Assim que o Paraguai eliminou o Brasil da Copa América, de 2015, executivos da Globo sentiram um arrepio na alma. O resultado transcendia a mera competição sul-americana. O que interessava para a emissora carioca: a Seleção chegava ao cúmulo do seu fracasso. Não disputaria a Copa das Confederações em 2017, na Rússia. Desde 2005, o torneio serve de laboratório para as Copas do Mundo. O Brasil está mergulhado em uma profunda recessão econômica. São mais de 12 milhões de desempregados. O país deixou de atrair investidores. A Rede Globo e as cinco emissoras de TV aberta de propriedade do Grupo Globo (em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 396,5 milhões em publicidade estatal federal em 2015. O valor representa uma queda de R$ 206,3 milhões (34%) em comparação a 2014, quando essas emissoras haviam recebido R$ 602,8 milhões. Coca Cola, Volkswagen e Magazine Luiza já desistiram de patrocinar o futebol da emissora. Está muito mais difícil encontrar anunciantes. As denúncias de corrupção na CBF e os repetidos fracassos da Seleção espantam a audiência. Os jogos de futebol atualmente perderam 22% de audiência nos últimos dez anos. A cenário é tão ruim que fez a Bandeirantes deixar de ser parceira da Globo. Não quis mais pagar os 20% da cota de transmissão para mostrar o Campeonato Brasileiro e da Champions League. Jogos da Seleção Brasileira, ela já não tinha. A emissora pensa também em virar as costas aos Estaduais. No futebol brasileiro, com raríssimas exceções, só estão jogadores que não têm capacidade de atuar na Europa. Ou que voltaram, envelhecidos. E sem mercado. O nível técnico é cada vez pior, em relação ao futebol do Velho Continente.
Da mesma maneira que a emissora já impôs bambolês, meias lurex, sandálias de plástico, colares masculinos de miçangas, ela pretende algo mais ambicioso. Mostrar a primeira Copa das Confederações sem o Brasil. Por quê esse interesse? Para mostrar a Tite esquemas táticos modernos? Nada disso. A resposta é outra. Para não diminuir o preço que cobra dos patrocinadores pelo futebol. Nada menos do que R$ 1,5 bilhão. Só estaduais, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Eliminatórias não são suficientes. É preciso ter um grande evento internacional em 2017. A Copa das Confederações.
E para isso é preciso doutrinar o telespectador. O fazer se familiarizar com outras seleções que a não a verde e amarela, que envergonha o brasileiro desde 2002. A doutrinação já começou. A emissora faz o que quer com o calendário nacional. E resolveu que o Brasil seria obrigado a assistir ao final da Eurocopa neste domingo. Quem quiser ver futebol, como está acostumado há décadas, neste domingo, não verá Flamengo, Corinthians, São Paulo, Fluminense, Palmeiras, Botafogo. Não há outra opção a não ser ver França e Portugal. A campeã precisa e será muito badalada com matérias especiais. O motivo? Porque estará na Copa das Confederações no próximo ano. As classificadas até agora são a Rússia, anfitriã, Alemanha, como vencedora da Copa do Mundo de 2014, Chile, vencedor da Copa América, Austrália, campeã da Copa da Ásia de 2015, México, pela conquista da Copa Ouro de 2015, Nova Zelândia, pela Copa das Nações. Há um lugar para o vencedor da Copa das Nações Africanas, que será disputada em 2017. E para Portugal ou França, quem vencer a Eurocopa.
A Copa das Confederações será disputada entre 17 de junho e 02 de julho de 2017. Pelo menos os jogos principais, a Globo quer mostrar. E precisa cada vez mais acostumar o brasileiro "na marra" a ver duas seleções atuando, sem ser a Brasileira. Por isso, com a maior facilidade, mexeu na tabela da CBF. Antes mesmo do encontro gospel na arena palmeirense estar marcada para este fim de semana, o clássico foi mudado para a próxima terça-feira. Atlético Mineiro e Flamengo, jogo com muito apelo, foi marcado para as 11 horas da manhã deste domingo. As maiores praças, as que interessam, São Paulo e Rio, serão obrigadas a assistir França e Portugal. Chapecoense e Corinthians e América Mineiro e Botafogo jogarão sábado, às 16h30.
Tanta mudança assim para que a final da Eurocopa seja vista. A emissora também exigiu da CBF jogos às segundas-feiras, às 20 horas. A desculpa que a entidade que controla o futebol deste país é que dá certo na Europa. Principalmente, no Campeonato Inglês. Na prática, o que acontece? Os jogos servem para aumentar a audiência do canal a cabo da emissora, o Sportv. E asseguram os personagens principais para o programa de Galvão Bueno, Bem, Amigos. Com mais telespectadores há a chance de novos anunciantes. Nada nesta vida é por acaso. O que está acontecendo é tudo dentro do normal. A Globo manipula o telespectador de futebol há anos. Impõe hábitos como jogos às 22 horas no meio da semana. Não se preocupa com o apaixonado pelo futebol que precisa acordar as seis da manhã do dia seguinte.
Como muito menos está preocupada se quebrará a rotina do torcedor comum, que não tem interesse nas seleções de outros países. E que aproveita seu domingo para ver os times de seu estado. Ele que se eduque. Passe a se familiarizar com portugueses e franceses. Assista a final da Eurocopa 2016. E se prepare para a Copa das Confederações de 2017. A competição que o Brasil não teve competência para estar.
Assim como um dia, o país colocou meias lurex.
No próximo ano, basta a emissora ordenar à CBF.
E o calendário será manipulado novamente.
Para que o gosto do torcedor seja "internacionalizado".
Até porque a emissora já se prepara.
Vai que o Brasil não dispute a Copa de 2018.
Ela não pode ficar sem o dinheiro dos patrocinadores.
Que é o que interessa, no final das contas...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 08 Jul 2016 14:46:37
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