domingo, 24 de julho de 2016

Técnico assume ser contra Olimpíada no Brasil. E confirma que escalaria jogador gay na Seleção. Para desespero de Del Nero, Micale fala o que pensa. "Não preciso agradar ninguém"...

Técnico assume ser contra Olimpíada no Brasil. E confirma que escalaria jogador gay na Seleção. Para desespero de Del Nero, Micale fala o que pensa. "Não preciso agradar ninguém"...


Teresópolis... "Sou contra a Olimpíada no Brasil. É minha opinião. Por tudo que penso da sociedade, do nosso momento político. Não preciso agradar ninguém. "Não posso falar que a Olimpíada é uma coisa boa pra gente neste momento. Pai de família no hospital, um monte de gente morrendo, gente desempregada. Gastar não sei quantos bilhões..." A opinião de Rogério Micale, treinador da Seleção Olímpica, exposta à Folha é surpreendente. E vai contra tudo o que o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, havia exigido, por exemplo, de Dunga. Marco Polo não queria que o ex-treinador da Seleção e o ex-coordenador, Gilmar Rinaldi, se manifestassem contra os Jogos Olímpicos. O dirigente busca o maior apoio possível para se manter no cargo. Principalmente dos políticos. Foram eles, por exemplo, que esvaziaram a CPI do Futebol. Fizeram que não desse em nada de prático. Nem relatório final acontecerá, para desgosto de Romário. Mas a mensagem de Del Nero não chegou até Micale. De maneira sincera, direta, ele desmistifica a competição que pode mudar a sua vida como treinador. O técnico não recebeu mesmo as recomendações de Del Nero. Também fez questão de assumir que escalaria um jogador gay na Seleção Brasileira Olímpica. "Se for gay e excelente atleta, não tem como não escalar." Confirmou também ter amigos gays.

Micale está se mostrando um técnico de coragem com essas posturas escancaradas. Não Polêmicas. Não concordar com os gastos para o Brasil ter sua Olimpíada e afirmar que trabalharia com jogadores gays na Seleção são duas posturas polêmicas. Vão chamar ainda mais atenção para o time de futebol masculino. Não é a postura desejada na CBF, entidade que deseja de qualquer maneira fugir dos holofotes. Mas está claro que Micale quer dar uma virada na sua carreira. Pular o estágio de trabalhar apenas com garotos. São 17 anos. Só conseguiu comandar adultos em dois períodos curtos. Como interino no Figueirense. E apenas duas partidas no Grêmio Prudente, sendo demitido, depois de duas derrotas. Sabe que a Olimpíada poderá servir como publicidade. E tem aproveitado a presença da imprensa de todo o Brasil para mostrar seus métodos de trabalho. Moderno, inspirado claramente na Europa, adotando principalmente o que conseguiu sugar dos ensinamentos de Pep Guardiola. "Futebol envolve todos os jogadores, não existe setores que só fazem papel de defender ou atacar. É um conjunto que começa com a participação do goleiro, e o defensivo com a do atacante. A nomenclatura que utilizamos para determinar a plataforma do jogo não pode ser engessada. O jogo é um sistema vivo, muda a toda hora", disse Micale.

O treinador repetiu para os jornalistas o conceito básico do "juego de posición", a evolução tática do "tic taca" que Guardiola desenvolveu no Barcelona. O catalão impôs no Bayer o sistema de jogo de muita movimentação, com jogadores muito próximos, versáteis, desempenhando várias funções, com marcação alta, buscando o domínio da bola, porém com mais objetividade. Não por coincidência, Guardiola gosta de usar a expressão "organismo vivo" para falar sobre as estratégias de um time de futebol. Bom entendedor pôde perceber que Micale assume as aulas que tomou com o espanhol. O que é um sinal de independência. Tite é seguidor ferrenho do italiano Arrigo Sacchi. Defensor do jogo coletivo, da compactação, da intensidade, dos contragolpes em velocidade, das triangulações pelas beiradas do campo. Nos treinamentos do Brasil, até agora, o método que prevalece é o de Guardiola e não o de Sacchi. Até agora, os atletas têm incorporado muito bem os conceitos de Micale, em pouco tempo de treinamento.

O técnico baiano aproveita bem a chance que caiu no seu colo. Ele não seria o treinador do Brasil, se Dunga não tivesse fracassado com a Seleção principal. Tite teve a chance de assumir a equipe olímpica. Mas foi muito esperto. Deixou Micale, que montou o time vice campeão mundial sub-20, no ano passado. Micale só comandou o Brasil porque herdou o cargo do demitido Alexandre Gallo. Ele perdeu o emprego por desagradar equipes grandes na convocação definitiva da seleção sub-20. Tite já falou que será parceiro, não o chefe de Micale. As grandes decisões em relação ao time será dele. Principalmente durante os jogos. A grande e mais repetida questão é se o técnico está pronto para tanta responsabilidade. Ele sabe que só o ouro será o resultado aceitável. "Eu me sinto preparado, estudei, corri atrás, me preparei. Sou um brasileiro como tantos outros. Lutei muito. Fui galgando passo a passo até hoje ter uma grande oportunidade como essa. Se me sinto preparado? "Nada foi fácil para mim, tive que batalhar muito e provar em cada degrau a minha capacidade. O desafio neste momento não é diferente. Palavras não respondem. É o trabalho. E nós vinculamos sempre ao resultado. É assim que funciona. O resultado vai dizer. "Se eu sinto um frio na barriga? Lógico que sim, se disse que não, estaria mentindo. Sou um ser humano que está tendo a maior oportunidade de sua vida até aqui." Ele só precisa se impor a Neymar. Não se tornar refém como Mano, Felipão e Dunga. Pedi uma entrevista exclusiva a Micale. Mas a assessoria de imprensa da CBF disse "não". Afirmou que ele falará "muito" durante a Olimpíada...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Jul 2016 07:07:42

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