sábado, 30 de julho de 2016

Brasil olímpico de Micale mostra sua cara. Obcecado, até demais, pelo ataque. Com golaço de Gabigol, 2 a 0 foi muito pouco contra o acovardado Japão...

Brasil olímpico de Micale mostra sua cara. Obcecado, até demais, pelo ataque. Com golaço de Gabigol, 2 a 0 foi muito pouco contra o acovardado Japão...




Goiânia... Atiradores de elite em cima dos placares do Serra Dourada. Marco Polo del Nero na tribuna. Quem falou que o presidente da CBF não viaja? Torcida goiana obrigada a usar a camisa da Seleção Brasileira para pagar meia entrada, recurso artificial para encher o estádio e resgatar o "amor à Pátria". Buracos no gramado disfarçados com tinta verde. O único amistoso da Seleção de Rogério Micale, antes de começar a Olimpíada, foi marcado em Goiânia por dívida política. Del Nero ainda paga o erro de José Maria Marin não ter feito a cidade sede da Copa de 2014. E ter construído o elefante branco chamado Arena Pantanal, custo de R$ 650 milhões, R$ 330 milhões mais cara do que previsto. E pelo adiamento da Copa América de 2015 para 2019, quando será uma das sedes. Depois de o Brasil passar dez dias se preparado com uma temperatura entre 12 e 18 graus em Teresópolis, veio jogar nos 27 graus de Goiânia. Desde os primeiros minutos ficou evidente que o Japão era o sparring perfeito. O empate suado contra o Sergipe, na quarta-feira. Uma equipe fraca, acovardada, sem jogadores com destaque internacional. E leal. Pronta para um massacre. Micale havia prometido que o time olímpico será a semente do renascimento do "futebol brasileiro". Ofensivo, atrevido. Diante do 4-5-1 dos japoneses, fixo, como uma equipe de pebolim, o Brasil pôde jogar no 4-1-2-3. Colírio para os olhos tanta ofensividade. O Japão estático na defesa permitia toda troca de bola, deslocamentos, tabelas, triangulações. Era um adversário mais do que encorajador. Mas várias situações chamaram a atenção. A primeira. Neymar jogando para o time. Atuando como no Barcelona, ele atuava como gosta e rende. Da esquerda para o meio. Procurou tabelas, evitou dribles desnecessários, atraiu a marcação dos zagueiros para infiltrações dos companheiros. Situações raríssimas com a camisa amarela. O segundo ponto. O acerto na movimentação de Gabriel. O atacante do Santos, canhoto, atuando na direita, aproveita as diagonais para criar chances de gol. Pega os zagueiros de lado. Como cansou de fazer no Santos. A intensidade da marcação alta. No primeiro tempo, os garotos do Brasil conseguiram travar, atrapalhar as saídas de bola japonesas. Muito mais técnicos, criaram várias chances com roubadas de bola. O fato de Micale atuar com Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar na frente oferece muitas possibilidades. Os zagueiros e volantes japoneses ficavam desorientados com tantos atletas na frente. E ofereciam espaço para a chegada de Felpe Anderson surgir de surpresa para o arremate. Essa posição será de Renato Augusto, mais efetivo. A zaga brasileira joga protegida apenas por um volante, que tem características ofensivas, Thiago Maia. Rafinha não ajuda muito. E fica exposta para contragolpes. O que quase foi imperceptível porque o Japão era fraco demais para perturbar a defesa. O que, em um teste, é muito ruim. O primeiro tempo é o que deve ser levado em consideração. Antes que as inúmeras substituições descaracterizassem os dois times. E nos 45 minutos iniciais, o Brasil se impôs. Fez dois gols. Gabriel dominou a bola na intermediária. Percebeu que os volantes e zagueiros japoneses estavam distantes. E esperto, foi se infiltrando. Até bater forte e a bola desviar na zaga. Impossível para o goleiro Nakamura defender. Brasil 1 a 0, aos 32 minutos. O gol teve efeito imediato. Despertou ainda mais confiança aos brasileiros. E desanimou os nipônicos. Thiago Maia e Neymar acertaram travessão e trave direita. Gabriel perdeu gol cara a cara. Até que, Marquinhos completou com forte cabeçada, cobrança de escanteio de Neymar. 2 a 0, aos 40 minutos. Tudo isso somado ao pênalti que o fraco juiz colombiano Wilson Riveiros não marcou em cima de Felipe Anderson, e o Brasil já poderia ter goleado ainda no primeiro tempo. No segundo, as inúmeras substituições descaracterizaram os dois times. O Brasil está pronto para a Olimpíada? Em dez dias de preparação, Rogério Micale fez o que pode. Explorou a habilidade e vivência dos garotos brasileiros. É um time que busca o gol. Joga de maneira compacta. Com as linhas próximas. Está bem orientado. Mas falta entrosamento. Gabriel Jesus foi sacrificado entre os zagueiros. Teve dificuldade de movimentação. Para não tirar o espaço de Gabriel ou de Neymar. Ficou muito abaixo dos treinos. Vária vezes os dois laterais brasileiros atacavam ao mesmo tempo. Isso é inadmissível diante de equipes com contragolpes velozes. A saída de bola precisa ser mais rápida da defesa para o meio de campo. Para pegar os zagueiros adversários desarrumados. A opção de um volante só defensivo segue muito interessante com a bola nos pés. Sem ela, nem tanto. Porque os meias e os atacantes não marcaram tanto quanto haviam prometido. Não há como negar que individualmente, não há jogador como Neymar nesta Olimpíada. É um fator desequilibrante. Mal pega a bola, há sempre um ou dos companheiros livres, tamanha é a preocupação do que possa produzir. No segundo tempo, aqui em Goiânia, Renato Augusto mostrou que precisa, e vai, virar titular no lugar de Felipe Anderson. Com sua experiência, o time ficou muito mais equilibrado, consciente. O Brasil Olímpico mostrou sua cara. É uma equipe ofensiva. Montada não só para tentar ganhar o ouro. Mas para tentar reconquistar o torcedor. Buscando o ataque a todo instante. A proposta é ousada, depois das eras Felipão e Dunga. Resta saber se os meninos terão personalidade. A pressão pela conquista da inédita medalha será imensa. O que já se pôde perceber aqui em Goiânia...

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Jul 2016 18:33:09

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