quinta-feira, 19 de maio de 2016

Edgardo Bauza deu sua personalidade ao time. E o São Paulo conseguiu. Está, com justiça, na semifinal da Libertadores, depois de seis anos. Perdeu, mas eliminou o Atlético Mineiro...

Edgardo Bauza deu sua personalidade ao time. E o São Paulo conseguiu. Está, com justiça, na semifinal da Libertadores, depois de seis anos. Perdeu, mas eliminou o Atlético Mineiro...




Edgardo Bauza já justificou sua cara contratação pelo São Paulo. Jogando da maneira do treinador argentino, marcando forte, com personalidade, firme conseguiu a sonhada vaga para a semifinal da Libertadores. Posição que o clube não chegava a seis anos. A derrota para o Atlético Mineiro, no Independência, por 2 a 1 significou a classificação. O gol de Maicon foi o suficiente para garantir a vaga. Diante das expectativas que cercavam o São Paulo no início da Libertadores, foi uma façanha. No estádio, os torcedores gritavam, eufóricos. Reconheciam o esforço, a emocionante classificação. É o único time representando o Brasil na Libertadores. "Time de guerreiros, time de guerreiro, time de guerreiros..." "O importante foi que o São Paulo nunca perdeu a sua organização. Começamos mal a partida. Não nos achávamos em campo. Tomamos dois gols. Depois, quando em seguida conseguimos marcar, tudo mudou. Virou outro jogo. Tivemos mais consciência. E mantivemos a organização. Isso foi fundamental. "Essa equipe está entre as quatro melhores da América. Eram muito poucos que pensavam que o São Paulo iria chegar tão longe. Muito poucos. E estamos porque é um elenco que não se entrega. Quando não pode jogar, buscar o gol, como hoje, luta. "Esse time não é o mesmo que começou a Libertadores. Cresceu. Aprendeu a marcar. E isso é muito importante no futebol. Ouço análises que dizem que o São Paulo não é vistoso. Não me interessa ser vistoso. Quero uma equipe efetiva. "Por isso eu digo. Neste momento, o São Paulo tem identidade. Sabe como é a sua forma de jogar. E por isso estamos classificados para a semifinal da Libertadores." A análise de Bauza era firme, segura. De quem sabe que foi além do que muitos sonhavam. E depois de conquistar duas Libertadores, tem o direito de sonhar com a terceira.

Quanto ao Atlético Mineiro, restava a tristeza. "A equipe lutou nos dois jogos, se dedicou, mas por obra do regulamento o Atlético não conseguiu a classificação. O time foi melhor no jogo hoje, o São Paulo se limitou a defender e achou um gol de bola parada. Depois amarrou o jogo e contou mais uma vez com uma arbitragem que nos desfavoreceu. Houve um pênalti absurdo que não foi marcado no primeiro tempo. A gente fica triste e lamenta. Não faltou empenho, dedicação, agora é vida que segue. Nós vamos buscar o Brasileiro", dizia, desanimado, Victor. Os jogadores do São Paulo se abraçaram ao final da partida. E fizeram questão de abraçar muito a Bauza. Ele foi o grande responsável por essa campanha inesperada do time na Libertadores. Até a diretoria só estava esperando a eliminação da equipe para fazer uma reformulação no elenco. Não imaginava que teria forças suficientes para quebrar o tabu de sete eliminações seguidas por equipes brasileiras na Libertadores. Quebrou. Dos cinco brasileiros que começaram essa Libertadores, o São Paulo era o que menos despertava confiança. Só que Corinthians, Palmeiras, Grêmio ficaram no caminho. E o Atlético Mineiro foi eliminado em seus próprios domínios diante do estádio Independência lotado, com seus torcedores sendo ironizados pelos poucos paulistas que estavam nas arquibancadas. Eles imitavam o grito que marcou a conquista da Libertadores de 2013. "Eu acredito, eu acredito, eu acredito", repetiam os são paulinos. Mas ao seu time, tão criticando. Antes e durante a Libertadores. A equipe que caiu no Paulista sendo humilhada, eliminada do Paulista depois dos 4 a 1 para o Audax, há 31 dias. E que tanta alegria deu hoje no Independência. O primeiro tempo determinou o caminho da classificação. Aguirre havia sido forçado a fazer três substituições em relação ao time que jogara no Morumbi. O veterano Robinho, contratado para ser a estrela na Libertadores, não conseguiu se recuperar de dor na coxa. E ficou fora do confronto decisivo.

Rafael Carioca e Júnior Urso tomaram terceiro cartão amarelo no jogo de ida. O treinador uruguaio foi obrigado a mexer em peças importantíssimas para o seu elenco. Ainda mais tendo de vencer a partida, para compensar a derrota por 1 a 0 no Morumbi. Escolheu Eduardo, Casarez e Carlos. Optou pelo tradicional 4-3-3. Assumiu correr os riscos. E seu time partiu para toda a pressão desde o início da partida. Bauza havia pedido para o São Paulo ser matreiro. Quebrar o ritmo de jogo. Não entrar na correria e na provocação do time mineiro. Organizou sua equipe no 4-1-4-1. Havia avisado que Cazarez é muito mais rápido e objetivo do que o veterano Robinho. Principalmente no primeiro tempo, quando dura o seu fôlego. Matreiro, com a experiência de quem venceu duas Libertadores, ele orientou o time para o caso de o São Paulo sair atrás no placar. O fundamental seria mostrar personalidade. Não se rebaixando, perdendo a importância diante de uma eventual desvantagem. Sábias palavras. Isso porque o Atlético Mineiro conseguiu pressionar. Com velocidade, raiva e falhas da zaga do São Paulo, o clube mineiro abriria dois gols de vantagem em 11 minutos. Algo espetacular em uma decisão. Aos seis minutos, Lucas Pratto fez muito bem o trabalho de pivô. Serviu para Marcos Rocha, o lateral chegou livre, chutou com ódio, Denis fez grande defesa, espalmou para o lado esquerdo. No rebote, Cazares foi ágil e bateu para o gol, fraco. O goleiro do São Paulo não teve reflexo suficiente para se abaixar. E só conseguiu tocar com os pés na bola, antes dela entrar. 1 a 0, Atlético Mineiro. Denis ficou muito nervoso. Com medo de ser considerado responsável pelo São Paulo já ter perdido a vantagem que conseguira no Morumbi. Reclamou e xingou muito. Ele não poderia imaginar que tudo iria piorar e muito rápido. Cinco minutos depois, Douglas Santos teve liberdade para cruzar com perfeição. A bola chegou limpa para a cabeçada de Carlos, em falha clamorosa de Rodrigo Caio. 2 a 0 Atlético Mineiro... Fantástica a atuação de Bauza. Acalmou e passou confiança a seus jogadores. Soube administrar a terrível desvantagem. O time de Aguirre conseguiu de maneira precoce a vantagem de dois gols que precisava. Essa postura otimista do técnico argentino foi fundamental. Logo aos 14 minutos, Kelvin cobrou escanteio na pequena área. Maicon se antecipou a Victor, a cabeçada foi dada com gosto para as redes. 2 a 1. O gol teve um aspecto psicológico enorme. A confiança dos paulistas contrastava com a insegurança dos mineiros. E outra característica importante foi ficando explícita: a união dos jogadores. Bauza os transformou em um time aguerrido, vibrante, sem medo. Com jogadores encarando com naturalidade divididas selvagens, onde sobravam cotovelos, carrinhos, ameaças. Todos, foram devidamente retrucadas. O São Paulo era uma equipe valente. Do lado tático, o Atlético Mineiro tentava subir a sua marcação. Mas sentia falta dos seus volantes suspensos. O time confundia velocidade com ansiedade, afobação.

Aos 22 minutos houve um pênalti claro de Hudson em Leonardo Silva. O volante puxou o zagueiro pela camisa. Lance bizarro que o uruguaio Andrés Cunha não marcou. Erro importante demais. Para deixar todos à flor da pele, o primeiro tempo ainda reservaria duas bolas na trave. Lucas Pratto e Rodrigo Caio. A primeira etapa havia sido de arrepiar. No segundo tempo, o versátil Carlos Eduardo entrou na vaga do contundido Carlos. Aguirre queria mais toque de bola, velocidade diante da defesa do São Paulo. Já previa o quanto seria difícil marcar o terceiro e salvador gol. Bauza pediu mais vibração e firmeza na primeira linha de marcação. Além disso, adiantou sua linha de zagueiros, para compactar ainda mais seu time. As chances e emoção ficaram no primeiro tempo. No segundo, o São Paulo conseguiu ditar o ritmo lento que Bauza queria. Aguirre implorava para seu time tocar mais a bola. Pensar um pouco. Pediu em vão. O São Paulo estava muito seguro, como se jogasse em casa. O sinônimo para essa sensação é fácil: "personalidade". Bauza prendeu Bruno e Mena. Aliás, o chileno recuperou seu futebol no Morumbi. Principalmente para defender, foi um grande destaque do jogo. O Atlético Mineiro foi se perdendo nos nervos. A frustração diante da ótima postura defensiva do São Paulo pesou. Denis não teve de trabalhar para garantir a classificação. Foram poucos chutes a gol, o que demonstra que Aguirre precisa reverter seus métodos. Há muita gente descontente com o trabalho do uruguaio. O espírito de sacrifício do São Paulo foi impressionante. Todo o time marcou, se encaixando. Um auxiliando o jogador mais próximo para acabar com o espaço do Atlético Mineiro. A torcida mineira, agoniada, sentia a falta de brilho, de consciência, de volume de ataque do time. O gosto da eliminação tomava conta de cada garganta. O "eu acredito" era descrente. Leandro Donizete conseguiu ainda ser expulso. No final, festa merecida do São Paulo. O prêmio ao time mais consciente. Chegou com justiça às semifinais da Libertadores. Será o único representante brasileiro.

Méritos quase que totais para Bauza.

Menos midiático do que Osório.

Muito mais competente...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 18 May 2016 23:44:36

Nenhum comentário:

Postar um comentário