sábado, 9 de julho de 2016

"Enquanto houver sites de apostas, vai haver esquema no futebol." Infelizmente, o corruptor de Edilson Pereira de Carvalho, estava certo. A operação Game Over é só mais uma prova...

"Enquanto houver sites de apostas, vai haver esquema no futebol." Infelizmente, o corruptor de Edilson Pereira de Carvalho, estava certo. A operação Game Over é só mais uma prova...




"Quando sobra dinheiro, acabo jogando. Sabe quantos sites de aposta existem no Brasil?" A pergunta, irônica, debochada é repetida por Nagib Fayad. Quem é Nagib? O homem que corrompeu Edílson Pereira de Carvalho, em 2005. Ele dava dinheiro para o árbitro da Fifa manipular resultados dos jogos que apitava. Nagib era patrocinado por apostadores milionários,que nunca foram pegos. As investigações apontavam que o lucro de cada jogo manipulado chegava a R$ 400 mil. E os árbitros, sim, não era apenas Edílson Pereira de Carvalho que aceitava o suborno, recebiam R$ 10 mil por partida. Eles mudavam não só o vencedor, mas o placar dos jogos. Assim, a aposta era mais lucrativa. A ingenuidade do futebol nacional já havia acabado em 1982, quando a revista Placar, conseguiu denunciar a Máfia da Loteria Esportiva. Foi um trabalho brilhante levado à frente por Juca Kfouri, na época, editor da Placar. "Nego colocava jogo triplo em partida que se cravaria seco. Corinthians x Juventus, triplo. Flamengo x Olaria, triplo.Vasco x Botafogo, Vasco. Atlético-PR x Coritiba, Coritiba. Inter x Livramento, triplo. Não é possível. Eles cravam triplo em jogo fácil e seco para jogo difícil. Tem alguma coisa estranha nisso", desconfiou Juca.

Ao repórter Sérgio Martins coube a missão de apurar. Teve um ano para investigar. E fez excelente trabalho. O radialista Flávio Moreira, arrependido do envolvimento com a máfia, foi uma das principais fontes da reportagem. Moreira trabalhava na agência de notícias Sport Press, e passou a ser um dos principais informantes do grupo na fabricação de resultados. De acordo com a reportagem, um dos cabeças da organização seria João Nunes da Costa Filho, gerente de uma agência bancária do Banco Econômico. João chegou a Flávio através de Alberto Damasceno, radialista cearense. O grupo era formado também por um contador chamado Garcia, e por Triunfo, dono de uma lotérica. Outros grupos foram se formando em estados como o Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Pará. A reportagem apontou a participação de 125 pessoas. Depois de uma investigação classificada como preguiçosa, apenas 20 pessoas foram indiciadas. E nada foi provado. Mas a Loteria Esportiva foi desmoralizada. Nunca mais teve o mesmo sucesso no país. Vinte e três anos mais tarde, estourou o escândalo da Máfia do Futebol. Edílson foi banido do esporte. O Ministério Público conseguiu que fosse condenado, junto com a CBF, a FPF, Fayad e o árbitro Paulo José Danelon, que também participou dos acertos, ao pagamento de uma indenização de R$ 180 milhões. Mas até hoje recursos impetrados por advogados impediram que esse dinheiro fosse pago.

"O único que se ferrou fui eu", diz Edílson. Ele seu padrão de vida. Ganhava como árbitro da Fifa, R$ 3 mil por jogo. Apitava entre 8 e 10 por mês. Hoje trabalha como garçom. Ficou depressivo. Se separou da mulher, depois dar tiros pela casa. Tentou, mas não teve coragem de se suicidar. Mas o exemplo lastimável de Edílson serviu para afastar criminosos do futebol. Policiais civis de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará acabam de prender sete pessoas acusadas de formar uma quadrilha de manipulação de resultados no futebol. Ela atuaria nas Séries A2 e A3 do Campeonato Paulista e nos Estaduais do Nordeste. A investigação levou cinco meses. E policiais tiveram a certeza que havia manipulação, suborno para que placares forem alterados. Os beneficiários seriam apostadores asiáticos, da Indonésia, Malásia e China. Em março, a Folha de São Paulo denunciou. Jogadores do Grêmio Barueri e de dirigentes do América de São José do Rio Preto, do EC São José, de São José dos Campos, e do Grêmio Catanduvense, de Catanduva. A Assisense, de Assis (quarta divisão), também recebeu oferta similar em 2015. Um dos presos hoje foi o ex-goleiro do América de Rio Preto, Lunna. "Não sei nem o que estão fazendo. Agora, tem que ver as pessoas que têm "rabo" preso", que são culpados. Nunca ganhei nem R$ 1, sou honesto, não tenho nada a ver com isso. Tem que ver os grandes. Passei pelo América, fui goleiro. Sempre fiz as coisas e ajudei as pessoas, estou sendo preso porque liguei para as pessoas, empreguei jogadores e tenho acesso bom com todos. Nunca manipulei nada", garantiu. A operação que segue em andamento foi batizada de Game Over, "fim de jogo". Quem dera fosse mesmo o final. Acabassem as desconfianças de manipulação de jogos. Com a palavra o especialista. "Enquanto houver sites de apostas de partidas de futebol, vai haver esquema. Não tem jeito. É muito dinheiro envolvido. A única solução seria proibir esses sites. Mas quem consegue? Eles são bilionários. Vai ser sempre assim. A tentação é grande demais." Essa foi a definição dada por Nagib Fayad, o homem que corrompeu Edílson Pereira de Carvalho, em 2005. Os sites de apostas só crescem no mundo todo. A situação é muito séria. Relatório publicado em 2014, pelo Centro Internacional para Segurança no Esporte, com apoio da Universidade Sorbonne, da França, mostra que o mercado de apostas esportivas alcança 500 bilhões de euros por ano, cerca de R$ 1,843 trilhões. A Sorbonne mostrou que 80% desse valor circula ilegalmente, e que as apostas são usadas para lavar 140 bilhões de euros, cerca de R$ 516 bilhões anualmente. Entre 2011 e 2014, foram reportados 67 casos de manipulação de resultados, a maior parte deles na Europa (37) e na Ásia (17). Em todas as Américas só foram registrados cinco casos. A desconfiança óbvia é que não há investigação competente. São proibidos sites nacionais de aposta. Tudo não passa de hipocrisia. Porque quem quiser, pode usar os estrangeiros à vontade. Neles há páginas em português, que aceitam apostas em reais. Não são os sites corruptos. Mas quem os manipula, com apostas fraudulentas. Ou seja, a "Máfia da Loteria Esportiva", a "Máfia do Futebol" e agora, a operação "Game Over", infelizmente são apenas gotas d"água em um oceano de corrupção. E que o futebol finge não existir...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Jul 2016 14:08:59

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