quinta-feira, 12 de maio de 2016

O ultrapassado Morumbi precisa ser interditado. Perito da Polícia Criminalística mostra. Todo o anel inferior tem aço inoxidável soldado. O mesmo material corroído que cedeu em um dos camarotes. 20 pessoas caíram no fosso. Por sorte ninguém morreu...

O ultrapassado Morumbi precisa ser interditado. Perito da Polícia Criminalística mostra. Todo o anel inferior tem aço inoxidável soldado. O mesmo material corroído que cedeu em um dos camarotes. 20 pessoas caíram no fosso. Por sorte ninguém morreu...




"A gente precisa verificar o que causou. Qualquer cercado aguentaria? Não sei. O cercado ideal aguentaria? Não podemos saber disso agora. Temos que cuidar das pessoas e deixar as verificações técnicas para depois. O cercado da área está ali há uns dois anos. É forte o suficiente para ter resistido esse tempo todo. Agora no momento do gol, com um número de pessoas indo até a área...Precisamos verificar o que causou." Está foi a indecente explicação do vice-presidente de marketing do São Paulo, José Francisco Manssur. Com a maior naturalidade ele diz que o cercado para a área está lá "há uns dois anos". E que é forte o suficiente para ter resistido esse tempo todo". Será que se houvesse uma filha, um neto entre as 20 pessoas que despencaram do camarote rompido até o fosso do Morumbi, Manssur estaria tão sossegado? A sorte é que a distância, dois metros e meio, não foi suficiente para que ninguém morresse ou se ferisse gravemente. Se estivéssemos em um país sério, o ultrapassado Morumbi estaria interditado desde ontem. E se a corrupção não fizesse parte das entranhas da Conmebol, o São Paulo não jogaria mais no seu estádio nesta Libertadores. Mas não estamos. A vida humana é tratada com desprezo, banalidade. "Houve corrosão. Vamos mandar para o laboratório para ver que tipo de corrosão, mas é muito evidente, dá pra ver que estava fragilizado. É um problema de material, toda solda leva à corrosão, por vários fatores."

O resumo da situação foi feito por Edwar Folli Jr. Ele é perito criminal do setor de engenharia do Instituto de Criminalística da Polícia Civil. Ontem de madrugada, começava a investigar a causa da queda da grade de proteção do camarote que cedeu após o gol de Michel Bastos. A investigação será mais profunda. Porém a análise superficial do é preciso refazer essas estruturas. É evidente que elas estão frágeis pela corrosão, então há perigo de haver novos acidentes. Esse gradil é igual em toda a parte inferior do estádio mostra. Todo o anel inferior do Morumbi está comprometido. Porque é feito com o mesmo material, soldado e corroído. "O problema está entre o aço inox e essa solda. Funciona mais ou menos como uma pilha, então ocorre uma corrosão natural. "Todos as grades estão comprometidas, todas da mesma forma. O material não é feito para suportar a tensão que recebeu. Isso deveria ser apenas um guarda-corpo. Se eram 20 pessoas empurrando, a tensão fica muito maior e isso não é preparado para essa carga. Agora, tem um fator evidente da corrosão para agravar. "É preciso refazer essas estruturas. É evidente que elas estão frágeis pela corrosão, então há perigo de haver novos acidentes. Esse gradil é igual em toda a parte inferior do estádio." Esta é a palavra oficial de Edwar, especialista do Instituto de Criminalística da Polícia Civil.

Desde o início dos anos 2000, a direção do São Paulo queria modernizar o Morumbi. "Estádio velho e ultrapassado", nas palavras do ex-presidente Carlos Miguel Aidar. Aquele que já foi o maior estádio particular do mundo, como os dirigentes orgulhosos nos anos 60, se tornou obsoleto. Sem uma estação de metrô perto, sem estacionamento, se tornou um trambolho. As instalações antigas travam as redes de tevês em jogos de grande magnitude. Eliminatórias da Copa, partidas decisivas da Libertadores. Se torna um caos. O falecido presidente Juvenal Juvêncio tinha a solução. Quando, em 2007, o Brasil ganhou o direito de promover a Copa do Mundo de 2014, ele vibrou. Sabia que o Rio de Janeiro, o Maracanã, ficaria com a final. Mas calculou certo, São Paulo, por sua força econômica, ficaria com a abertura. E só poderia ser no Morumbi. O estádio seria implodido e uma nova arena seria construída, com estacionamento e estação de metrô na porta, sonhava. Mal sabia ele do acordo entre Andrés Sanchez, Ricardo Teixeira e o ex-presidente Lula para o "nascimento" do Itaquerão. O Morumbi foi trocado por um terreno baldio. A saída foi improvisar. Sobre o gigante de cimento, ultrapassado, foram colocadas cadeiras, improvisados camarotes, foram trocados os refletores, o placar, como dizem os modernos "deram um truque". E as inspeções foram feitas de maneira amadora. E sem a firmeza que deveria ter. Afinal, milhares de pessoas frequentam o Morumbi em jogos e shows. Há um laudo do Corpo de Bombeiros que alerta sobre falhas de segurança no estádio. Ele tem data. 21 de outubro de 2011. Sim, 2011.

"Foi constatado também que os apoios dos guarda corpos existentes em alguns camarotes estão com suas bases prejudicadas, sendo que durante o show da banda Pearl Jam um veio a ceder tendo assim uma pessoa ferida, porém o administrador do estádio se comprometeu que as reformas destes locais será concluída até o dia 30 de novembro de 2011." Ou seja, uma base de apoio dos guarda copos cedeu e uma pessoa caiu do camarote, se machucou. Depois do gol de Michel Bastos contra o Atlético Mineiro, vinte pessoas caíram. 16 se feriram. Sete foram removidas para hospitais de Campo Limpo. O caso mais grave foi de uma mulher que quebrou o braço. Um homem deslocou o ombro. E outros, inclusive uma criança, tiveram cortes no rosto e braços. Por pura sorte não houve nada mais grave. Por sorte. A Conmebol confirmou o jogo no Morumbi. Tinha a liberação da CBF. A entidade nacional confia nos laudos da Federação Paulista de Futebol. Se houvesse o mínimo de bom senso, o estádio estaria já interditado. Para qualquer jogo de futebol: da Libertadores ou do Brasileiro. A direção do São Paulo não quer. Promete interditar a área afetada. E quer seguir jogando no velho e ultrapassado Morumbi. Lá não precisa pagar aluguel de estádio para ninguém. O lucro é muito maior. Como as avaliações de quem decide, são política, há muita chance de que o estádio seja liberado. Tanto por "autoridades" esportivas como as civis. A falta de respeito à vida humana é algo muito comum na América Latina. O ex-presidente Carlos Miguel sonhava em construir um novo estádio. Se continuasse comandando o clube, esta seria a sua obsessão. Afirmava abertamente que, depois do Itaquerão e da arena palmeirense, o Morumbi tinha ficado muito para trás. Só que ele teve de renuncias, acusado de corrupção. E o Morumbi ficou. Velho, feio, ultrapassado.

Até aí, não há problema. Mas quando coloca a vida dos torcedores em risco, tudo muda. O que aconteceu ontem foi uma demonstração de irresponsabilidade. Um estádio precisa oferecer segurança para os torcedores comemorarem um gol. Isso é básico. Se houve vergonha na cara das "autoridades", o Morumbi tem de ser interditado. Não só todo o seu anel inferior reformado.

Mas o estádio sofra vistorias de verdade.

Não políticas.

Que cedam diante da força do São Paulo Futebol Clube.

Ou seja, a esperança é quase nenhuma.

Por isso, pense bem antes de ir ou levar sua família ao Morumbi...

(imagens da Internet)



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 12 May 2016 11:06:23

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