domingo, 29 de maio de 2016

O São Paulo mostrou quem manda no Morumbi. Com raça, coração e seriedade fez o que quis com o bipolar Palmeiras. 1 a 0 foi muito pouco. Acabou o tabu de não vencer clássicos...

O São Paulo mostrou quem manda no Morumbi. Com raça, coração e seriedade fez o que quis com o bipolar Palmeiras. 1 a 0 foi muito pouco. Acabou o tabu de não vencer clássicos...




Duas certezas depois do jogo empolgante. No Morumbi quem manda é o São Paulo. Como Bauza tanto queria, o time se transforma. Supera suas limitações e se impõe no coração, na luta. Obriga o adversário a se encolher. E consegue resultados que tanto buscava. De time desacreditado é semifinalista da Libertadores e hoje quebrou um importante tabu. Depois de dez clássicos, finalmente voltou a vencer. A seriedade tricolor é tanta, que mesmo ganhando a partida por 1 a 0, gol de Ganso, Maicon quase bateu em Rogério. O zagueiro queria seriedade do atacante reserva. Não se conformava quando ele teve a chance de passar a bola e, talvez, o time ampliar o placar, mas preferiu chutar. Desperdiçou a jogada. Se Maicon não fosse contido, finalizaria o frágil e assustado Rogério. A sua segunda constatação. O Palmeiras de Cuca modifica completamente a sua maneira de jogar quando se vê obrigado a atuar fora de sua arena. Por mais que tenha um elenco importante e que possibilita várias formações, falta confiança, personalidade. Sente demais a falta de apoio de seus torcedores. Ainda mais quando o Morumbi teve torcida única, na demonstração da incompetência da Polícia Militar para proteger a cidade dos vândalos das organizadas. Se não fosse Fernando Prass, os palmeirenses teriam sido goleados. Desde março de 2002, o Palmeiras não vence o São Paulo no Morumbi. De lá para cá, foram sete vitórias tricolores e cinco empates. Se não mudar sua atitude, o time de Cuca continuará perdendo... Bauza e Cuca são experientes, rodados. Têm muito bem a noção do que significam os clássicos. Ainda mais para treinadores que chegaram este ano no Morumbi e no Palestra Itália. Ambos têm muito bem a noção do que significa a rivalidade entre os dois clubes. Os dois tinham muito motivos para tentar vencer. Autoestima de seus atletas, confiança no Brasileiro, agradar seus dirigentes, torcedores. Ganhar mais respeito da imprensa. Mas a dupla sofria com desfalques importantes. O São Paulo não tinha Rodrigo Caio, Mena, Hudson, Michel Bastos e Bauza precisava descansar Calleri. Sua equipe perdia juventude na defesa, poder defensivo na lateral, entrega e técnica no meio de campo e poder de finalização na frente. Já o Palmeiras mostrava pela centésima vez o quanto precisa contratar mais uma meia talentoso. Sem Cleiton Xavier, Cuca fica sem opções importantes. Egídio também é importante do meio do campo para a frente, por seus cruzamentos. Matheus Sales começa a se impor à frente da zaga. Mas cada treinador escolheu suas armas. O São Paulo formou uma dupla de zagueiros de força, personalidade e garra. Maicon e Lugano. Matheus Reis entrou para não se expor. Wesley está redescobrindo seu futebol, ainda mais jogando com raiva de uma torcida que o odeia. Centuríon e seu eterna correria de cabeça baixa, como um touro bravo. E a incrível história de um atacante que esqueceu de jogar futebol, Alan Kardec. Já Cuca cometeu o pecado que teve grande influência na decapitação de Marcelo Oliveira. Caiu na conversa de Dudu. O improvisou onde ele acha que sabe, mas não joga, na meia. A escolha foi péssima. Tiago Santos é muito mais limitado do que Matheus Sales. O Palmeiras tinha problemas enormes no meio de campo. Antes mesmo de a partida começar. O Palmeiras começou de forma ilusória. Pressionou o São Paulo por dez minutos. Criou chances na base da correria, se aproveitou do espaço que o rival dava nas intermediárias. Alecsandro e Dudu tiveram boas oportunidades. Bauza encaixou os setores, a marcação passou a ser mais rígida, o time mais compacto. Mal o São Paulo passava a controlar o ímpeto do Palmeiras, marcou seu gol. Em um contragolpe rápido, fulminante, mortal. Kelvin tabelou com Thiago Mendes e Bruno cruzou. O jovem zagueiro Thiago Martins calculou muito mal o pique da bola. Falha bizarra, infantil.

A bola chegou limpa para a cabeçada fulminante de Ganso: 1 a 0, São Paulo, aos 11 minutos. Era a primeira vez que o meia conseguia marcar um gol contra o Palmeiras. O gol teve efeito instantâneo dos dois lados. Deu total confiança e vibração para os donos da casa. Já os palmeirenses se enervaram, a tensão era nítida. O time se encolheu de maneira assustadora. E o pior. Não era apenas o lado emocional. Não havia neurônios no meio de campo. Porque Dudu não conseguia servir o trio de atacantes: Roger Guedes, Gabriel Jesus e Alecsandro. Era constrangedora a falta de criatividade. Ser meia não é carregar a bola, driblar até abrir espaço na intermediária. Não. É antever a jogada. Ter visão privilegiada da movimentação do ataque. Algo que decididamente Dudu nunca teve. Bauza percebeu que tinha um adversário com bons jogadores. Mas sem cérebro. E intimidado. O que fez? Adiantou sua marcação. Não deixou o rival respirar. Dominou a partida. Impôs seu ritmo. Muita vibração e pouca técnica, porque o elenco são paulino também não tem grandes talentos. Paulo Henrique Ganso, o mais técnico entre todos os jogadores, mostrava vontade, gana de vencer. Esse é um dos grandes milagres de Bauza no Morumbi. Foi incrível, mas depois do gol do São Paulo, o Palmeiras não conseguiu chutar nenhuma bola ao gol de Denis no primeiro tempo. Essa demonstração de abatimento é algo surreal. A prova de que a partida foi brigada e quase não jogada, só cinco finalizações nos primeiros 45 minutos. Três do São Paulo e duas do Palmeiras. Aquelas do Alecsandro e do Dudu... Maicon e Lugano tiveram ótima atuação. Bem protegidos por Thiago Mendes e Wesley.

A esperança para o lado verde estava em Cuca. Contra o Fluminense, ele transformou o time no intervalo. Fez duas substituições. Colocou Moisés e Rafael Marques nos lugares dos improdutivos Tiago Santos e Roger Guedes. Só que o resultado foi pífio. O problema, o cerne da questão está no meio de campo. Faltam neurônios. O bilionário Paulo Nobre e seus amigos não menos ricos da Crefisa que se virem. É preciso contratar... Tanto Palmeiras como São Paulo estavam desgastados. Havia mais espaço para chutes a gol. Denis foi obrigado a trabalhar. Mas Fernando Prass teve se desdobrar diante de Ganso, Centurión, Maicon, Kelvin. Ytalo, que entrou no lugar do figurativo Alan Kardec, perdeu gol incrível, chutando para fora. O goleiro e líder do time verde, se desesperava.

E Rogério ainda desperdiçou dois contragolpes importantíssimos no final da partida. Por isso quase é socado por Maicon. Foi um massacre do São Paulo no segundo tempo. Mais vibrante, lutador, guerreiro. E com consciência do que estava fazendo, o que é fundamental. O clássico deixa lições importantes. O Palmeiras precisa de personalidade e meias. Se quiser sonhar em disputar o título do Brasileiro. Bauza mudou a perspectiva a respeito do Morumbi. Fez o São Paulo entender que a casa é sua. E quem manda é o time das três cores...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 May 2016 18:20:35

Nenhum comentário:

Postar um comentário