sexta-feira, 8 de julho de 2016

"Ele é um jogador normal, regular." Oswaldo de Oliveira sobre Gabriel Jesus, em 2015. O treinador só se tornou 'pai' do talentoso atacante por pressão de Paulo Nobre, da diretoria do Palmeiras. A verdade é bem menos interessante do que a lenda...

"Ele é um jogador normal, regular." Oswaldo de Oliveira sobre Gabriel Jesus, em 2015. O treinador só se tornou 'pai' do talentoso atacante por pressão de Paulo Nobre, da diretoria do Palmeiras. A verdade é bem menos interessante do que a lenda...




"Gabriel é um jogador normal, regular, gente." A César o que é de César. Oswaldo de Oliveira foi sim o primeiro treinador a escalar Gabriel Jesus no Palmeiras. Porém Paulo Nobre e Alexandre Mattos sabem muito bem que, por ele, o atacante ficaria pelo menos um ano ainda se preparando. Não acreditava que o meia tivesse tanto talento quanto era atribuído ao garoto. Mesmo com os jogadores ficando impressionados com seu rendimento nos treinamentos. Alexandre Mattos teve várias conversas sobre a situação. E Oswaldo seguia um mantra. Não é porque o garoto rende muito na base que vai repetir seu desempenho no profissional. Repetia que já viu várias promessas "morrerem na praia". Não ter preparo psicológico e personalidade para se impor. O exemplo de Lulinha no Corinthians chegou a ser citado. Mas nada disso convencia Paulo Nobre. Ele ouvia relatos que cada vez mais Gabriel Jesus se destacava. O presidente fazia questão de ter informações sobre o menino. O que Oswaldo falou logo depois da partida contra o São Bernardo, em março do ano passado, era o que pensava. Via o garoto como um "jogador normal, regular". Nobre questionava Mattos o porquê desta avaliação do técnico. Se todas as outras fontes de informação atestavam ter o Palmeiras um prodígio. Acontece que Oswaldo deixou claro em uma conversa franca com o executivo de futebol. Ele afirmou que não era um treinador que aceitava pressão. Era claro à diretoria que gostava de trabalhar com atletas experientes, vividos. Sabia da obrigação de conquistas para seguir trabalhando no clube. E uma de suas assumidas preferências na equipe era por Rafael Marques, seu jogador de confiança. Há alguns treinadores que escolhem atletas por seu desempenho, comportamento, liderança, afinidade. É o caso de Oswaldo e Rafael. Os dois trabalharam juntos no Japão, no Botafogo, no Palmeiras. E o técnico já o pediu no Sport.

O que pode parecer algo descabido hoje, um ano depois, era perfeitamente normal para o treinador. Escalar Rafael Marques e deixar de fora Gabriel Jesus. Quem acompanha de perto o Palmeiras sabe que o jovem jogador já mostrava a mesma habilidade e confiança no ano passado. O aprimoramento não foi tanto assim. O que acontecia era pura e descabida injustiça. Com insegurança do técnico. O Palmeiras de Oswaldo de Oliveira conseguiu seu melhor resultado eliminando, o Corinthians na semifinal do Paulista, nos pênaltis, no Itaquerão. Mas veio a decisão contra o Santos. E a desilusão foi imensa, com o time entregue, sem vibração. Sem Gabriel Jesus. A demissão era algo previsível. Ela veio na sexta partida do Brasileiro, depois da derrota contra o Figueirense, em Santa Catarina. Antes retornar voltar para São Paulo, o técnico foi para sua cidade, o Rio de Janeiro. Voltou demitido. Depois de um ano, Barcelona, Real Madrid e Bayern analisam a possibilidade de contratar Gabriel Jesus. Ele está convocado para a Seleção Olímpica. Tite pretende testá-lo no time principal. Ou seja, o atacante era um atleta diferenciado, talentoso já em 2015. Mas como diz o ditado: ninguém quer ser pai de filho feio. Oswaldo de Oliveira aceita com prazer o privilégio de treinador descobridor de Gabriel Jesus. "A projeção era essa mesmo. Era preciso ter calma naquele momento, em que ele estava aparecendo e vinha sendo muito assediado. Eu procurei dar uma acalmada e tirar o foco dele um pouco. Fico muito feliz em vê-lo jogando bem. E torço bastante por ele, porque é um excelente garoto", disse Oliveira, no sábado passado.
Quem tem a chance de conhecer os bastidores do Palmeiras sabe. A situação era exatamente o contrário. Pelo treinador, Gabriel Jesus ficaria ainda amadurecendo entre os juniores. Considerava muito cedo para estar entre os profissionais. E com tanta euforia em relação ao jogador. Vale lembrar o que o próprio Oswaldo deixou escapar falando de sua demissão do Palmeiras. "Foi uma luta muito grande ano passado, todo mundo forçando: "Pô, Oswaldo, tem que botar o Gabriel para jogar". E eu: "Vamos com calma, vamos com calma, vamos com calma!". Mas é uma coisa que acaba extrapolando e acho até que há uma referência sobre esse caso na minha saída do Palmeiras. Quando eu tento controlar uma coisa que ninguém mais consegue controlar, quem vai sair é quem está tentando controlar." Ou seja, sabe que saiu, além dos péssimos resultados, por não acreditar no atacante.

O futebol brasileiro é assim, repleto de meias verdades. Ao assumir o Santos, Leão queria que Robinho fosse emprestado ao São Caetano. Considerou o atacante muito magrinho, sem físico para o futebol. A diretoria não permitiu e o jogador foi fundamental na conquista do Brasileiro de 2002. O tempo passou e Leão se tornou o "pai de Robinho". Poucos lembram que, na verdade, foi Celso Roth o primeiro a acreditar no atacante. Gabriel Jesus e seu staff acham melhor deixar tudo como está. O Palmeiras enfrentará o Sport em Recife. Oswaldo de Oliveira está suspenso. Mas, com certeza, irá dar seu abraço na "joia que deu de presente" ao futebol brasileiro. Será diante das câmeras, cercado de jornalistas. Para passar à posteridade. Mas Paulo Nobre e Alexandre Mattos sabem muito bem a verdade. Como dizem em más redações de antigos jornais. "Se a verdade é sem graça, publique-se a lenda!" Aqui, não...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Jul 2016 10:41:18

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