sábado, 16 de julho de 2016

Planilhas da Odebrecht provam o absurdo preço do Itaquerão. O estádio corintiano deveria custar R$ 780 milhões. Seu custo final para o clube será de R$ 1,640 bilhão. E ainda pode aumentar. Uma loucura autorizada por Andrés Sanchez...

Planilhas da Odebrecht provam o absurdo preço do Itaquerão. O estádio corintiano deveria custar R$ 780 milhões. Seu custo final para o clube será de R$ 1,640 bilhão. E ainda pode aumentar. Uma loucura autorizada por Andrés Sanchez...




Para quem gosta absurdos, deve estar extasiado em relação ao custo do estádio do Corinthians. De como o sonho virou pesadelo, pela péssima negociação conduzida por Andrés Sanchez. E que obrigou o time a seguidos desmanches. Impedindo que o clube estabelecesse um domínio no futebol nacional. Por isso a valorização de Tite, que conseguiu, por exemplo, o título Brasileiro de 2015. Mesmo com a diretoria atrasando salários, premiação aos garotos que conquistaram a Copa São Paulo, não pagando oito meses de direito de imagem a alguns atletas campeões. Atrasando o salário do agora treinador da Seleção. Tudo isso se deve aos milhões que o clube arrecada na arena ir direto para o pagamento do estádio. Mas afinal. Qual era mesmo o custo final do custo desta obra? Andrés Sanchez encheu os pulmões para responder, com orgulho, essa pergunta, em 2011. "O estádio do Corinthians custa 780 milhões. É mais de 1 bi, e vamos pagar 780. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht." Disse à revista Época.
Naquele momento, o PT governava o país sem contestação. Dilma estava em seu primeiro ano de mandato. Emilio nem sonhava que seu filho Marcelo e grande parte da cúpula da Odebrecht estaria atrás das grades, por distribuir propinas para políticos. Andrés estava no paraíso. Era coordenador da Seleção Brasileira e estava pronto para ser o sucessor de Ricardo Teixeira. O ex-genro de Havelange mandava na CBF e era o presidente do Comitê de Organização da Copa do Mundo. Só que seu mundo ruiu quando Teixeira abandonou a CBF, pressionado pela Polícia Federal e acusações de recebimento de propina da ISL. Andrés foi mandado embora por José Maria Marin, a mando de Marco Polo del Nero. Daí o ódio entre os dois. Andrés tratou de cumprir então a determinação de seu padrinho, Lula. O ex-presidente sonhava vê-lo como prefeito de São Paulo. O primeiro passo seria se eleger deputado federal. Com uma votação de arrebentar, desejava Lula. No mínimo, um milhão de votos. Chegar em Brasília como o deputado mais votado do estado mais rico do país. A previsão era que os corintianos iram levá-lo "nas costas" depois dele ter "conseguido" o estádio. Só que os eleitores souberam separar as coisas. Para a expectativa, Andrés teve uma votação pífia. Representando o PT e o PC do B, somou 169.834 votos. Foi apenas o 20º mais votado. Ficou atrás de Tiririca, Baleia Rossi, Marco Feliciano, Paulinho da Força. De nada adiantou o estádio estilizado na sua propaganda política.

Estava claro para o PT que Andrés não tinha a representatividade que Lula sonhava. Seu primeiro projeto que tentou emplacar foi motivo de piada. "O dia do Corinthians". Diante da reação popular, ele retirou a sua ideia de tornar o dia 1° de setembro, dia do Corinthians, em todo o território nacional. Acabou foi deixado de lado pelos políticos profissionais. Desiludido, Andrés garante que vai cumprir o mandato e não concorre à reeleição. Percebeu que sua força política se restringe ao Parque São Jorge. Adeus sonho de se tornar prefeito de São Paulo. Virou carta descartada no PT e no PC do B. No Corinthians, ele segue mandando como em 2007, quando derrubou Alberto Dualib, de quem fora diretor de futebol. E homem de confiança de Kia Joorabchian, representante do bilionário russo, Boris Berezovsky. Independente de Mario Gobbi e Roberto de Andrade, Sanchez está há nove anos fazendo o que quer no clube. Andres é o responsável direto pelo estádio ter o apelido que ele tanto odeia. Itaquerão já virou o nome como é conhecido nacionalmente. Se tivesse conseguido alguma empresa para comprar os naming rights da arena, como havia prometido desde 2011, o aumentativo não dominasse a população, com exceção de torcedores desiludidos, que tentam chamar o estádio artificialmente de "Arena Corinthians".

Mas o que interessa neste sábado ensolarado e frio, de 9 de julho de 2016, é outra coisa. Não é o nome. Mas o preço final do Itaquerão. Quanto o clube terá de pagar, incluindo os juros, pela obra. A Folha de São Paulo comprova o que muitos desconfiavam. Os juros extorsivos vão tornar a obra absurdamente caríssima. Dos R$ 780 milhões garantidos por Andrés, o estádio chegará a um custo extraordinário. Nada menos do que R$ 1,640.000,00. Sim, mais do que o dobro que o homem no Corinthians apregoava. A prova está na planilha da Odebrecht que o jornal teve acesso. Isso se o clube pagar em dia até 2028, data final do pagamento. Tudo poderá ainda ficar mais caro, dependendo da inflação e mudança de taxas de juros. Vale destacar este trecho importante da matéria. "Quando decidiu construir sua arena em Itaquera, o Corinthians pretendia que a obra fosse feita pela Odebrecht pelo valor de R$ 820 milhões (R$ 1 bilhão, em valor corrigido), que seriam pagos com empréstimo do BNDES, de R$ 400 milhões, além dos incentivos fiscais da Prefeitura de São Paulo, os CIDs, no valor de R$ 420 milhões. Esses teriam que ser postos à venda no mercado. O BNDES seria pago com a venda dos naming rights, segundo previsão de Andrés Sanchez, ex-presidente do alvinegro e responsável pela gestão do estádio.

No entanto, os dois recursos - o empréstimo do BNDES e a emissão de CIDs — demoraram a ser liberados. Enquanto isso, as obras já estavam em andamento às custas da construtora, que não conseguiu arcar o custo sozinha e teve de fazer empréstimos com o Banco do Brasil e o Santander, submetendo-se a juros do mercado. Essas primeiras dívidas ainda serviram para pagar a estrutura temporária da Copa do Mundo, ao custo de quase R$ 100 milhões. Outra mudança encareceu o estádio: um aditivo feito pela Odebrecht com o fundo (criado para administrar o estádio) e o Corinthians para aumentar em R$ 165 milhões o preço da obra. O motivo foram gastos extras, como retirada de um duto subterrâneo, impostos não previstos, entre outros. O custo foi elevado para cerca de R$ 1,2 bilhão por alguns fatores: o preço inicial do estádio mais o montante gasto com as instalações provisórias para o Mundial acrescido dos juros dos empréstimos tomados junto ao Banco do Brasil e Santander. Aquela estrutura original pensada para quitar a construção já não era mais suficiente. Os CIDs e o BNDES davam conta de dois quartos do total. Mas eles ainda não tinham sido liberados. Para evitar os juros correntes dos empréstimos do Banco do Brasil e do Santander, o fundo e o Corinthians foram em busca de ajudas avaliadas como menos impactantes.

Eles optaram por emitir debêntures, títulos de crédito lançados para captar recursos. Foram feitas duas emissões, no valor de R$ 400 milhões, somadas, não pagas até hoje, com previsão de quitação em 2028. De acordo com a planilha, os juros somados das debêntures e do financiamento do BNDES resultam em cerca R$ 463 milhões, o que leva o estádio a custa R$ 1,64 bilhão. O Corinthians paga atualmente parcelas de cerca de R$ 5 milhões ao mês para quitar o financiamento que fez com o BNDES. Neste momento, está inadimplente, com a permissão da Caixa, que repassa o dinheiro, pois estão em negociações para a extensão do prazo de pagamento." A situação é muito séria. Não tivesse o domínio total do clube e a oposição fosse omissa, Andrés Sanchez deveria explicar esse absurdo.

Como uma pessoa pôde autorizar que o clube se endividasse tanto?

Um estádio avaliado em R$ 780 milhões vai custar, na melhor das hipóteses, R$ 1,640 bilhão. E todos fingem ser normal. Porque sabem que o Corinthians está dominado pelo grupo político comandado por Andrés. É impossível contestá-lo.

Foi preciso um jornal revelar os segredos do preço do estádio.

Conselheiros imploravam para saber o custo final.

E não conseguiam.


Agora estão publicados.

Viraram públicos.

Vale o resumo. Custo inicial do estádio, R$ 820 milhões. Aditivo do contrato, R$ 165 milhões. Estrutura temporárida da Copa do Mundo, R$ 100 milhões. Juros referentes a cinco empréstimos contraídos ao longo da construção do estádio, R$ 100 milhões. Juros referentes a cinco empréstimos contraídos ao longo da construção do estádio. R$ 453 milhões.

Tudo detalhado.

Chocante.

Só que não vai mudar a vida corintiana.

Por absoluta covardia da oposição.

O que acontece no Itaquerão mostra como os clubes são geridos.

E por quê os dirigentes não querem que se tornem Sociedades Anônimas.

Pela atual legislação, ninguém será responsabilizado por esse prejuízo.

A negociação absurda.

A não ser os cofres corintianos.

Triste.... mas verdadeiro...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Jul 2016 12:42:47

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