sexta-feira, 22 de julho de 2016

Rogério Micale e o medo de tirar a faixa de capitão de Neymar. E repassá-la para Fernando Prass. Essa indefinição tola perturba a preparação da Seleção olímpica do Brasil...

Rogério Micale e o medo de tirar a faixa de capitão de Neymar. E repassá-la para Fernando Prass. Essa indefinição tola perturba a preparação da Seleção olímpica do Brasil...




Teresópolis... Fernando Prass, Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Rodrigo Dourado, Thiago Maia e Felipe Anderson; Gabriel Jesus, Neymar e Gabriel. Cada vez mais fica claro que a defesa e o ataque da Seleção Olímpica já estão definidos. O único setor que não escolhido é o meio de campo. Renato Augusto deverá ficar com o lugar de Felipe Anderson. Quando chegar da China. E Thiago Maia pode perder a posição para Rafinha Alcântara, que estava contundido, e fez seu primeiro treino. O time está ganhando "corpo", se entrosando. Até mais rápido do que se esperava. Mas há uma questão que pode parecer fútil, mas que está perturbando o ambiente. Deixando uma tensão desnecessária na concentração brasileira.

A faixa de capitão. Ao contrário do que se previa, o técnico Rogério Micale não nomeou o veterano Fernando Prass como capitão do time. Muito pelo contrário. Nos treinamentos há algo muito estranho. Micale não para de conversar com Neymar. Trocam ideias táticas. É impressionante o quanto o técnico escuta o atacante do Barcelona. Depois de conversarem, Neymar vai falar com companheiros. Orientá-los. A sua atuação é efetiva. Fernando Prass está muito mais contido do que no Palmeiras. Mais calado. Está focado no próprio trabalho. Treinando muito forte. No máximo, fala com Marquinhos e Rodrigo Caio, os orientando sobre a movimentação nas bolas aéreas. Não adianta perguntar para Micale ou qualquer um dos seus jogadores. A escolha do capitão segue sendo algo "interno". Se Dunga fosse o treinador, ele tiraria a faixa de Neymar. Gilmar Rinaldi já havia deixado escapar que o ex-técnico da Seleção deveria fazer um "rodízio", maneira suave de dizer estar "cansado" das atitudes irresponsáveis do jogador midiático. Como ser expulso após a partida contra a Colômbia na Copa América. Micale e Tite chegaram a Teresópolis também com essa determinação. Tudo indicava que nomeariam Fernando Prass. Só que Neymar chegou diferente. O atacante do Barcelona está muito mais compenetrado. Treinando sério. Sem perder tempo com brincadeiras infantis com companheiros, como fazia na Copa do Mundo. Trocou sorrisos por suor. Parece ter entendido que tem 24 anos. É o terceiro jogador mais velho do elenco. Só Prass e Renato Augusto são mais velhos.

As indicações aqui na Granja Comary são que Neymar não quer entregar a faixa. Passou a valorizar a liderança do grupo. Começou a compreender que ser capitão não é apenas ter um pedaço de pano no braço esquerdo. Micale tem uma grande preocupação. Não quer tirar a tranquilidade de Neymar. Fazer algo que seja absolutamente contra a vontade do atacante da Seleção. Tomar uma atitude que pareça que ele está perdendo prestígio. A camisa 10 foi mantida. Passar a faixa de capitão para Fernando Prass ou qualquer outro jogador seria uma atitude que provocaria reações na imprensa, na torcida. Micale sabe muito bem disso. Tanto que as perguntas sobre o tema são diárias. O treinador terá uma semana para definir se manterá Neymar ou não. O Brasil fará o único amistoso antes da Olimpíada no próximo sábado, em Goiânia, contra o Japão. E lá haverá a necessidade de ter um capitão. A postura da Comissão Técnica não é correta. Além de arrastar a questão, que é vista como um termômetro da força de Neymar no elenco, há o outro lado. Se Micale definir Prass como capitão em Goiânia, serão quatro dias de questionamentos até a estreia do Brasil. Os jornalistas vão querer saber o real motivo do principal jogador do país não ser mais capitão.

Houvesse um pouco de experiência, vivência com grandes competições adultas, Micale já teria se posicionado. Mostrado o que realmente pensa da situação. Mas como ele sequer conhecia pessoalmente Neymar, está "tomando o pulso" do jogador. Pensando no que fazer. Não há segredo. O técnico da Seleção Olímpica não sabe o que fazer. Há a preocupação em efetivar Neymar e ele voltar a ter os arroubos egocêntricos que tanto atrapalharam a Seleção principal. Uma vez anunciado o capitão, Micale não tem como retroceder. O Brasil nunca ganhou o ouro olímpico. Mesmo tendo vários tipos de capitão. Todos tiveram de conviver com o fracasso. Thiago Silva, em 2012. Ronaldinho Gaúcho, em 2008. Lúcio, em 2000. Bebeto, em 1966. Geovani, em 1988... "A escolha do capitão é do treinador. Eu só quero jogar e ser feliz", diz Neymar.

"O capitão tem poucas atribuições: o sorteio no início do jogo, assinar a súmula, conversar com o árbitro... Não ser capitão não tira dos outros as responsabilidades, a possibilidade de falar com os companheiros. "Liderança não se fabrica, é natural. Como em qualquer outra equipe, não significa que a obrigação seja minha. Um menino de 19 anos pode, de repente, assumir esta liderança. É questão de característica, de personalidade", tenta minimizar Fernando Prass. "A faixa de capitão é só uma exposição pública", tenta ganhar tempo Micale. Jornalistas de todo o Brasil que estão em Teresópolis estão vendo que é muito pelo contrário. O treinador da Seleção conseguiu escolher um esquema tático. Tem 80% do time definido para a Olimpíada. Mas segue inseguro. Sem escolher o seu líder em campo. O melhor jogador do Brasil? O terceiro melhor do mundo? O que vale R$ 400 milhões? Mas que estava agindo como uma prima donna com Dunga? O mais velho do grupo?

O goleiro de 38 anos que poderia ser pai de alguns companheiros?

E não adianta pensar em uma terceira via.

Renato Augusto, Rodrigo Caio.

Sempre haverá o peso de que a faixa saiu do braço de Neymar.

Já passou da hora de se posicionar, Rogério Micale.

Você é o comandante da Seleção...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 Jul 2016 18:59:29

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