decepcionados com a postura da diretoria com atletas que foram campeões mundiais há dois anos em meio. Sem a menor consideração, cuidado. O ambiente que já estava péssimo, ficou pior com as derrotas. O acordo do Itaquerão continua sangrando as finanças do futebol. A Odebrecht não aceita mudar o contrato. Quer que toda a arrecadação, quando o time atue em casa, continue sendo destinada ao pagamento da arena. Sem os R$ 400 milhões de naming rights e mais os R$ 420 milhões em CDIs prometidos por Kassab travados pelo Ministério Público, a situação beira o insustentável. Tite resolveu abrir a boca após a derrota ontem em Porto Alegre. No estado em que nasceu, diante da imprensa que conhece bem, não quis mais se controlar. Repassou a culpa a quem de direito: a diretoria. E abriu mão do resto do ano. O Corinthians não aspira título do Brasileiro, da Copa do Brasil e nem ficar entre os quatro da Libertadores. A missão que o treinador expôs será apenas reformular a equipe. E apenas evitar o rebaixamento.

"O presidente (Roberto de Andrade) deu um passo para trás agora para dar dois à frente no ano que vem." De maneira cifrada, está clara a desistência dos objetivos mais importantes por falta de condição financeira. Pode parecer uma loucura. Afinal, o Brasileiro ainda está na sua quinta rodada. Faltam 33 jogos ao Corinthians. A Copa do Brasil ainda nem começou para os times eliminados da Libertadores. Tite sabe que não pode se comprometer com conquistas, com uma reformulação tumultuada, sem o menor planejamento, amadora. Com os jogadores entrando em campo com algo que não estavam acostumados: com direitos de imagem e salários atrasados. O treinador não vai desistir, pedir para sair. Sabe que Roberto de Andrade teve uma briga feia com Gobbi. O ex-presidente exigia a permanência de Mano Menezes. Roberto e Andrés quiseram Tite. E agora há a dívida moral. A direção, sem recursos, procura se aliar a empresários interessados a usar o clube como vitrine. Basta dar uma porcentagem de seus atletas e o Corinthians está de portas abertas. Mesma estratégia utilizada por vários times pequenos deste país.

Outra atitude prática. Apesar de não gostar, Tite terá de olhar com mais atenção a categoria de base. Utilizar os meninos campeões da Copa São Paulo, os vencedores do Brasileiro sub-20. E ponto final. Tite tem se mostrado fiel a Roberto de Andrade. Mas decidiu que não arcará com toda a cobrança. A decadência do time está absolutamente vinculada à desgraça financeira provocada pelo Itaquerão. Ele não falará com todas as letras. Mas não pode prometer o que não tem condições de entregar. Um time competitivo, vibrante, feliz. Os jogadores estão sem receber. Tensos, irritados, pressionados. O próximo jogo será no sábado, contra o Joinville, lanterna do Brasileiro, em Santa Catarina. As organizadas prometem seguir protestando pela falta de resultados. Tite se preservou. Não quer cobranças de conquistas em 2015. Seis meses antes do ano terminar. É uma postura que deveria ser inadmissível a um treinador do Corinthians. Mas, diante da realidade financeira do clube, apenas reflete a realidade. Com um estádio para pagar, promovendo um desmanche público e sem dinheiro para pagar em dia os atletas, técnico algum poderia prometer nada além do que tentar não ser rebaixado no Brasileiro...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Jun 2015 12:41:02

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