terça-feira, 10 de maio de 2016

A realidade sobre o Itaquerão. Do R$ 1,2 bilhão que custou o estádio, o Corinthians, suando sangue, só conseguiu pagar 6% em dois anos. A situação é caótica, como temiam os conselheiros...

A realidade sobre o Itaquerão. Do R$ 1,2 bilhão que custou o estádio, o Corinthians, suando sangue, só conseguiu pagar 6% em dois anos. A situação é caótica, como temiam os conselheiros...




Um das maiores reclamações dos conselheiros do Corinthians não está nas eliminações. Nos cinco mata-matas que a equipe de Tite fracassou no Itaquerão. O rancor vem das contas do estádio de R$ 1,2 bilhão. Não há clareza. Ninguém poderia sabia afirmar quanto o clube pagou, quanto deve, como vai sanar sua contabilidade. Os dados seguem sendo controlados pela altíssima cúpula. Nem todos os membros da diretoria têm acesso aos números. Eles são tratados como segredo de estado. Pertencem a Andrés Sanchez, o grande articulador da construção da arena. Foi quem conseguiu com o apoio escancarado do ex-presidente do Brasil, Lula, e do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Lula conseguiu o comprometimento da Odebrecht. E Teixeira, de Blatter, ex-presidente da Fifa. Ricardo queria expurgar o Morumbi, estádio que pertence ao São Paulo. O falecido Juvenal Juvêncio era seu inimigo. E Andrés, seu maior aliado no país. Ricardo o queria como sucessor na CBF. O tempo passou, Teixeira teve de renunciar à CBF, Lula está sendo ameaçado de prisão, Andrés Sanchez se tornou deputado federal pelo PT. E o estádio está construído. A finanças corintianas seguem cada vez pior. Por causa do acordo envolvendo o Itaquerão. O acordo para sua construção é considerado, por administradores, como uma das piores transações na última década. Feito por amadores precipitados, que não levaram em consideração a recessão que dominava grande parte do mundo civilizado. A falta de visão se chocou com a arrogância de imaginar que o Brasil continuaria como um oásis em relação ao resto do planeta. Quando ficou claro que o oásis era artificial, mantido com subsídios que o país não poderia manter mais, a conta veio. E atingiu em cheio o Parque São Jorge. "Fizemos o acordo para pagar o estádio em 12 anos. Mas tenho certeza que não levaremos esse tempo todo. Em sete anos, tudo deve estar liquidado. Talvez até menos", dizia Andrés.

Iludido, ele acreditava que tudo seria fácil demais. O ex-prefeito Gilberto Kassab ofereceu R$ 420 milhões em CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento). Ou seja, Kassab teve a coragem de autorizar que R$ 420 milhões de impostos que deveriam beneficiar a população da capital de São Paulo ficaria com o estádio. Para o prefeito, empresas com dívidas com a prefeitura fariam fila para comprar esses CIDs do Itaquerão. Lógico que o Ministério Público viu a indecência na transação. Como o dinheiro público pode ser desviado para ajudar um clube particular? Como neste país tudo é possível, houve uma primeira derrota na ação que o MP fez contra a doação. Novas estão sendo articuladas. Na recessão que o Brasil está mergulhado, o IBGE mostra que há 10,2% da população ativa desempregada, os CIDs estão sendo vistos como papéis de altíssimo risco. Podem se transformar em dinheiro jogado fora. Basta o Ministério Público conseguir provar a ilegalidade da doação. Promotores garantem que entrarão com novas ações. Andrés viu esses R$ 420 milhões evaporarem. Para tentar incentivar os empresários, a própria Odebrecht comprou R$ 24,8 milhões no ano passado. Mas ninguém caiu neste truque. Desde então, empresa alguma colocou um centavo nestes CIDs. Andrés também somava R$ 400 milhões no naming rights. A promessa vem desde junho de 2010. Logo após o anúncio que o Morumbi estava fora da Copa. Seis anos. Viagens pelo mundo todo e nada de concreto. Só promessas vazias de pessoas ligadas ao deputado, que passam "barrigadas" para jornalistas. Foram inúmeras manchetes desmentidas.

As três mortes na construção da arena, o desabamento de meia tonelada do teto já pesavam contra. O vice-presidente André Luiz de Oliveira, levado pela Polícia Federal, para prestar depoimento sobre a operação Lava Jato. Os seis anos que a população chama o estádio de Itaquerão. A recusa da Globo, dona do monopólio do futebol, em citar nas transmissões o nome do eventual novo dono do nome do estádio. Tudo isso desespera Andrés. E inviabiliza a venda dos naming rights. Dos R$ 820 milhões que o dirigente tinha a certeza que conseguiria em um estalar dos dedos, só R$ 24,8 milhões. Pagos pela empresa que construiu o estádio. E está com seus donos presos por corrupção na Operação Lava Jato. Nos últimos anos virou rotina os atrasos de salários e direito de imagens dos atletas. Assim como os desmanches. Jogadores vendidos, a preço de banana, como Renato Augusto, Gil, Jadson, Vagner Love, Malcom. Ou sem renovar contrato, como Guerrero. E a diretoria afirmar que não há dinheiro para grandes contratações. Mas como se nos dois anos de uso do Itaquerão, o Corinthians arrecadou cerca de R$ 137 milhões no seu estádio? Lucro de R$ 78 milhões, eliminando as despesas e impostos. Esse dinheiro vai integralmente ao Fundo que administra o pagamento da dívida. A Odebrecht tomou o dinheiro emprestado junto ao BNDES. A Caixa deu seu aval à transação do estádio corintiano. Andrés aceitou que toda a arrecadação fosse desviada para o pagamento do estádio.

Só que o dinheiro é insuficiente para o prazo sonhado pelo dirigente. As parcelas mensais acertadas são de R$ 5,5 milhões. Já foram pagos até agora, R$ 49,5 milhões. A Folha revela que "o fundo que administra o pagamento do estádio pediu no início do ano uma carência extra de 17 meses para pagar as parcelas ao BNDES. A alegação é que o clube teve carência menor (19 meses) que a dos empréstimos para outros estádios da Copa (36 meses). Foi uma jogada de mestre. Enquanto o questionamento não é resolvido, o Corinthians está desobrigado legalmente a pagar as parcelas. Já não pagou a de abril, não pagará a de maio. E provavelmente a de junho. O pior é que os juros estão subindo. Para quem deseja saber como está a situação do Itaquerão, o resumo é simples. E merece sim muita preocupação dos conselheiros corintianos. Do custo total, R$ 1,2 bilhão foram pagos R$ 74,3 milhões. Como a Folha resumiu muito bem. Em dois anos apenas 6% foram pagos do estádio. Restam dez anos para que o acordo seja cumprido. Com a eliminação precoce da Libertadores, nas quartas, cerca de R$ 12 milhões foram para o ralo. A pressão dos dirigentes é que o time vença a Copa do Brasil ou o Brasileiro. Para amenizar a situação.

Os juros não param de crescer. Os conselheiros e sócios têm motivo de sobra para se preocupar. A situação é complicadíssima. É fácil entender porque poucas pessoas tinham acessos a estes dados.
O Corinthians tem sua vida financeira amarrada. Travada pelo Itaquerão.

O estádio dos sonhos virou pesadelo.

Por um acordo amador.

Assinado por pessoas sem noção da realidade.

Talvez algumas contassem com ajuda externa.

Só que ela não chegará...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 May 2016 11:27:06

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