sábado, 30 de julho de 2016

São Paulo e Palmeiras se unem. Enfrentam os empresários de Ganso e Gabriel Jesus. Mudaram a fórceps a divisão dos direitos dos jogadores. Precedente aberto...

São Paulo e Palmeiras se unem. Enfrentam os empresários de Ganso e Gabriel Jesus. Mudaram a fórceps a divisão dos direitos dos jogadores. Precedente aberto...




Mustafá Contursi nunca teve a menor paciência com empresários, agentes. Sempre os considerou meros aproveitadores. Pessoas que tiram o dinheiro dos clubes e dos jogadores. O ex-presidente palmeirense sempre preferiu negociar diretamente com dirigentes. Só em último caso usava empresários. Não por acaso, ele se tornou mandatário no Sindicato do Futebol, órgão que defende prioritariamente os clubes brasileiros. Mustafá Contursi presidiu o Palmeiras entre 1993 e 2005. E nunca deixou de ter enorme influência no Conselho Deliberativo. A ala conversadora o tem como referência. Foi decisivo na eleição de Arnaldo Tirone. Depois se revoltou com os gastos de Tirone, decidiu apoiar outro candidato. "Eu sou o pai do Paulo Nobre", disse, ironicamente, Mustafá ao blog. Mustafá foi fundamental na eleição e reeleição do presidente palmeirense. Foi muito além disso. O influencia profundamente. Principalmente em relação aos gastos. E na maneira de tratar os empresários. E foi assim que Nobre reverteu o que parecia ser uma grande derrota. A situação vale ser detalhada. O meia ainda atendia por Gabriel Fernando. Desde março de 2014, o empresário Cristiano Simões queria prorrogar o contrato do jogador. Ele ganhava R$ 2,5 mil e tinha vínculo até dezembro de 2015. O assédio de clubes do Exterior já começava a se tornar perigoso. Mas Nobre não queria antecipar a renovação. Só que o garoto continuava a jogar cada vez melhor. Foi quando Simões avisou que o garoto cumpriria o que assinou. Mas em junho de 2015 assinaria pré-contrato com qualquer outra equipe. E no final do ano, iria embora "de graça". Até então, o Palmeiras tinha 70% do jogador e seus empresários, 30%. Sem saída, Nobre teve de ceder. Acabou aceitando antecipar a renovação. Em vez dos R$ 2,5 mil, salário padrão para os bons jogadores da base, R$ 15 mil no primeiro ano. R$ 25 mil no segundo. R$ 35 mil no terceiro. R$ 45 mil no quarto. E R$ 60 mil no quinto ano.

Os empresários aceitaram. Só que exigiram uma mudança radical nos direitos do jogador. Se quisesse ficar com ele, o Palmeiras teria apenas 30%. O jogador ficaria com (15%), Cristiano Simões (32,5%) e Fábio Caran (22,5%), seu ex-empresário. Seria dessa forma a nova distribuição. Pegar ou largar. Nobre se sentiu chantageado. E cedeu. O vínculo foi renovado por cinco anos. Como o salário do atleta estava "baixo" para o seu desempenho, novamente Simões exigiu mudanças. Ele procurou Nobre em março. O vencimento do atacante de 19 anos pulou de R$ 25 mil para R$ 75 mil. Não houve muitas discussões porque o empresário sabia que venderia o atleta no meio do ano para a Europa. Ele tinha razão. Manchester City, United, Barcelona e Real Madrid assediaram a revelação palmeirense. Depois da famosa ligação de Guardiola, Gabriel Jesus não aceitava outro clube a não ser o City. 32 milhões de euros a proposta. Cerca de R$ 116 milhões. O Manchester United chegou a 38 milhões de euros, R$ 137 milhões. Mas não adiantou o jovem atacante de 19 anos só aceita ir para "o time do Guardiola".

Foi quando Nobre provou que a vingança é um prato que se come frio. Ele esperava desde o final de 2014 para dar o troco em Simões. O dirigente que foi considerado "fraco", "omisso" por membros do Conselho de Orientação Fiscal do Palmeiras, quando abriu mão de parte dos direitos de Gabriel Jesus, surpreendeu a todos. Ele não quis saber da divisão percentual. E foi claro a Simões. "Eu quero para o Palmeiras 20 milhões de euros, R$ 72 milhões. Limpos. Ou ele não sai. Temos contrato até 2019. E o clube não autoriza a sua venda. Não sou obrigado a aceitar. Mas o City pode pagar a multa. Ela é de 40 milhões de euros. E eu quero à vista." Simões sabia que os dirigentes ingleses haviam chegado ao seu limite, com os 32 milhões de euros. E ainda queriam parcelar. Gabriel Jesus não aceitaria ir para o Manchester United, nem coberto de ouro. Se o Palmeiras realmente batesse o pé, poderia facilmente levar a questão à justiça. E a janela estaria fechada. A data limite é 30 de agosto. Não daria tempo para Simões reagir. Era o que Nobre exigia ou nada.

A virada foi incrível. Cristiano aceitou. O Palmeiras ficará com seus 20 milhões de euros limpos e os empresários e os jogador dividirão 12 milhões restantes. Na prática, o Palmeiras ficou com 62,5%. Se fosse valer o acordo de 30% ficaria apenas com 9,6 milhões de euros ou R$ 34,8 milhões. Para a transação ser efetivada, ficará com R$ 72 milhões. A postura de Paulo Nobre foi marcante, pública. E pode influenciar novas transações. Empresários importantes no País tomaram um susto. Não querem que a nova moda impere. Na transação de Ganso, não havia tanto ódio entre os dirigentes e os empresários. Mas de maneira discreta, o presidente Leco também enfrentou os representantes do meia e do grupo DIS. O clube tinha apenas 32% do meia. Mas exigiu 50% da proposta de 9 milhões de euros, R$ 32,6 milhões, do time espanhol. Eram R$ 16,3 milhões para os cofres do Morumbi ou não haveria a liberação. Os empresários cederam. Os dirigentes do Brasil descobriram. É possível reverter na prática a Lei Pelé. Tirar o poder dos empresários. A fórceps. São Paulo e Palmeiras mostraram o caminho. Na polêmica venda de Neymar, o Santos ficou com 17,1 milhões de euros, R$ 60,2 milhões. O agente do jogador, seu pai, e o atleta ficaram, com pelo menos, 40 milhões de euros. Na menos do que R$ 145,2 milhões. Muitos juram que foi muito mais. Nobre fica revoltado ao lembrar desta negociação. Dirigentes do Brasil todo souberam da postura dos presidentes. É possível enfrentar a divisão do direitos dos agentes, dos empresários.

Foi aberto o precedente.

"Com a lei do passe, os direitos dos jogadores eram, de forma exagerada, todos dos clubes. A Lei Pelé tirou o poder dos clubes, de forma exagerada. Deu aos jogadores. Só que eles entregaram aos empresários. Foram eles os beneficiados, não os atletas.

"Os clubes foram os grandes prejudicados. São os formadores desses jogadores. Não podem ficar à mercê dos empresários.

"Os clubes vão acordar. E perceber o quanto são fortes. São eles que sustentam as categorias de base, com grande sacrifício. Um dia eles vão parar de se submeter e enriquecer os empresários."

A previsão me foi feita por Mustafá em 2012.

Esse dia parece ter chegado...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Jul 2016 11:06:16

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