segunda-feira, 30 de maio de 2016

A terrível história da torcedora que ousou processar o São Paulo. O camarote em que estava torcendo desabou e machucou sua sobrinha. Mesmo com razão, teve de voltar atrás. Com medo dos próprios torcedores são paulinos. Que país é esse?

A terrível história da torcedora que ousou processar o São Paulo. O camarote em que estava torcendo desabou e machucou sua sobrinha. Mesmo com razão, teve de voltar atrás. Com medo dos próprios torcedores são paulinos. Que país é esse?




No Brasil é algo muito comum de acontecer. Por denunciar ou ir atrás dos seus direitos, a vítima vira vilã. Mulheres estupradas sentam no banco dos réus. Usar short curto e ir para a favela namorar seria a desculpa para ser violada por 33 criminosos. Uma aberração. Algo também lastimável acaba de acontecer. Desta vez ligada ao futebol, ao São Paulo. No dia 11 de maio, o São Paulo venceu o Atlético Mineiro por 1 a 0. O gol de Michel Bastos provou uma comoção generalizada. Os torcedores vibraram, sabiam o que significa vencer aquela partida das quartas de final da Libertadores. E 16 são paulinos, que estavam em um camarote do anel inferior do Morumbi, se aglomeraram, ao verem que Michel Bastos correu para comemorar perto deles. A estrutura metálica que deveria cercar o camarote rompeu. E eles se feriram, caindo de uma altura de dois metros e meio. Três passaram por cirurgia. "Foi corrosão. É uma solda, a gente não sabe o tipo de corrosão. Vai ser feito o teste no laboratório. A princípio, é corrosão, isso é evidente. Todas (as soldas) estão comprometidas. Estão todas iguais. O material não é feito para suportar a pressão que ele suportou. Mas se tem 20 pessoas empurrando isso... Um fator evidente é a corrosão. Toda solda leva a corrosão. Tem que refazer. O trabalho que fizeram não foi bem feito. É evidente que isso aqui está frágil." As palavras foram do perito criminal Edwar Folli. Dos 16 feridos, sete foram encaminhados aos hospitais mais próximos. Campo Limpo, Bandeirantes e São Luiz. A diretoria do São Paulo se antecipou e disse que pagaria o tratamento dos feridos. E ainda jogadores os visitaram e deram camisas autografadas de presente. A Polícia Militar interditou o estádio. Em seguida, o liberou, mantendo interditado o setor de camarotes do anel inferior, onde caíram as pessoas. Todos os feridos se contentaram com a "atenção" dada pela direção do São Paulo. Com o carinho dos jogadores. Milene Nunes Adipietro decidiu que não seguiria o mesmo caminho. Ela havia ido ao Morumbi e levou filha e sobrinha. Milene e a sobrinha, Amanda, caíram no fosso do estádio depois do gol. Amanda ficou caída, com dores. Por pura sorte não teve ferimentos graves. O jogador Wesley a auxiliou, acalmou a menina depois do tombo. Ela sofreu lesões no queixo e fratura no pulso Milene resolveu agir. Encarar a realidade. Não é possível que pessoas vão assistir a um jogo de futebol e o camarote desaba. Peritos apontam ferrugem, corrosão em emendas que deveriam proteger os torcedores. Ela tomou coragem diante da situação caótica. Procurou um advogado e entrou com um processo civil contra o São Paulo. Pediu indenização por danos morais. O valor fixado, R$ 20 mil. Mas queria uma audiência de conciliação. Nela poderia haver um acordo. O ato que deveria ser de civilidade foi motivo de revolta. A ESPN divulgou a notícia. Foi o que bastou para inúmeros torcedores do São Paulo, como ela, começaram a criticá-la nas redes sociais. Nos fóruns era classificada como "aproveitadora". Foram inúmeras ofensas. De repente, Milene virou ré. Diante da repercussão, voltou atrás. Tirou o processo. A direção do São Paulo fez logo questão de divulgar. Para que outros pais ou feridos não tomassem a mesma atitude. E vários outros processos fossem abertos contra o clube.

Como se não fosse obrigação da entidade que promove o espetáculo oferecer segurança ao público. É o mínimo exigido no mundo civilizado. O que houve foi uma completa inversão de valores. Os torcedores que ofenderam Milene comemoram. Não há mais processo contra o São Paulo Futebol Clube. Não pensam que podem ser eles ou seus filhos as próximas vítimas. O descaso dos dirigentes com o estádio ultrapassado foi imenso. Havia corrosão, ferrugem no camarote que desabou. Pessoas tentam alegar que a culpa foi dos torcedores. Eles se espremeram comemorando o gol do São Paulo. Deveriam ter ficado sentados como estátuas. Em estádios do mundo todo a reação dos torcedores é a mesma. Só que eles são projetados para suportar essa comemoração. O Morumbi talvez fosse. Em outubro de 1960, quando foi inaugurado.

54 anos depois, há pontos de insegurança. Camarotes que desabam. Mas ninguém pode reclamar. É preciso classificar como fatalidade. No dicionário Michaelis o significado da palavra fatalidade. "1 Qualidade do que é fatal. 2 Acontecimento funesto, imprevisível, inevitável, marcado pelo destino ou fado. 3 Sucesso desastroso; desgraça." Uma palavra deveria resumir o significado.

Imprevisível.

Manter barras de ferros enferrujadas em um camarote e depois classificar como "imprevisível" quando se rompem é pura hipocrisia.

Mas ninguém pode tomar atitude alguma.

Afinal, torcedor tem de preservar o clube do coração.



Processar pelo desleixo não é atitude de quem ama a entidade.

Milene está fazendo exatamente o que a diretoria queria.

Será mais um dos que caíram no camarote que irá se calar.

Por pressão de quem deveria apoiá-la.

Cobrar competência de quem administra o São Paulo.

E colocou vidas de pessoas em risco por desleixo.

Mas no Brasil, o culpado do estupro é o short curto.

Não o estuprador.

As grades do camarote que desabaram não é culpa do São Paulo.

Da falta de manutenção competente.



De pessoas minimamente competentes para garantir a segurança do público.

Mas dos torcedores.

Quem manda vibrar pelo gol do São Paulo?

Que despenquem.

Sofram fraturas.

O clube leva para o hospital.

Paga as despesas, leva jogador, dá camisa.

Tira fotografia, coloca no site.

Mostra a "preocupação" com os são paulinos.

Por isso, ninguém ouse procurar a justiça.

Os dirigentes podem ser incompetentes, mas são bonzinhos.

Esse é o país do futebol.

Que não oferece segurança nem para vibrar com um gol.

E se volta contra quem resolve cobrar competência dos dirigentes.

A lógica é simplória.

A culpa do acidente é sua, Milene.

Quem manda ir para o Morumbi torcer para o São Paulo?

E ainda levar sua filha e sobrinha?

A diretoria deveria processá-la...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 May 2016 19:17:16

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