sexta-feira, 5 de junho de 2015

Aos 42 anos, Rogério Ceni renova até dezembro. A pedido do colombiano Osório. O vaidoso líder, exige a conquista do sétimo Campeonato Brasileiro. Quem ousa duvidar do maior ídolo do São Paulo?

Aos 42 anos, Rogério Ceni renova até dezembro. A pedido do colombiano Osório. O vaidoso líder, exige a conquista do sétimo Campeonato Brasileiro. Quem ousa duvidar do maior ídolo do São Paulo?




O design da fabricante norte-americana Under Armour é mais justo. Slim fit, como dizem os estilistas. Principalmente a de futebol. Foi feita para destacar os músculos de quem a veste. Principalmente se for jogador profissional. Os estilistas norte-americanos sequer poderiam cogitar estar desenhando camisas para um homem de 42 anos. Com seus hormônios muito diferentes de um garoto de 18 anos. Que não pode mais treinar como adorava para não sentir dores nos ombros, nos tornozelo, nos joelhos. E que é submetido a um stress absurdo. Primeiro na vida pessoal. A imagem cultivada de casal de propaganda de margarina não existe mais. O casamento foi desfeito com a descoberta de um filho com outra mulher. Acabou humanizado, mas a idolatria absoluta, até dentro do clube acabou. Quantas vezes ele não entrou nos jogos carregando suas gêmeas, filhas da união estável? E por que não o filho, nascido da relação paralela? Ídolo tem sua vida devassada. Para o bem ou para o mal, ele é exemplo de milhões de adolescentes neste país. Rogério Ceni ameaçava abandonar a carreira há pelo menos sete anos. Só que mais uma vez ele adiou. A diretoria, orgulhosa, anuncia. Ele ficará até dezembro. Completará 25 anos de São Paulo. Mas ele quer ir além. Deseja a conquista do sétimo Campeonato Brasileiro. Seus recordes vão aumentando. São absurdos 1.214 jogos pelo São Paulo. 128 gols, décimo artilheiro da história do clube, ao lado de Raí. Nunca um goleiro na história do futebol mundial ousou marcar tantos gols. O grande trunfo de Rogério Ceni sempre foi sua inteligência. Ele sabe que suas defesas mais difíceis, impossíveis, como contra o Liverpool, dependem de duas coisas. Treinamento intensivo e motivação.

"Tudo o que ele faz na vida é intenso. O Rogério é uma pessoa que não faz nada pela metade. Vai sempre no seu limite", revela o preparador de goleiros do São Paulo e parceiro do jogador há 14 anos, Haroldo Lamounier. Fiel até a medula a Ceni, Haroldo nunca o irá criticar pela falha absurda no segundo gol do Santos, no clássico de quarta-feira. Sabe o quanto ele está se cobrando. E como exigirá bolas chutadas das laterais da área, como no gol de Ricardo Oliveira. Não foi por acaso que pediu desculpas após a falha. Para a torcida, para os companheiros. Estava envergonhado. Quem conhece Rogério sabe: o que mais detesta é se desculpar. Nem o gol que decidiu o clássico, de pênalti, compensou a tristeza do frango.

Rogério Ceni estava profundamente decepcionado como o São Paulo estava sendo conduzido em 2015. Carlos Miguel Aidar sabia desde o ano passado que Muricy Ramalho estava adoentado. Das dores que ele sentia e o quanto se sacrificava comandando o time. Não podia ser o mesmo. Mas o dirigente foi muito arguto. Desejava que o próprio treinador demonstrasse que deveria se afastar. Assim não ficaria comprometido em segurar o seu emprego, contrataria um técnico estrangeiro, como sempre desejou. Foi o aconteceu. Muricy foi no seu limite. Mas sua diverticulite implodiu a preparação do São Paulo no ano. E o clube, justo naqueles que deveriam ser os últimos meses de Rogério Ceni, foi comandado por alguém que não queria ser o técnico. Milton Cruz nunca se sentiu à vontade. Sabe que nasceu para ser auxiliar. Não comandante de uma equipe tão importante. Não por acaso, vieram as eliminações no Paulista e na Libertadores. Orgulhoso não deseja sair por baixo. Uma carreira tão fantástica se apagar após em jogo perdido em agosto. Ousado, ele chegou a acreditar que seu adeus seria levantando a taça da Libertadores pela última vez.

O vice de marketing Douglas Schwartzmann e seu diretor, o mecenas Vinícius Pinotti conversaram com Carlos Miguel Aidar. O presidente não tem 5% de intimidade com Ceni, como tinha seu mentor e agora inimigo, Juvenal Juvêncio. Mas sabe da importância do jogador. Schwartzmann e Pinotti disseram que o endividado clube poderia fazer muito dinheiro com a despedida de Ceni. Desde que ela fosse esticada até dezembro. Seriam mais cinco meses de atividades, promoções. Peladas com torcedores cheios de dinheiro no Morumbi. Jantares caríssimos com direito a autógrafos, fotos e abraço. Mais venda especial de sua última camisa. Fora organizar com calma um jogo de despedida de Ceni para encher o Morumbi. Com preços significativos. Entre conselheiros mais íntimos da presidência, a frase já é famosa: "ganhar com Ceni tudo o que o Palmeiras poderia ter lucrado com a despedida de Marcos. E não lucrou". Rogério também falou por horas com Schwartzmann e Pinotti. Inteligente, percebe que o clube não é um primor com seus ídolos. Luís Fabiano sairá pela porta dos fundos. Kaká não teve o carinho de uma despedida digna, marcante. A representatividade de Ceni é mesmo a de maior ídolo do São Paulo. E resolveu apostar, renovar.

Mas não quer ser exposto como um objeto de antiguidade. Um leão sem dentes de circo. Pelo contrário. Ele avisou aos dois e a Aidar que se convenceu. Deseja ter o último contrato. Ganhar mais cinco salários de R$ 700 mil até dezembro. Mais R$ 3,5 milhões não farão mal à sua bem tratada conta bancária. Só que deseja uma arrancada final nestes últimos seis meses de carreira. Em conversas íntimas com o novo treinador Osório, ouviu do colombiano que ele é fundamental nesta sua adaptação ao futebol brasileiro. Será o seu representante junto aos jogadores. Seu capitão e treinador dentro do campo. Suas orientações serão tão importantes quanto os bilhetinhos que deverá continuar a passar durante os jogos. Rogério adorou o que ouviu. Mas já deixou claro, inclusive para Dênis, que vai seguir. Como antecipou o blog, por causa da operação do seu eterno reserva. Não há a certeza dos médicos que ele estará bem em agosto para jogar. A recuperação da cirurgia no ombro é lenta. E a diretoria do São Paulo não tem confiança para dar o gol ao jovem Renan. A melhor saída é mais uma prorrogação de contrato do ídolo de 42 anos. A visão privilegiada de futebol e o ego se juntaram. E fizeram Ceni acreditar. O São Paulo pode sim conquistar o derradeiro título neste seu final de carreira. Não há hoje um grande time no Brasil. No Morumbi há um elenco competitivo à espera de um técnico vitorioso.
Apesar da barriga saliente, que a camisa entrega, Rogério Ceni está entusiasmado como nunca. Tem a liberação de Aidar e Osório para fazer o que quiser com os companheiros. Preleção, conversa particular, troca de ideia sobre posicionamento. E principalmente cobrar dedicação, empenho, alma. E o ídolo já avisou ao departamento de marketing. Não vai sacrificar seus treinos ou perder tempo em promoções que considerar estúpidas, desnecessárias. Quer ações dignas de sua idolatria. Há consenso em relação à despedida em campo valendo pontos, ou título, como sonha. E outra em amistoso, em janeiro, provavelmente contra um combinado de ex-jogadores do Liverpool. E reviver no Morumbi a final do Mundial de 2005. Com direito a convidados ilustres, como Kaká, Raí. Tudo organizado com calma. Para ser marcante, digno como quer o goleiro. E lucrativo, como deseja Aidar. Até porque há algo muito significativo. Ele não sabe de verdade o que fazer depois do futebol. Um dia acorda desejando ser dirigente para não se queimar como técnico. No outro, acredita que sabe muito taticamente para não ser treinador. Ganhou mais cinco meses e R$ 3,5 milhões para pensar. Não é por acaso que hoje há festa no Morumbi. Seu maior ídolo ganhou mais seis meses de sobrevida. Se serõ os últimos? Ninguém em sã consciência pode garantir. E se o time se classificar para a Libertadores? Não se pode duvidar desse fenômeno batizado Rogério Mücke Ceni...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Jun 2015 13:27:44

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