domingo, 15 de maio de 2016

Werdum se empolgou. Agiu como um garoto e não um campeão. Perdeu o cinturão dos pesados para Miocic. Jacaré atropelou Vitor Belfort. E Cris Cyborg mostrou que é a melhor lutadora do mundo...

Werdum se empolgou. Agiu como um garoto e não um campeão. Perdeu o cinturão dos pesados para Miocic. Jacaré atropelou Vitor Belfort. E Cris Cyborg mostrou que é a melhor lutadora do mundo...




Foi um balde de gelo. Curitiba fez o evento mais empolgante de MMA da história no Brasil. O card foi o melhor que o UFC reservou para o país. A noite estava especial. As 11 lutas anteriores haviam sido empolgantes. Não houve um combate enfadonho. A adrenalina dominava a arena do Atlético Paranaense e seu público de 45 mil pessoas. Depois de vitórias excepcionais de Minotouro, Thiago Marreta, Demian Maia, Cris Cyborg e Ronaldo Jacaré, todos esperavam por Fabricio Werdum. Ele teria pela frente um adversário duro, o americano de ascendência croata Stipe Miocic. O gaúcho era franco favorito na defesa do seu cinturão dos pesados. Mas Werdum acabou criando uma armadilha para ele mesmo. Decidiu que não lutaria. Faria um evento emocional. Primeiro, decidiu homenagear Ayrton Senna. Entrou com uma foto do maior piloto brasileiro de todos os tempos, morto precocemente, correndo o GP da Itália. Além disso, o lutador decidiu que a música que embalaria sua chegada seria o Tema da Vitória, que marcava cada conquista de Senna. Inacreditável para quem já entrou com "Ai se eu te pego", contra Roy Nelson. Além, disso, fez sua tradicional careta, que batizou de "happy face", para as câmeras do UFC. Werdum entrou no octógono completamente desconcentrado, sem foco, para um combate difícil. E que valia o cinturão dos pesos pesados. Mas tudo pioraria nos 2m37 que durou a luta. Quando Dan Miragliotta autorizou o início do embate, grande parte dos 45 mil torcedores começou a cantar a terrível canção que acompanha a Seleção Brasileira. Em homenagem a Werdum, as vozes se juntaram e começaram a entoar. "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"... Há 14 anos essa enfadonha música acompanha as derrotas da Seleção Brasileira. Werdum que já estava empolgado e desconcentrado, se esqueceu de tudo que treinou para enfrentar Miocic. O lutador profissional que ganhou de Fedor Emelianenko, Cain Velasquez, Minotauro, Alistair Overeem, Roy Nelson se comportou como um garoto. Esqueceu a estratégia que definiu com o mestre Rafael Cordeiro. Ele quis dar um show aos torcedores. E por isso não teve a mínima paciência. Não teve postura de campeão. O combate eram de cinco rounds. Tratou de tentar resolver a luta no primeiro. E apelando para a especialidade do rival, o boxe. Bobagem imperdoável. Fabricio tem 13 conquistas de Jiu-Jitsu. É o melhor peso pesado em jiu-jitsu do UFC em todos os tempos.

Mas quis socar Miocic. Dar de presente para a platéia um nocaute. Werdum parecia um garoto empolgado. Depois de trocar alguns poucos chutes com o oponente, se "suicidou". Saiu correndo atrás do americano. Com a guarda aberta, pensava apenas nos socos que poderia dar. Resultado, levou um direto de encontro, no queixo. A velocidade com que corria para tentar esmurrar foi cúmplice do terrível, constrangedor nocaute que tomou. "Acho que foi um pouco de ansiedade. Não tem nenhuma desculpa. Eu achei que estava bem preparado. Eu reconheço que ele foi melhor hoje, mas não acho que ele seja melhor do que eu. Eu estava um pouco avoado, acho que essa é a melhor palavra. Eu não vi o golpe. Eu tinha seis vitórias consecutivas e acho que o mais justo seria a revanche..." Werdum parecia José Aldo depois da luta contra Connor Mcgregor. Cometeu um erro primário de estratégia. Não por ódio do seu competidor. Mas por pura arrogância. Tentar agradar a torcida brasileira. E não lutou. Passou vergonha. Miocic agradeceu a precipitação de Werdum. O brasileiro não conseguiu nenhuma vez levá-lo ao chão. Esse era o grande medo. Sabia que não sobreviveria. Estava dando graças aos céus pelo brasileiro optar por tentar trocar socos com ele. E, principalmente, correr atrás dele com a guarda baixa.

Foi um erro primário que custou o cinturão dos pesados. A revanche poderia até ser justa. Mas, como no caso de José Aldo, a derrota foi muito rápida. 2m37 do primeiro round. A princípio parece que o adversário do novo campeão será Alistair Overeem. Werdum brigou com a sorte. E apanhou. "Revanche? Agora eu quero casar", brincava o novo campeão, feliz com o "presente de casamento" de Fabricio: o cinturão de pesados do UFC. Esperto, sabe que uma luta "a sério" com Werdum não o interessa. Agora o Brasil só é dono de um cinturão. Rafael dos Anjos, nos leves. Os Estados Unidos têm sete. Irlanda e Polônia também têm o seu. Os dois outros combates aguardados em Curitiba foram rápidos. Acabaram no primeiro assalto. Ronaldo Jacaré não deu a mínima chance para Vitor Belfort. O imobilizou com seu excepcional jiu-jitsu. Distribuiu cotoveladas à vontade. Desde que a reposição de testosterona foi proibida no UFC, o rendimento de Vitor caiu de maneira espantosa.

Jacaré é um dos mais injustiçados lutadores. Já deveria ter tido a chance de disputar o cinturão há muito tempo. Mas para Dana White sempre faltou carisma ao brasileiro. Ele não é tão vendável. Ou seja, não faz disparar a venda de pay-per-view. Mas depois da vitória sobre Belfort, chegou a vez de Jacaré. Ele enfrentará o vencedor da revanche entre o campeão Luke Rockhold contra o ex-dono do cinturão dos médios, Chris Weidman. Qualquer um dos dois que vencer, Jacaré será o favorito. E finalmente, depois de 11 anos de espera, Cris Cyborg fez sua estreia no UFC. Ela é a melhor lutadora de MMA do mundo. Mostrou seu talento contra a americana Leslie Smith. A saraivada de socos fez com que o combate durasse um minuto e vinte e um segundos. Cris estava emocionada. Lutou na sua cidade. Apesar de todo seu talento, há um grande problema. O UFC não tem categoria peso pena (até 65 quilos). Só tem peso palha (até 52,2 quilos) e galo (até 61,2). A brasileira admite que não conseguiria lutar com 61,2 quilos. Só com 65 quilos. Esse é um grande impasse.

A noite foi sensacional em Curitiba. As vitórias de Demian Maia sobre Matt Brown mostrou todo o poder do jiu-jitsu. Minotouro também se superou com um lindo nocaute no primeiro assalto contra Patrick Cummins. Shogun teve o apoio dos jurados na vitória contra Corey Anderson. Thiago Marreta mostrou sua força, seu crescimento, nocauteando Nate Marquardt. Com tantas emoções legítimas, Anderson Silva não fez a menor falta...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 May 2016 04:15:27

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