segunda-feira, 23 de maio de 2016

Flamengo não vai esperar pela recuperação de Muricy. Ou ele se mostra saudável, cheio de energia ou será dispensado. O clube já articula a chegada de novo técnico. Abel Braga, Fernando Diniz, Rueda, Coudet... Os fracassos fizeram com que o projeto Barcelona esteja a um passo de ser implodido...

Flamengo não vai esperar pela recuperação de Muricy. Ou ele se mostra saudável, cheio de energia ou será dispensado. O clube já articula a chegada de novo técnico. Abel Braga, Fernando Diniz, Rueda, Coudet... Os fracassos fizeram com que o projeto Barcelona esteja a um passo de ser implodido...




Contratação de treinador tetracampeão brasileiro, vindo de estágio no Barcelona. Melhor executivo de futebol do país. Gastos de R$ 26 milhões com jogadores. Volta de um grande ídolo, nascido no clube, e grande líder. Elenco mesclando estrelas como Guerrero e Sheik com jovens valores da base. Maior torcida do Brasil. A fórmula se mostrava perfeita para o presidente Eduardo Bandeira de Mello. Mas na prática, o que deveria marcar uma temporada sensacional, se mostra cada vez pior para o Flamengo. Muricy Ramalho se preocupou com coisas demais. Quis ser manager, executivo de obras e técnico. O desgaste foi imenso para quem, aos 60 anos, acabava de ficar quase um ano afastado do futebol. Por problemas graves de saúde. Teve de submeter a uma operação para a retirada da vesícula. A cirurgia não é simples como arrancar um dente, como ele gosta de brincar. Ainda mais com 59 anos. A família já queria que ele parasse de trabalhar como treinador. Ele já tinha uma carreira de 22 anos como técnico de futebol. Muito equilibrado, sua vida financeira está resolvida há muito tempo. Investe em imóveis desde que foi jogador de futebol, que teve seis anos de sucesso no México. Mas o amor ao futebol e o desafio de revolucionar o Flamengo falaram mais alto. Virou as costas a uma proposta de R$ 700 mil do Internacional. E foi ganhar R$ 500 mil na Gávea. Assumiu que transformaria a filosofia do clube. Tornaria a Gávea a nova Catalunha. Só não iria exigir independência do Brasil. No mais seguiria os princípios do Barcelona, que tanto o encantaram. Só que a pressão do clube mais popular do Brasil é imensa. Para promover essa revolução, Muricy teria de conquistar vitórias, títulos. Os mais fáceis ele deixou escapar de forma incrível. O desempenho do Flamengo na Primeira Liga e no Campeonato Carioca foram pífios. Na Copa do Brasil, o time também já dava indícios que seria desastroso. A expectativa é a mãe da decepção. A oposição rachada do Flamengo se juntou. E decidiu massacrar Muricy e Rodrigo Caetano. O fracasso do time, dos reforços, a falta de rumo, a desistência de Wallace em seguir sendo o bode expiatório, a arrogância em não assumir ter montado um elenco fraco. Os prejuízos por não seguir adiante na Primeira Liga, no Carioca. E o medo, que se concretizou, da eliminação da Copa do Brasil, na pior campanha da história.

De nada adiantava mostrar as melhorias do Centro de Treinamento. Do departamento médico, da fisiologia. A seriedade na categoria de base. A magistral recuperação econômica do Flamengo. As dívidas diminuíam de forma assustadora. O que interessava não estava dando resultado. O lado mais palpável. O futebol do time se tornou vexatório. Do mesmo jeito que a imprensa carioca costuma se apressar em eleger ídolos, também é cruel quando os resultados não chegam. O trabalho de Muricy passou a ser contestado. O paulistano que traria seriedade e trabalho não estava funcionando. A falta de visão do treinador colaborou muito com as críticas. Sem jogadores qualificados é impossível repetir o esquema tático do Barcelona. O tiki-taka, troca de passes curtos, movimentação constante do time do meio para a frente, o domínio total da bola durante a partida. Tudo isso não funcionou no Flamengo por um motivo simples. O elenco é desequilibrado, fraco, sem potencial para fazer nem um décimo do que Muricy sonhava. E vieram as derrotas, as críticas, a pressão. O treinador vendo as pessoas que o apoiaram, compraram a sua ideia, sendo humilhadas, xingadas pelos torcedores. Passando extrema vergonha. As pessoas próximas de Muricy sabem que ele é explosivo com os jogadores. Principalmente quando as coisas não dão certo. Mas aprendeu que precisa se conter diante da imprensa. Estava uma pilha de nervos. Cada coletiva era mais sofrida. Até que veio a forte arritmia cardíaca na semana passada. No treinamento que tentaria salvar o Flamengo na Copa do Brasil. Foi internado. Ficou constatada que a fibrilação auricular, a arritmia, precisava se controlada. Tomou medicamentos específicos. Deixou o Rio e veio para São Paulo. Mas viu o Flamengo passar pelo vexame de ser eliminado da Copa do Brasil pelo Fortaleza. Confirmada a pior campanha da história do clube na competição, Eduardo Bandeira de Mello passou muita vergonha. Adiou a ida para os Estados Unidos comandar a delegação brasileira na Copa América.

Bandeira sabe que precisa fazer mudanças radicais no futebol do Flamengo. Ou seu grupo não sobrevive politicamente. E até mesmo o esforço para modernizar o clube e, principalmente, continuar saneando as dívidas. Tudo pode ruir. A derrota do Flamengo para o Grêmio só piorou ainda mais o ambiente. Bandeira de Mello se mostra cansado de esperar pelos resultados prometidos por Rodrigo Caetano. O executivo está a um passo da demissão. O ex-chefe da assessoria de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, já se apresenta como candidato à vaga. O presidente o veria muito hábil no trato com os jogadores e com os jornalistas. E a principal decisão será em relação a Muricy. A família, principalmente a esposa Roseli, o quer fora do Flamengo. Não o vê com saúde para cumprir todas a promessas que fez. Reestruturar um clube é tarefa pesada demais. Muricy reluta. Sabe que se abandonar o projeto ficará marcado. Taxado como um homem sem saúde para ser treinador de grandes clubes no país. Por isso reluta. Bandeira de Mello quer a decisão. Os exames profundos marcados para amanhã definirão de verdade a sequência do treinador. A situação do Flamengo até o final do mandado de Bandeira de Mello. Nomes já estão sendo estudados para o lugar de Muricy. Reinaldo Rueda, treinador do Atlético Nacional, Eduardo Coudet, técnico do Rosário Central. São dois nomes cogitados. Há quem se arrependa por não ter insistido com Edgardo Bauza, que esteve para assumir o clube antes de Muricy. Mas Abel Braga surge como favorito. Fernando Diniz corre por fora. A verdade é que Bandeira de Mello quer viajar para os Estados Unidos. Não sem antes fazer mudanças profundas. Rodrigo Caetano está a um passo da guilhotina.

E Muricy Ramalho pode ser deixado de lado para cuidar da saúde. Se ele precisar de um tempo para se tratar, acabou o acordo. A realidade é dura, cruel. O Flamengo precisa de um técnico saudável e com muita energia. O que não é o caso do treinador que revolucionaria a Gávea. A transformaria em um pedaço da Catalunha no Brasil...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 May 2016 10:46:39

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