terça-feira, 17 de maio de 2016

O fracasso do projeto de R$ 42 milhões. O Flamengo quer se livrar de Guerrero. Empurrá-lo para a China ou Oriente Médio. O sonho é recontratar Hernane Brocador. Sem mídia, sem pose. Mas eficiente e baratinho...

O fracasso do projeto de R$ 42 milhões. O Flamengo quer se livrar de Guerrero. Empurrá-lo para a China ou Oriente Médio. O sonho é recontratar Hernane Brocador. Sem mídia, sem pose. Mas eficiente e baratinho...




Em agosto de 2014, o Flamengo vendia Hernane. Com o maior prazer. O "Brocador" era motivo de ironias e piadas da própria torcida. Incapaz de driblar, tabelar, infiltrar. Artilheiro das antigas, que depende exclusivamente dos companheiros. De cruzamento, lançamento, assistência. A diretoria aceitou satisfeita a proposta feita pelo Al Nassr da Arábia Saudita. R$ 14 milhões. Metade para o Flamengo e a outra parte dividida entre o empresário do atleta, Paulo Pitombeira, e o Mogi Mirim. Àquela altura, a diretoria de Eduardo Bandeira de Mello acompanhava o que acontecia no Corinthians. A renovação de Paolo Guerrero já se mostrava quase impossível. Com os agentes rompendo com o então presidente, o delegado Mario Gobbi. O sonho era trocar o tosco Hernane pelo refinado, midiático Guerrero. O marketing do clube carioca o que queria transformar no maior ídolo do futebol brasileiro. Em uma operação envolvendo R$ 42 milhões, o peruano tatuado foi parar na Gávea. No Rio, recebeu R$ 700 mil mensais e o contrato de três anos que tanto queria. É verdade, a diretoria prometeu que contrataria jogadores importantes. Ele seria o chamariz de uma equipe forte, competitiva, com potencial para ser a melhor do Brasil. Não foi o que aconteceu. Cristóvão e Oswaldo de Oliveira tiveram um time fraco. E com Guerrero sacrificado. Como maior estrela, arcou com as cobranças de torcida, mídia e da própria diretoria. Eduardo Bandeira de Mello já assumiu. Não conhece profundamente esse esporte chamado futebol. Sua formação acadêmica o fez excelente em questões do Meio Ambiente e economia, o que demonstrou trabalhando décadas no BNDES. Tivesse um pouco mais de conhecimento técnico saberia que Guerrero pode ter uma bela estampa. Ser fotogênico. Usar ternos Armani, comprar uma mansão de R$ 10 milhões no condomínio Lagoa Mar Azul, um dos mais belos do Rio de Janeiro. Despertar a atenção dos paparazzi por onde vá.

Mas dentro do campo, o atacante é como um Brocador refinado. Ele tem mais técnica. Sabe tabelar, driblar, infiltrar. Mas também é grande dependente do time. Quando perde a paciência e diz que não joga sozinho, é verdade. Ele está completamente isolado na frente. De uma equipe ruim, fraca, que não condiz com a força do Flamengo. Pobre iludido quem envolveu R$ 42 milhões do Flamengo acreditando que Guerrero resolveria os profundos problemas de elenco. As coisas pioraram quando foi contratado Muricy Ramalho. Ter um grande técnico e um artilheiro importante está longe de ser suficiente para grandes conquistas. E até mesmo pequenas, como a Primeira Liga ou o Campeonato Carioca. Guerrero foi trunfo para a reeleição de Eduardo Bandeira de Mello. Além da digna postura de cortar drasticamente as dívidas rubro negras, qualquer presidente precisa ter grandes jogadores na Gávea. Ao menos para dar esperança à torcida. Só que a esperança virou frustração. Foram dois longos jejuns. Daqui a 12 dias, ele completará um ano de Gávea. E seus números são vergonhosos. Para a expectativa que gerou. Apenas 13 gols. Quase um mísero por mês. Ainda restam dois anos de contrato. O jogador já tem 32 anos. Quando o diretor do Flamengo, Rodrigo Caetano, se expõe e, em pleno encontro da Associação Brasileira de Executivos de Futebol, pede auxílio à CBF para ter de volta Hernane, a situação fica explícita. O clube assume o fracasso da contratação de Guerrero.

Demorou, mas a diretoria percebeu que o melhor teria sido investir R$ 42 milhões em seis jogadores muito bons. E não apenas em um artilheiro. O Al Nassr não pagou os R$ 7 milhões pelo Brocador. Com os juros, a quantia chega a R$ 18 milhões. O clube carioca o quer de volta. Entre 2012 e 2014, Hernane jogou 87 partidas na Gávea. Marcou 45 gols, 36 desses em 2013, quando foi o grande destaque no título da Copa do Brasil de 2013. Conquistou também o Carioca em 2014. A situação de Guerrero está ficando constrangedora. Na partida contra o Sport, outra vez ele não marcou. Jogou mal. E foi vaiado e muito xingado pela torcida flamenguista. A mesma que o carregou em triunfo ao ser contratado no ano passado. Ao ser substituído por Ederson, aos 29 minutos do segundo tempo, Guerrero não suportou ser desprezado pela torcida do seu clube. E saiu falando palavrões. Como é de hábito, negou que fosse para os torcedores. Disse que estava se xingando também. Acredite quem quiser. A verdade é que Guerrero e Flamengo sabem que o projeto não deu certo. O que um esperava do outro não se realizou. Quando Rodrigo Caetano sinaliza querer Hernane de volta, não é para ser mera sombra do peruano. Não. O deseja para o lugar do caríssimo atacante. Tem tudo para ser mais barato e mais eficiente. Ele recebia, feliz da vida, R$ 150 mil na Gávea.

O problema é mercado para Guerrero. Empresários vividos são diretos. Só a periferia do futebol mundial. China e Oriente Médio. Só esses lugares bancariam jogador com tanta idade e de salário tão caro. O Flamengo gastou cerca de um terço do prometido a Guerrero. Foram R$ 14 milhões dos R$ 42 milhões. Não pretende gastar os R$ 28 milhões restantes. A saída mais racional é admitir que o jogador fez o sucesso que fez no Corinthians porque tinha companheiros à altura. Na prática, ele não fará falta alguma à Gávea. Ainda mais com Muricy assumindo que desistiu de seu projeto Barcelona. E passou a apelar ao futebol de resultado. Com muita marcação, superlotação nas intermediárias, bolas esticadas, muita velocidade nos contragolpes. E o abuso de cruzamentos aéreos. Nada de refinado toque de bola. O treinador acordou. Esse esquema não é para o seu fraco elenco. Guerrero e o Flamengo tentarão se livrar um do outro. Nesta janela do meio do ano, empresários vão tentar agir.

Enquanto isso, Rodrigo Caetano tentará Hernane. No dia 27, a Corte Arbitral do Esporte dará seu veredicto. A tendência é que faça o Al Nasser pagar o que deve ao Flamengo. Ou ao menos uma parte e liberar o atacante. Desde que o Bahia dê sua anuência. Enquanto isso no Parque São Jorge há muita alegria. Andrés Sanches e seus parceiros torciam muito contra Guerrero. Pediram para o jogador ter paciência, seguir no Corinthians. Mas a resposta do artilheiro do Mundial de 2012 foi forte. Seria valorizado no Flamengo. O tempo mostrou.

Está para ser empurrado para a China ou para o futebol árabe.

E substituído, com alegria, pelo simplório Brocador...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 May 2016 10:47:47

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