segunda-feira, 25 de julho de 2016

O São Paulo se angustia. Está refém da Seleção Argentina. Enquanto a AFA não escolhe o novo técnico, Bauza é dominado pela tensão. E o time despenca no Brasileiro...

O São Paulo se angustia. Está refém da Seleção Argentina. Enquanto a AFA não escolhe o novo técnico, Bauza é dominado pela tensão. E o time despenca no Brasileiro...




Edgardo Bauza tem 58 anos. Ganhou duas Libertadores. Mas também é de carne e osso. Tem seus sonhos. E o principal deles é treinar a Seleção Argentina. Ele procurava se conter, disfarçar a euforia quando teve o convite para conversar com Armando Pérez. O dirigente que comanda Comissão Normalizadora, responsável por reestruturar a, até então, corrupta AFA. Bauza tinha a certeza, na quinta-feira, que o convite para conversar seria só formalidade. E na sexta-feira tudo seria sacramentado. Foi dormir com essa expectativa. Mas ao participar da reunião, percebeu que Pérez queria só ouvir o seu plano de trabalho, o que poderia fazer com Messi, a visão de jogo. E mais nada. Foi enigmático como uma esfinge. A reação deixou o técnico tenso. Ficou claro para Bauza que o cargo não era seu. Era apenas mais um candidato a um vestibular cheio de alternativas. Há pressão por Marcelo Bielsa, por Marcelo Gallardo. E uma enorme insatisfação pela negativa de Diego Simeone. A Argentina precisa de um treinador para as próximas semanas. O país enfrenta o Uruguai pelas Eliminatórias, no dia 1º de setembro, em Mendoza. E cinco dias depois, a Venezuela, em Mérida. E há muito o que fazer até essas datas. Montar nova maneira de jogar, escolher os atletas, tentar convencer Messi a esquecer sua determinação de não mais atuar pelo selecionado argentino. Há muito o que pensar, buscar contatos, estratégias, planos de ação.

A lógica indica que tudo isso passa pela cabeça dos candidatos a substitutos de Gerardo Martino. É mais do que normal. Necessário. A pergunta obrigatória: enquanto a Argentina não anuncia a escolha, como Bauza pode manter o foco no São Paulo? Mesmo tão experiente, ele nunca esteve tão dividido. A diretoria evita falar, assim como os jogadores. Mas a situação é claro. Angustiado, Bauza tenta não falar sobre o assunto. Foi ríspido na coletiva após mais uma derrota do São Paulo, desta vez contra o Grêmio. Assumidamente, a pior partida do time desde que aceitou vir trabalhar em uma equipe brasileira. Denis fez pelo menos seis grandes defesas. E evitou o que poderia ser uma goleada humilhante. Nunca o clube tricolor foi tão passivo. O clube perdeu Calleri, Ganso e Alan Kardec. Ítalo rompeu os ligamentos cruzados do joelho direito. Ficará seis meses sem jogar. O time está enfraquecido. Mas foi a postura, a falta de coordenação da equipe que assustou. Assim como não ter a menor vibração. Não parecia uma equipe competitiva comandada pelo argentino. O presidente Leco se vê diante de um dilema. Lógico que ele quer que Bauza continue. Foi atrás de reforços como Cuevas, Buffarini, Cháves, Gilberto para que o técnico cumprisse sua obrigação para o restante do ano.

A direção são paulina não exige o título brasileiro. Mas não abre mão de uma das vagas para a Libertadores de 2017. Fez investimentos caríssimos como a contratação de Maicon. R$ 22 milhões, mais 50% de Lucão e Inácio investidos junto ao Porto. E Bauza precisa do máximo de sua concentração. O clube está apenas em nono lugar do Brasileiro, com seis vitórias, quatro empates e seis derrotas. A outra chance seria a conquista da Copa do Brasil, competição que também exige todo o foco. Mas até as fases decisivas começarem, os argentinos já terão seu treinador. Por isso, o Brasileiro segue tão importante. A instabilidade, aceita enquanto o clube se dividia entre Brasileiro e Libertadores, precisa terminar. Pelos cálculos dos dirigentes, seria fundamental o clube vencer pelo menos dois jogos e empatar um, nos últimos confrontos do primeiro turno. Os adversários: Chapecoense e Atlético Mineiro no Morumbi. Santa Cruz em Recife. Para buscar esses pontos, Bauza precisa estar completamente "mergulhado" no São Paulo. O que não está nada fácil. Os jornalistas que cobrem o dia-a-dia do clube e estiveram ontem em Porto Alegre, notam que ele está diferente. Tenso, irritadiço, decepcionado. Esperava ter sido confirmado como técnico da Seleção Argentina. O que ainda pode acontecer. Leco, marcado por sua insegurança, tem ouvido inúmeras sugestões para um eventual substituto de Bauza. Reinaldo Rueda, Mano Menezes, Abel Braga são os nomes mais repetidos. Só que o presidente sabe que Bauza está uma pilha de nervos. Se vazar que o clube está acertando com novo treinador, pode se irritar de vez e pedir para sair do São Paulo. Por isso, dirigentes dão declarações públicas que não existe plano B. Existe. Há sim uma discreta discussão sobre o rumo do Morumbi se Bauza for para o lugar de Martino.

O auxiliar Pintado gostaria de assumir o cargo. Mas tem enorme resistência. Como elo entre a diretoria e jogadores, tudo bem. Mas como treinador da equipe, não. Leco não tem como dar uma data para Bauza definir o futuro. O treinador gostaria de saber quando acaba a angústia. Quando a Argentina definirá seu treinador. Não há prazo. Enquanto isso, o São Paulo nada pode fazer. A não ser torcer que Bauza consiga o que parece impossível. Só pensar no time brasileiro. E esquecer que está tão perto de realizar o sonho de sua vida. Ou passar por uma enorme desilusão. Algo quase impossível...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Jul 2016 09:15:31

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