sexta-feira, 13 de maio de 2016

São Paulo conseguiu. Depois de 25 pessoas despencarem do camarote, só uma fileira do Morumbi será interditada. O medo agora é de processos milionários das vítimas. Por isso, telefonemas, visitas e camisas autografadas. Esse país se chama Brasil...

São Paulo conseguiu. Depois de 25 pessoas despencarem do camarote, só uma fileira do Morumbi será interditada. O medo agora é de processos milionários das vítimas. Por isso, telefonemas, visitas e camisas autografadas. Esse país se chama Brasil...




Como era de se esperar, mais um remendo no velho e ultrapassado Morumbi. Nada de interdição. Imagine. A decisão partiu do coronel Marcos Marinho. Ele foi comandante do Batalhão de Choque. E depois, chefe de arbitragem da Federação Paulista de Futebol. Do alto do seu novo cargo, diretor do Departamento de Segurança e Prevenção da FPF, ele determinou. Apenas a primeira fileira de cadeiras do anel inferior, área onde fica o camarote, cujas grades se romperam depois do gol do São Paulo contra o Atlético Mineiro, foi fechada. Do camarote despencaram 25 pessoas, direto para o fosso do estádio. Caíram de uma altura de 2,5 metros. 16 se feriram. Três, entre elas uma criança, precisarão ser operadas. Nem mesmo o anel inferior inteiro será interditado, como recomendava o perito da Polícia Criminalística. Não. A Defesa Civil acatou a sugestão do coronel Marinho. E a direção do São Paulo já avisou. Começará a fazer as reformas nas grades, cujas emendas estariam enferrujadas, oxidadas, de acordo com o perito da Polícia de Criminalística. Se até o domingo, dia 22, elas não estiverem terminadas, as áreas serão cercada por fitas e seguranças. Para evitar que os torcedores se aproximem da área interditada. Isso para a direção do São Paulo basta.

O Corpo de Bombeiros acredita ter descoberto o que aconteceu. Houve uma adaptação nas grades dos porta copos. Pela legislação, elas deveriam medir 1m10. Tinham dez centímetros a menos. Há cerca de três anos, foram soldados dez centímetros em cada pilar. O ideal seria a troca dos pilares. Mas ficou mais barato adaptá-los. E essa emenda teria enferrujado e rompido com as pessoas se levantando e pressionando o camarote, para ver a comemoração do gol de Michel Bastos. "Não houve avalanche na hora do gol. Todos estavam parados. A grade estava fraca e mal conservada. Vi que a base estava enferrujada." A constatação é de quem estava no camarote que rompeu. E viu seu filho despencar e se ferir. O administrador Salim Ali não comemorou o gol. Porque viu seu filho Davi mergulhar. Um queda de dois metros e meio. E como estava na frente, querendo ver Michel Bastos, pessoas caíram sobre ele. Acabou fraturando o maxilar.

Davi é apaixonado pelo São Paulo. É levado pelo pai desde os seis anos ao Morumbi. "Como ele é novo, não entende direito o que se passou. De dor ele não tem reclamado. Mas ficou feliz com a vitória do time", disse Ali ao Estadão. Se fosse nos Estados Unidos ou na Europa, a diretoria do São Paulo estaria desesperada. Mas como vivemos no Brasil, está apenas assustada. No Exterior, advogados garantem que os 16 feridos processariam o clube. Afinal, a segurança do espetáculo cabe a quem o promove. Se antecipando a essa possibilidade, Leco tomou providências. Carlo Augusto Barros e Silva é advogado. E mandou avisar à imprensa que o clube pagará todas as despesas hospitalares, inclusive cirurgias, para os feridos. Três necessitarão de operações. A princípio, simples. Todas envolvendo fraturas. Além disso, dirigentes e jogadores estão ligando para as vítimas e seus parentes. Michel Bastos foi um deles, lógico. "Foi uma conversa para tentar passar tranquilidade ao garoto e tentar de alguma forma confortá-lo com uma palavra de apoio. Se não me engano, ele vai passar por uma cirurgia. Parece que também no dia do acidente acabou comprando uma camisa e ela rasgou. Ele ficou muito triste por isso também. Andamos conversando e nós, jogadores, vamos tentar de algum modo visitar algumas das pessoas que se acidentaram, para ver se um simples gesto pode ajuda." Os feridos devem ganhar camisas autografadas do São Paulo.

Visitas do elenco. Tudo perfeito. Mas por trás dessa assistência há a postura do clube que não deseja ser processado. São Paulo e Atlético Mineiro bateu o recorde de público em 2016 no país. Nada menos do que 61.297 pagantes. Renda de R$ 4.137.596,00. Quem organiza um evento dessa magnitude se responsabiliza pela segurança. O que se passou é como se rompesse a grade de proteção de uma roda gigante. Os torcedores não fizeram nada demais. A não ser comemorar o gol em um estádio de futebol. Não houve vandalismo. Apenas a estrutura do estádio que não suportou. Por estar enferrujada, garantiram peritos da Polícia Criminalística. Caberiam processos contra o São Paulo, Conmebol, CBF e FPF. Todos garantiram a segurança do Morumbi. Ninguém vai para uma partida de futebol para acabar no hospital, com fratura. A diretoria do São Paulo está fazendo o máximo. Não quer que nenhuma vítima procure os seus direitos.

Se lembre que possa buscar justiça nos tribunais.

O clube alega fatalidade.

Mas houve irresponsabilidade.

Não é possível a liberação de camarotes passíveis de despencar.

Alguém falhou.

O clube tenta com os jogadores e assistência médica disfarçar.

Mas basta uma dessas vítimas processar o clube.

Afinal, as 25 pessoas que caíram do camarote correram risco de vida.

Por sorte não aconteceu algo mais grave.

Os altos dirigentes do São Paulo sabem muito bem desse risco.

E rezam para que telefonemas, visitas e camisas do time resolvam.

Façam seus torcedores não exercer seus direitos como cidadãos.

Esse país onde estádios ultrapassados são armadilhas...

As autoridades acham normal reformas improvisadas...

E culpam a fatalidade pelos "acidentes"...

Tem um nome: Brasil...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 13 May 2016 10:26:10

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