domingo, 17 de julho de 2016

A incrível história da venda do UFC por 4 bilhões de dólares. A aposta certeira de um brutamontes beberrão que não sabia o que fazer da vida. Dana Frederick White Junior...

A incrível história da venda do UFC por 4 bilhões de dólares. A aposta certeira de um brutamontes beberrão que não sabia o que fazer da vida. Dana Frederick White Junior...




Dana Frederick White Junior. Um brutamontes que adorava beber, farrear e arrumar confusões nas festas que frequentava na juventude. Não sabia o que fazer da vida. Resolveu canalizar toda sua agressividade no boxe. Treinou, pagou técnicos, mas nunca passou de um lutador fraco, sem técnica. Cansou de apanhar, voltar inchado para casa. Esperto, percebeu que em vez de ganhar a vida dando e tomando socos, poderia ser empresário. Esperto, percebeu o quanto se tornaram sujos os bastidores do boxe, com suas inúmeras associações, títulos em profusão, diluídos. Ganancioso, percebeu que o Vale Tudo poderia roubar o espaço do boxe. O esporte quase sem regras, sem número de rounds, sem divisão de lutadores por peso. Era quase briga de rua dentro de uma jaula. Sua esperteza o fez administrar as carreiras de Chuck Liddell e Tito Ortiz, dois ícones do MMA. A família Gracie desenvolveu o que batizou de "jiu-jitsu brasileiro". Técnica de autodefesa que considerava a mais desenvolvida arte marcial do planeta. E desde a década de 20, Carlos Gracie propunha desafios para provar a superioridade do jiu-jitsu brasileiro. Esta ideia foi se aprimorando por 70 anos. Nos anos 80, um ramo dos Gracie abriu algumas academias de brazilian jiu-jitsu nos Estados Unidos. Várias celebridades se encantaram com a arte marcial. Artie Davie era um executivo que organizava e transmitia torneios de lutas do Japão para os Estados Unidos. Ele propôs para Rorion Gracie e ao empresário John Milius um campeonato misturando todas as artes marciais.

Gracie percebeu que poderia ser muito lucrativo e ótima propaganda para as academias dos Gracie. O torneio seria um mata-mata entre lutadores. Competição que os Gracie já faziam de forma amadora, fechada para atrair novos alunos. Na televisão seria fantástico. Vinte e oito empresários compraram a ideia. Várias redes recusaram o torneio. Achavam muito violento, incompatível para a televisão. Entre as que disseram não estavam as redes HBO e Showtime. A SEG, empresa que estava começando o serviço de pay-per-view, decidiu apostar, em maio de 1993. Cada detalhe foi criado para atrair telespectadores. Como o octógono. O nome do torneio: The Ultimate Fighting Championship. O primeiro foi disputado em novembro de 1993. O bjj dos Gracie prevaleceu. E o torneio chamou a atenção do mundo todo. Só que enfrentou inúmeros problemas para se expandir. A falta de dinheiro. A máfia do boxe, que percebeu no MMA o que poderia ser um grande rival. Os Gracie não queriam torná-lo um evento permanente. A visão era apenas divulgar o bjj com as vitórias do franzino Royce Gracie contra gigantes tão truculentos quanto anabolizados. As regras eram mínimas e não havia antidoping. O senador democrata pelo Arizona, John McCain, queria ser presidente dos Estados Unidos. E defendia com veemência os "valores" norte-americanos. Não queria a liberação de casamentos gays, aborto e exigia a supremacia bélica dos Estados Unidos em relação a qualquer outro país. Ele encontrou no UFC uma plataforma para mostrar o quanto estava "corrompida" a sociedade americana. E conseguiu a proibição da competição em 36 estados.

As tevês também estavam pressionadas a não retransmitir as competições. O UFC saiu do pay-per-view. A situação estava caótica. Foi quando Dana White convenceu seu amigo de infância, o milionário Lorenzo Ferttita. Garantiu que tinha o "melhor negócio de todos os tempos" na mão. E convenceu Ferttita, dono de cassinos, a investir dois milhões de dólares e se tornar dono do UFC. Em janeiro de 2001, a patente passava a ser dos Ferttita. O que aconteceu nos últimos 15 anos foi absolutamente fantástico. O primeiro passo foi o aprimoramento das regras, da divisão por pesos, o envolvimento das tevês do planeta para a transmissão do pay-per-view. A criação do Ultimate Fighter, reality show para a descoberta de novos valores. A busca de lutadores de outros países que não fossem os Estados Unidos, o Brasil e o Canadá, onde o UFC já era uma febre. Sofreram no início. Dizem, que chegaram a ter 40 milhões de dólares de prejuízo, situação que poucos acreditam. Mas não foi tão fácil a transição, quanto parece agora. O que ajudou muito foi a busca de marcas importantes como patrocinadoras. Todas voltadas ao jovem público como a fabricante de motos Harley Davidson e a cerveja Budweiser.

O UFC também popularizou seus ídolos. Royce Gracie, Mark Coleman, Randy Couture, Chuck Liddell, Anderson Silva, Georges Saint-Pierre, BJ Penn, Vitor Belfort. Cada um deles se tornou vendedor de sua imagem. Por contratos tinham de demonstrar simpatia, comparecer a feiras, eventos, entrevistas na tevê. Jon Jones, Brock Lesnar, Ronda Rousey, Conor McGregor, José Aldo já foram enquadrados. Sabiam que teriam de ir além de grandes lutadores, seriam funcionários do UFC. O lento mais providencial trabalho para convencer que o esporte deveria ser levado a sério. A adequação aos exames antidoping. O fim da liberação de "tratamentos médicos" com o uso da testosterona. Dana White usou seu conhecimento com os bastidores do boxe para se aproximar de políticos. E conseguiu derrubar a proibição do evento em todos os estados norte-americanos. O mais difícil foi Nova York, depois de oito anos de batalhas judiciais, foi liberado em março deste ano. Outro enorme acerto foi a inclusão das mulheres. Dana White era contra. Mas percebeu que estava errado. Outros eventos as haviam incluído e mostravam ser um sucesso. A partir de fevereiro de 2013, elas entraram no octógono. Para nunca mais sair. Dana percebeu que, para o UFC ter toda a atenção, o melhor a fazer seria matar os outros torneios. Não foi difícil. Os comprou e acabou com eles. Sem piedade. Foi assim com o Pride e o Strikeforce. Cada evento do UFC é transmitido para 150 países e territórios. Em 22 línguas diferentes. Chega a 354 milhões de residências. Isso legalmente. As transmissões piratas devem aumentar em pelo menos 30% esses números.

Alguns vícios continuam. Como Dana White desprezar o próprio ranking que criou. E escolher as lutas que são as mais desejadas pelo público. A que devem render mais dinheiro no pay-per-view. A estupidez da pesagem, vício trazido do boxe. Lutadores expõem a saúde para bater um peso mentiroso, um dia antes da luta. Quando sobem ao octógono 30 horas depois de subir na balança, os atletas estão muito mais pesados. As cotoveladas, os pisões nos joelhos podem estar com seus dias contados. Mas a grande notícia que estava para se tornar realidade foi a venda do UFC. Depois de meses de negociação, os Ferttita repassaram a franquia para a WME-IMG. A empresa norte-americana de entretenimento venceu quatro concorrentes gigantes, entre eles, dois chineses. E gastou 4 bilhões de dólares, cerca de R$ 13,2 bilhões, para ter o controle total do maior evento de MMA do planeta.
Os Ferttita se afastam. Mas Dana White segue sendo o presidente do UFC. O que mudará na prática? O que já era profissional será ainda mais. Com a ambição real de desenvolvimento do MMA em mercados bilionários. Como o da China, dos Emirados Árabes, Rússia. A Europa como um todo. A meta é ir muito além onde os Fertitta mal arranharam. A WME-IMG não é nada amadora. Surgiu em 2014 quando a agência de gestão de talentos William Morris Endeavor comprou a IMG for US$ 2,4 bilhões com o objetivo de expandir sua atuação em áreas como esportes e moda. Anualmente a IMG produz mais de 52 mil horas de conteúdo esportivo e distribui outras 32 mil horas de conteúdo para mais de 200 clientes incluindo grandes ligas esportivas como NFL, Premier League, MLS e Euroleague. Representa atletas como as irmãs Willians, Novak Djokovic, Maria Sharapova, Ronda Rousey. É muito possível que os grandes campeões do UFC participem de filmes, séries na tevê. A ideia dos novos donos é lucrar de todas as maneiras possíveis, com os lutadores de MMA. O UFC 200 foi mais do que uma despedida. Mas uma mostra do que virá pela frente. A disputa de dois ou três cinturões no mesmo evento não será raridade. A meta é da WME é dobrar o um bilhão e cem milhões de televisores que acompanham os eventos. E provar que os 200.000.000% de lucros dos Ferttita não foi nada. O plano é acabar a dependência dos cassinos de Las Vegas. E tornar o Madison Square Garden, grande ícone do esporte mundial, em Nova York, como a nova sede do UFC. Com eventos ainda mais profissionais. E mais lucrativos. "Os fãs verão que o UFC chegará a outro nível. Muito maior." A promessa é de Dana White. O brutamontes que não sabia o que fazer da vida. Recebe 20 milhões de dólares, cerca de R$ 66 milhões, por ano como salário. E que tem 9% dar franquia bilionária chamada UFC. E revolucionou o esporte mundial...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 Jul 2016 14:44:15

Nenhum comentário:

Postar um comentário