quinta-feira, 5 de maio de 2016

Na convocação de Dunga para a Copa América, o medo por não poder chamar Neymar. Mas o prazer de convocar um time comprometido, competitivo operário. Os egocêntricos foram deixados de fora...

Na convocação de Dunga para a Copa América, o medo por não poder chamar Neymar. Mas o prazer de convocar um time comprometido, competitivo operário. Os egocêntricos foram deixados de fora...




Alisson (Internacional), Diego Alves (Valência) e Ederson (Benfica); Daniel Alves (Barcelona), Fabinho (Mônaco), Filipe Luis (Atlético de Madri) e Douglas Santos (Atlético Mineiro); Miranda (Inter de Milão), Gil (Shandong Luneng), Marquinhos(PSG) e Rodrigo Caio (São Paulo); Luiz Gustavo (Wolfsburg), Elias (Corinthians), Casemiro (Real Madri) e Rafinha (Barcelona); Renato Augusto (Beijing Guoan), Philippe Coutinho (Liverpool), Lucas Lima (Santos) e Willian (Chelsea); Douglas Costa (Bayern), Hulk (Zenit), Ricardo Oliveira (Santos) e Gabigol (Santos). Com a boca seca, sorrisos tentando disfarçar a preocupação, Dunga apresentou seus escolhidos para disputar a Copa América. Ao lado da vergonhosa presença do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Um dos maiores críticos da CBF, aceitou ser o chefe da delegação nos Estados Unidos. A tensão de Dunga não está nesta seleção híbrida. Espertamente, convocou 16 atletas que estão sempre presentes com a camisa do seu Brasil. Mais sete em idade olímpica, que deverão estar sob o seu comando tentando buscar a inédita medalha de ouro.

O motivo de angústia do técnico gaúcho se chama Neymar. Pela primeira vez desde 2010, o melhor jogador brasileiro, um dos quatro melhores do mundo, não disputará uma competição oficial. Não pôde ser chamado. A direção do Barcelona deixou bem claro. Ou Copa América ou Olimpíada. Dunga escolheu ter o talento do jogador do Barcelona no Rio-2016. Aposta que, se tudo der errado nos Estados Unidos, o ouro olímpico pode segurá-lo na Seleção. Sem o futebol diferenciado de Neymar, Dunga tentará aproveitar e impor a sua filosofia. O que entende ser melhor para a Seleção Brasileira. O fim do estrelismo. Do jogador/celebridade. De Neymar ele não pode se livrar pelo imenso potencial do egocêntrico atacante do Barcelona.

Acabaram os privilégios que o técnico faz de conta que não existe. Como tarja de capitão, camisa 10, cobrar todas faltas, os pênaltis que quiser. Os chiliques contra adversários e árbitros que Dunga é obrigado, mesmo sem querer, a apoiar. Não como, em sã consciência, abrir mão de seu futebol. É o único diferenciado em uma geração de atletas médios, sem qualquer protagonista em seus times. Neymar é o único egocêntrico que o Brasil tem de aceitar. E a sua mais sentida ausência. O treinador recebe menos de 10% do salário do atacante do Barcelona. Não tem autoridade para exigir que ele não exagere nas férias. E se apresente o melhor fisicamente na Olimpíada. Dunga só pode torcer que Neymar seja responsável nas suas festas que só terminam no dia seguinte. E que tanto já incomodam a imprensa catalã. David Luiz, Thiago Silva e Marcelo já haviam despachados. Dunga não só não acredita nestes atletas como busca substitutos. Não estavam presentes nem na lista de 40 que poderiam ir aos Estados Unidos. Vale a pena dissecar os outros ausentes. Dunga finalmente se rendeu ao óbvio. Oscar vive a sua pior fase como jogador. Questionado inclusive no Chelsea. O treinador se cansou de dar chance ao meia e não ter uma volta. Analisando o seu desânimo nos treinamentos e péssimo rendimento, o treinador resolveu acabar com seu crédito na Seleção. Quer meias mais intensos, participativos, vibrantes.

Apesar de ser considerado intocável no Manchester City, Fernandinho foi esquecido. Ele confia muito mais em Luiz Gustavo. O vê como melhor parceiro de Elias. Fora Casemiro, em grande fase no Real Madrid. Roberto Firmino, que também era tão defendido pela Comissão Técnica, foi abandonado. O atacante não conseguiu se firmar com Dunga. Inseguro, tenso. Não rendeu na Seleção o que o técnico garantia que poderia render. Optou por esquecê-lo. Será muito difícil que retorne. Do futebol brasileiro, ele não quis levar Marcelo Grohe, Fagner e Paulo Henrique Ganso. O goleiro gremista perdeu a vaga para Diego Alves. O coordenador e ex-goleiro Gilmar Rinaldi é fã número 1 do jogador do Valencia. E ele terá chance de brigar de verdade pela vaga com Alisson. A Comissão Técnica sabe que o arqueiro do Internacional está se acertando com a Roma. Não há certeza de como estará psicologicamente para a competição. Muita gente importante, ligada a Marco Polo del Nero, acreditava ser fundamental ter Kaká. Ele seria o embaixador da Seleção nos Estados Unidos. Uma estrela. Só que Dunga revolveu parar de iludir o jogador e se iludir. O meia já tem 34 anos e não tem a menor condição de atuar no futebol intenso de o treinador deseja. Com Kaká, Dunga repete o que faz com Robinho. Aos 32 anos, o atacante pode fazer festa no Atlético Mineiro. Na Libertadores de 2016, nivelada por baixo. Mas não consegue jogar com eficiência nos grandes times europeus, que o esqueceram. O mesmo vale para a Seleção. Ele e Kaká já não vão seguir daqui para a frente. Quanto a Fagner, o corintiano vive uma fase excelente. A eliminação de seu time diante do Nacional, com direito à expulsão infantil, também pesou. Daniel Alves é o titular absoluta. Mas Dunga preferiu observar Fabinho do Mônaco, atleta que deverá ser titular na Seleção Olímpica. Se trata de uma opção muito discutível.

Em relação a Paulo Henrique Ganso, o treinador agiu de maneira coerente. O meia são paulino vem decepcionando há anos. Na sua última participação na Seleção, na Olimpíada de Londres, mostrou falta de personalidade incrível. Deixou que o esquema de Mano Menezes o atrapalhasse desde o início. Depois veio uma contusão. E ele seguiu com a delegação como um manequim. Sem coragem de dizer que não tinha condições de atuar. Depois de 2012 entrou em profunda decadência técnica. Só começou a reagir de verdade este ano. Situação mais do que aceitável ficar de fora da lista definitiva. Dunga e Gilmar apenas abriram a perspectiva, mostraram a ele a possibilidade de retornar à Seleção. O Brasil que disputará a festiva centenária Copa América dos Estados Unidos já tem um time definido. Alisson, Daniel Alves, Miranda, Gil e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Elias, Renato Augusto e Willian; Ricardo Oliveira e Douglas Costa. Aliás, sem seus companheiros vaidosos, Daniel Alves terá de se comportar. Se encaixar no grupo. Já não há inesgotável simpatia pelo lateral do Barcelona. Principalmente por sua postura fora do campo.
Dunga exigirá um time competitivo, sem direito a estrelismo. Com Lucas Lima, Marquinhos, Casemiro e Hulk prontos para entrar a qualquer momento. O treinador precisa ser campeão, vencer a competição. Já chega à decepção na Copa América do Chile e a sexta colocação que o Brasil ocupa nas Eliminatórias. Dunga sabe disso. E terá um elenco extremamente obediente, comprometido. É assim que ele gosta de trabalhar. Apenas suporta Neymar, porque todo técnico da Seleção tem de suportar. Além de lutar pelo título, Dunga irá se aproximar, tentar ganhar intimidade com jogadores importantes na Olimpíada do Rio. O goleiro Ederson, os laterais Fabinho e Douglas Santos, os zagueiros Marquinhos e Rodrigo Caio, o meio-campista Rafinha e o atacante Gabigol. Eles irão aos Estados Unidos para firmar cumplicidade, parceria com o treinador.
Ter um time híbrido foi atitude inteligente da Comissão Técnica. O que Marco Polo quer, e precisa, Dunga já sabe. É o título nos Estados Unidos. E a medalha de ouro nas Olimpíadas. Depois de seis anos de dependência... O mundo quer ver a Seleção Brasileira diferente.

Sem Neymar...

Sem seu talento...

E seu ego...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 May 2016 13:37:33

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