terça-feira, 26 de julho de 2016

A diretoria disfarça, finge comemorar a venda de Pato ao Villarreal. Mas sabe. Foi o pior negócio da história do Corinthians. Falta de visão e vontade de ter e 'sangue azul' custaram caro demais...

A diretoria disfarça, finge comemorar a venda de Pato ao Villarreal. Mas sabe. Foi o pior negócio da história do Corinthians. Falta de visão e vontade de ter e 'sangue azul' custaram caro demais...




"Vocês achavam que não venderíamos, vendemos. Já vendeu. Depois o presidente anunciará." Foi assim, dessa maneira amadora, que Andrés Sanchez confirmou a venda de Alexandre Pato ao Villarreal. Falou como se a saída de Alexandre Pato fosse uma vitória. Mas se trata de uma enorme derrota. A pior desde que Andrés passou a dominar o Corinthians, desde 2007. Na verdade, marca o final de uma das piores negociações da história do clube. E toda arquitetada pelo deputado federal do Partido dos Trabalhadores. O Corinthians investiu mais do que dinheiro no jogador. O comprou por uma questão social. Os dirigentes gostaram da ascensão social. De ter um jogador midiático, estrela, conhecido pelo mundo todo. Alguém para substituir Ronaldo, maior acerto de Andrés. E por isso, foi buscar o jovem atacante. Ele deveria ser mais do que um jogador. A referência para a mídia internacional do clube que havia acabado de vencer a Libertadores e o Mundial. O Corinthians que havia sido o clube do Fenômeno, seria o de Alexandre Pato. Namorado da filha de Silvio Berlusconi, dono do Milan e ex-primeiro ministro italiano, "era como o baixo clero comprasse sangue azul", resume um conselheiro da oposição. "Baixo clero" é como a ala comandada por Andrés, ligada às organizadas, é tratada pelos rivais que perderam o poder no Parque São Jorge.

Os erros ligados a Alexandre Pato foram enormes, amadores, imensos. A começar pelo contrato. Assim como fez com o Itaquerão, Andrés Sanchez acreditou que o PT iria manter a economia brasileira em uma bolha, estável. Nem supôs que a crise internacional mergulharia o país na recessão. Primeiro pagou 10 milhões de euros, cerca de R$ 43 milhões no final de 2012. E por "apenas" 60% dos direitos do jogador. Os 40% restantes seguiam com o atleta. Andrés bateu no peito orgulhoso. Era a contratação mais cara já feita por um clube brasileiro. ofereceu um contrato absurdamente alto pelos 60% dos direitos do atacante. Quatro anos pagando R$ 800 mil mensais a cada 30 dias. Tinha toda a certeza que empresas fariam fila para contratá-lo como garoto propaganda. A Nike se preparou para vender milhares do camisa 7. Seria o jogador símbolo do novo estádio que estava sendo construído em Itaquera. A torcida corintiana o aceitaria de braços abertos. O levaria à condição de artilheiro da Seleção Brasileira da Copa de 2014. Não havia concorrentes. E depois de usufruir mídia e os gols do jogador, o plano era simplório. Revendê-lo com enorme lucro. Conselheiros ligados a Andrés, diziam na época, que o desejo era, no mínimo, dobrar o investimento. Vendê-lo após o Mundial no Brasil por 20 milhões de euros. Fazer de Pato uma demonstração de como um clube sabe gerir uma contratação. Só que faltou avisar aos russos, como diria Mané Garrincha. O plano se mostrou utópico e começou a ser sabotado dentro do próprio Corinthians.

Tite nunca pediu Alexandre Pato, sequer foi consultado. O treinador havia conduzido o time ao título da Libertadores. E ao Mundial. Ele sabia muito bem o quanto os jogadores estavam empolgados. Tinham a certeza que entrariam para a história do clube. Seriam reconhecidos, ganhariam além da premiação, aumento, prorrogação de contratos. Seriam valorizados. Mas quando viram que o clube preferia contratar um jogador de fora e dar toda a mídia e dinheiro a ele, se revoltaram. Tite e o time corintiano rejeitaram Alexandre Pato. O grupo ficou revoltado, se sentiu diminuído depois de conquistas tão importantes. O ex-jogador do Milan, após se curar do desequilíbrio muscular que provocou 16 lesões musculares no seu período na Itália, não esperava tamanha frieza. Ficou claro que ele não fazia parte do grupo. No futebol, o salário serve para diferenciar os atletas, como casta. Como Pato poderia ganhar mais do que todos que haviam conquistado o Mundial para o Corinthians? A rejeição foi enorme. Pato tentou ser aceito. Mas se cansou e tratou a rejeição com rejeição. Se isolou. Não conseguiu ser amigo principalmente de Sheik e de Guerrero. Como nunca havia passado por algo parecido, Pato foi perdendo confiança e se desestimulando nos treinos. Foi fraco psicologicamente. Sua reação acabou perfeita para Tite transformá-lo em reserva, para desespero da diretoria. O time fracassou no sonho do bicampeonato da Libertadores. Estava mal no Brasileiro. Mas havia a Copa do Brasil. Na decisão de uma vaga contra o Grêmio, Pato resolve dar uma cavadinha diante de Dida. O lance é a pá de cal com Tite e o grupo campeão mundial. "Danilo (perdeu), errar é do jogo. Edenilson (que também errou), é do jogo, é da vida, faz parte. Olha para mim, Pato: tu não é da vida. O jeito que tu perdeu, não é. Tu tem que aprender a trabalhar em equipe, tu tem que deixar de ser egoísta. Tu tem que amadurecer e virar homem."

Foi com essas palavras que Tite o desmoralizou de vez diante do grupo de atletas, no vestiário da arena gremista. Nunca mais houve a mínima harmonia entre o jogador e o grupo. Tite foi embora, chegou Mano. E ele foi orientado a pressionar Pato para que "parasse de frescura" e fizesse valer tudo o que o Corinthians gastou com ele. E seu salário, o maior do Brasil. Mas o atacante se irritou quando confrontado. Se conformava com a reserva, o que desconsertou Mano. A gota d"água foi a invasão das organizadas ao CT corintiano, em fevereiro de 2014. A ameaça de vândalos. Cantando, garantiam que quebrariam suas pernas se encontrassem Pato. Eles achavam que ele estava acomodado, "roubando" o Corinthians. Escondido no vestiário, atrás de um armário que foi colocado atrás da porta para evitar a entrada destes vândalos, Pato jurou a si mesmo que iria embora. Não queria mais ficar no Corinthians. Aceitou alegre a troca por Jadson e foi, por empréstimo, para o São Paulo. Lá falou a companheiros de time que nunca mais pretendia jogar pelo Corinthians. Ficou no Morumbi até o final de 2015. Enrolou o mais que pôde, aceitou treinar, mas não colocou mais a camisa para jogar. Foi emprestado de novo, para o Chelsea. Jogou apenas duas partidas.

Teve de voltar a treinar no Parque São Jorge. Cristóvão queria colocá-lo para jogar, sábado contra o Figueirense, no Itaquerão. Os chefes das organizadas avisaram a direção do clube que não aceitavam. Era uma ofensa a quem tinha desprezado o Corinthians, quando estava no São Paulo. A saída foi o Villarreal. O clube espanhol precisava de mais um atacante. Tinha apenas Roberto Soldado e Cédric Bakambu. Os dirigentes sabiam que o contrato de Pato terminaria no final do ano. E ofereceram 1 milhão de euros, cerca de R$ 3,6 milhões, ao Corinthians. O clube não só recusou, como pediu 5 milhões de euros, cerca de R$ 18 milhões. O acordo foi selado em 3 milhões de euros, R$ 10,8 milhões. Na conta no Parque São Jorge, são mais R$ 4,8 milhões de economia, em salários. Ou seja, Andrés comemora a negociação de R$ 15,6 milhões. Triste compensação para quem gastou R$ 43 milhões na contratação. E mais R$ 17 milhões em salários. Por um ano e dez meses para que ele jogasse no São Paulo. A venda de Pato para o Villarreal não é uma vitória.
Mas a confirmação de um grande fracasso. Do amadorismo. Da falta de visão. Do desprezo a um técnico e a um grupo campeão mundial. Da falta de conhecimento da personalidade do jogador. Postura deslumbrada, de novo rico. Dirigentes empolgados com estádio, títulos, dinheiro. Pato também errou. Sua personalidade elista não combina com o Corinthians.

Deu inúmeros passos atrás na carreira.

Se queimou na Seleção, nos grandes clubes europeus.

Está milionário, mas precisa começar do zero.

O Villarreal é um time médio no cenário mundial.

O negócio foi péssimo para todos os lados.

A ponto de Andrés ter a coragem de provocar os jornalistas.

"Vocês não diziam que não íamos vender?"

Perguntou ao jornalista do Globoesporte.

Sim, ele vendeu Pato.

Com prejuízo não só financeiro.

Moral.

O constrangimento durou três anos e meio.

Tempo e muito dinheiro perdidos.

Foi o pior negócio da história de 106 anos de Corinthians...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Jul 2016 07:07:23

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