domingo, 22 de maio de 2016

Na derrota para a Ponte, o Palmeiras começa a sofrer as consequências pela promessa de Cuca. O técnico garantiu que será campeão do Brasil. Motivou todos os adversários a bater o 'favorito'...

Na derrota para a Ponte, o Palmeiras começa a sofrer as consequências pela promessa de Cuca. O técnico garantiu que será campeão do Brasil. Motivou todos os adversários a bater o 'favorito'...




O Palmeiras já é um clube em permanente convulsão. Oito famílias dividem, vivem se alternando e brigando pelo poder. Essa divisão faz o ambiente efervescente para qualquer treinador. A torcida acostumada a grandes conquistas no século passado também é incendiária. A cobrança é constante. Diante desse cenário, quando um técnico vem a público e garante que o clube será campeão brasileiro, depois de 22 anos, puxa para si responsabilidade imensa. E tem de arcar com suas palavras após cada um dos 38 jogos do imenso torneio nacional. A possibilidade de descontrole emocional é imensa. Foi o que aconteceu com Cuca ontem em Campinas. Ele havia prometido aos quatro ventos que o Palmeiras vai ganhar este Brasileiro. Tem um ótimo elenco nas mãos. Venceu de forma empolgante o Atlético Paranaense por 4 a 0, com a cumplicidade da arena lotada. No segundo jogo do campeonato, não viu necessidade de fazer qualquer mudança no esquema tático. Com seu time leve, técnico, com volantes versáteis, hábeis. Meio de campo hábil, ataque ágil, com um atacante forte fisicamente, pronto para fazer o trabalho de pivô, cabecear, abrir espaço para os companheiros. E dois laterais ótimos no apoio. Pronto, estava tudo certo para a segunda vitória, seis pontos e confirmada a arrancada. Afinal, o adversário seria a Ponte Preta, uma das favoritas ao rebaixamento, no entender da maioria dos críticos. Tudo certo? Faltou combinar com Eduardo Batista. O treinador que ainda está lambendo as feridas do fracasso no Fluminense, por falta de apoio da diretoria, foi para sua cidade, Campinas, para se recuperar. E mostrar que o ótimo trabalho no Sport não aconteceu por acaso. E tomou uma decisão ousada contra o favoritíssimo Palmeiras de Cuca.

Diante do "virtual" campeão brasileiro, a Ponte Preta usou o primeiro tempo para marcar pressão. Encurralar o favorito, o obrigar a jogar como pequeno.Depois de 10 minutos que o time de Cuca esteve melhor, criou chances, veio a ordem. O "pressing" foi surpreendente.O volume de jogo da equipe campineira foi impressionante. Mostrou a fragilidade de marcação palmeirense. Marcou dois gols e poderia ter feito mais, se não fossem as defesas de Fernando Prass. No segundo tempo, a Ponte cansou, recuou, queria apenas os contragolpes. Nervoso, com a desvantagem, o Palmeiras não teve consciência, racionalidade. Teve um gol legal anulado de maneira bizarra pela arbitragem. O zagueiro Douglas Grolli cabeceou para trás e Gabriel Jesus dominou e marcou. Mas Vuaden foi traído pelo bandeira. Em seguida, Moisés descontou. Placar 2 a 1, primeira derrota do favorito ao título. A esta altura, Cuca já não estava à frente do banco de reservas. Havia sido expulso ao reclamar veementemente de um lance bobo, um falta duvidosa de Tchê Tchê no meio de campo, aos 34 minutos do segundo tempo. Durante o jogo e na sua entrevista após a partida, Cuca demonstrava nervosismo. Tensão, o preço de ter garantido o título por antecedência ao Palmeiras. Seu time foi engolido pela Ponte Preta. Principalmente no primeiro tempo. Poderia ter perdido de muito mais. Só que optou pelo ataque fácil ao árbitro. Uma frase de efeito e o desvio do decepcionante futebol do "favorito".

"Por que usar o cartão como revólver?", indagava o treinador. Ele se referia à sua expulsão a um assassinato. Interpretação curiosa, forte e digna de segurar manchetes de portais e jornais. Mas quem viu o jogo percebeu que Cuca reclamou demais de Leandro Vuaden. Estava muito tenso. Agia como quem havia ido festejar e estava passando vergonha. O que acontece é algo bem claro. Cuca assinou contrato com o Palmeiras no dia 12 de março. Pegou o time arrebentado emocionalmente, tendo de consertar os muitos erros táticos de Marcelo Oliveira. Em plena disputa da Libertadores e do Campeonato Paulista. Não houve milagre. Fracassou nos dois. E está montando sua equipe. Passou 13 dias treinando em Atibaia e parecia que o Palmeiras seria o novo Ajax de Cruyff. Ganhou de forma empolgante do Atlético Parananense. Deixou torcedores e críticos empolgados precocemente. Ainda mais depois da ousada garantia de Cuca que o Palmeiras seria campeão. E o time pode ser. Só que ainda está em formação. Não tem segurança e repertório decorado para enfrentar um adversário tão bem postado, firme, determinado e compactado como foi a Ponte Preta. O time campineiro teve excelentes 35 minutos do primeiro tempo. Tão convincentes que decidiram o jogo. Cabe agora a Cuca evitar a bipolaridade emocional palmeirense. Pular da euforia para a depressão depois de 90 minutos. A hora é do equilíbrio. Ele tem mesmo elenco, arena e força financeira. Ingredientes suficientes para ganhar o título brasileiro. Só que não pode entrar em campo as 36 partidas restantes com a convicção que dará show, encantará o país e, principalmente, terá a colaboração do adversário.

Muito pelo contrário. É preciso pés no chão, equilíbrio. Até nas promessas. Cuca fez do Palmeiras o time a ser batido. Eduardo Batista ganhou muita moral com o resultado. Estava empolgado após o jogo. Assim como a diretoria campineira. Os holofotes do clube verde já são enormes. O que Cuca fez foi aumentá-los de forma incrível. E terá de arcar com essa responsabilidade. Todos vão querer derrotar o favorito ao título. Cabe ao Palmeiras tentar repetir a sua própria história. Quando teve times históricos, que fizeram o clube ser apelidado de academia de futebol, uma escolha de como jogar. Se assumia como favorito e conquistava os títulos. Isso é dificílimo. O próprio Cuca passou por isso no Palmeiras. Quando era jogador, em 1992, ele vivia fazendo o sinal de uma imaginária faixa sobre a camisa. Era um recado à torcida que os títulos estariam chegando. Os torcedores acreditaram. O meia ofensivo foi embora sem qualquer conquista. Agora treinador, Cuca quer a revanche. Mas deveria saber que nada no Palmeiras é fácil. Muito menos ganhar campeonatos antecipadamente...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 May 2016 06:45:11

Nenhum comentário:

Postar um comentário