domingo, 31 de julho de 2016

Os bastidores do corte de Fernando Prass da Olimpíada. Uma sucessão de erros e amadorismo. Que culminou com um motorista, que prestava serviço à CBF, jogando a van contra jornalistas. Dentro dela, Prass com o cotovelo quebrado. Inacreditável...

Os bastidores do corte de Fernando Prass da Olimpíada. Uma sucessão de erros e amadorismo. Que culminou com um motorista, que prestava serviço à CBF, jogando a van contra jornalistas. Dentro dela, Prass com o cotovelo quebrado. Inacreditável...




Goiânia... Por trás do corte de Fernando Prass da Olimpíada há uma sucessão erros inacreditáveis. Um pior do que o outro. Amadorismo puro que prejudicou a Seleção Brasileira, o Palmeiras e a própria carreira do jogador de 38 anos. E tudo culminou da pior forma possível. Com um motorista desequilibrado, conduzindo o goleiro com o braço fraturado, na saída da Clínica do Esporte, direcionou a van propositalmente em cima de cerca de 40 jornalistas que esperavam o resultado do exame. Não contente, parou o carro. E deu marcha ré também na direção dos cinegrafistas, fotógrafos, repórteres. E saiu acelerando, cantando pneu. Por muito pouco não atropela os profissionais que cobrem a Seleção. A cena bizarra foi transmitida ao vivo pela ESPN/Brasil. Os jornalistas chamaram a Polícia Militar. E uma oficial entrou na concentração da Seleção para intimar o motorista, que se escondia, a depor. Vexame inimaginável que só terminou perto da uma da manhã do domingo. Os erros que custaram a Olimpíada para Fernando Prass começaram nos treinamentos em Teresópolis. O clima na Granja Comary era de pressa, de determinação para montar o time olímpico em duas semanas. Rogerio Micale deu treinamentos intensos a todos os jogadores. Assim como o preparador de goleiros, Rogério Maia, também novato na Seleção. Aos 38 anos, Prass não só se submeteu à fortíssima carga de treinamento de Uilson. Ele foi além. O jogador do Palmeiras estava muito empolgado com sua primeira chance na Seleção Brasileira. Seria o jogador mais velho na história do Brasil nas Olimpíadas.

Depois de todos os exercícios, saltos, defesas de chutes para valer dos jogadores, Prass ainda resolveu se submeter a uma brincadeira. Ficava disputando pênaltis com Gabigol e Gabriel Jesus. E saltava para valer, como se fosse final de campeonato. A rivalidade com o santista era algo evidente. A cada defesa uma comemoração. E Gabigol não deixava por menos, quando marcava. Essa rotina alucinante para um jogador de 38 anos que havia se submetido em 2014 a uma operação delicadíssima, no cotovelo direito. A cirurgia o tirou do futebol por quatro meses. Sua idade e passado clínico nunca foram levados em conta. Até em período que os jogadores folgavam, os goleiros treinavam. Ele suportou por oito dias essa rotina. Até que na segunda-feira à tarde, ao fazer "uma ponte" em um chute do preparador Fernando Prass caiu sobre o cotovelo direito. Tentou disfarçar da imprensa. Mas acusou a dor. Ficou três dias sem treinar. O que já causou estranheza aos jornalistas. Mas a CBF, usando seu site oficial, publicava que tudo não havia passado de um susto. E que o goleiro estava fazendo musculação, algo que os jornalistas não têm acesso. Até que chegou a sexta-feira. E Prass fez seu teste no Vila Nova, time que defendeu no início da carreira. Novamente a CBF garantia que tudo estava bem. Notícias que vazavam do Palmeiras diziam que não era assim. Repórteres se comunicam com pessoas importantes do clube por meio de whatsapp. Já chegavam notícias de dores de Prass. Só que, como não havia confirmação da CBF ou do próprio Prass, os comentários ficavam entre os jornalistas. Primeiro, Prass estava liberado para jogar contra o Japão. Depois, ficaria no banco. E, em seguida, seria preservado. Só entraria em campo contra a África do Sul. Mas o titular da Seleção iria se aquecer, bater bola com os companheiros antes do jogo contra o Japão. Primeiro, se aqueceu, trocou bolas com Uilson. Com os braços. Antes mesmo dos chutes dos companheiros ao gol, ele se afastou. Um movimento brusco de levantar o braço direito trouxe uma sensação que ele já conhecia. A de fratura no cotovelo. O cotovelo inchou como uma bola, ele disfarçou e saiu discretamente.

No vestiário, antes do jogo foi constatada a fratura. Prass já sabia que teria a necessidade de operar. Estava fora das Olimpíadas. A notícia foi levada à tribuna especial do Serra Dourada. Aos ouvidos do presidente da CBF, Marco Polo del Nero. No intervalo do jogo. Ele falou para os presidentes de clubes goianos e políticos que o acompanhavam. E antes de Micale chegar para a sua entrevista, os jornalistas viram a indicação de corte publicado no twitter da rádio 730, de Goiânia. Mesmo assim, o treinador da Seleção tentou disfarçar, mas estava arrasado. A assessoria de imprensa da CBF avisou que o goleiro faria exames e só neste domingo anunciaria o que aconteceria. Mas nos vestiários, houve comoção. E até já surgem boatos de um pacto, pedido por Neymar, para que o Brasil ganhe a medalha de ouro e dedique a Prass. Como a Seleção principal tentou fazer em relação ao próprio Neymar, durante a Copa de 2014. Não deu muito certo.

Fernando Prass saiu junto com os jogadores. Passou pela zona mista. Ficou a um metro dos jornalistas e fotógrafos. Com camisa curta, foi possível perceber a "bola" que estava seu cotovelo. Ele com os olhos inchados de chorar. Triste demais. Do Palmeiras, mensagens garantindo não só o corte como a operação e, provavelmente, o fim da temporada aos jornalistas. Mas a CBF mantinha a postura que se manifestaria após exames. Reação imediata. Mais de quarenta jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas foram à Clínica do Esporte. É para lá que os jogadores do Goiás, Atlético Goianiense e Vila Nova são levados quando estão contundidos. E o plantão começou logo após a partida.

Enquanto ninguém da CBF aparecia para dar qualquer detalhe, o repórter da rádio 730, Juliano Moreira, passava detalhes de cinco em cinco minutos do que acontecia na clínica. Recebia mensagens de pessoas de sua confiança. E explicava. Fernando Prass estava com tantas dores e o inchaço era tão grande no cotovelo, que tinha dificuldades para se submeter aos exames. Foram necessárias duas tentativas. E a convocação de médicos especializados que estavam de folga, no sábado à noite. Foi tudo muito sofrido. O processo todo, levou cerca de quatro horas. Foi quando foi constatada a fratura. E a necessidade de fratura. O que os jornalistas sabiam há muito tempo. Só que, mesmo assim, ninguém da CBF se prontificou a falar nada. Aí, Divino entrou em cena. Divino é o nome do motorista da City Tour. Esta empresa presta serviços à CBF na cidade. Transporta delegações dos times adversários dos goianos. E é responsável pela escolha dos profissionais que dirigem suas vans. O repórter da ESPN/Brasil, Cícero Mello, fazia seu boletim relatando a situação de Prass, quando o portão dos fundos da clínica foi aberto. Logo os 40 jornalistas se amontoaram, na esperança, de alguma palavra de Fernando Prass. Ou ao menos enxergá-lo no veículo. Foi quando Divino resolveu acelerar e jogar a van contra os jornalistas. Repórteres, cinegrafistas e fotógrafos tiveram recuar de costas, se um escorregasse a chance de atropelamento era real. Muitos xingaram. Divino, irritado, parou a van. E deu ré, em direção de novo aos jornalistas. Vários tiveram de saltar para o lado para não serem atingidos. E em seguida, saiu em alta velocidade, cantando pneu. As ruas que cercam a clínica são movimentadas. Carros passavam correndo. Uma insanidade. Divino fez isso com Fernando Prass com o braço fraturado dentro da van. Além dele, médico, administrador e segurança da CBF. Só que ele não esperava que quase todos jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos fossem até o hotel Alpha Park onde a Seleção estava concentrada. A van havia acabado de deixar Fernando Prass. Foi quando táxis dos profissionais de imprensa cercaram as saídas do hotel. Divino não pôde sair. E os jornalistas chamaram a polícia. A ideia era prestar queixa contra o motorista. Só depois da confusão estabelecida a assessoria da CBF chegou. Disse que iria atrás de informações sobre Fernando Prass. E quanto ao motorista, a entidade pedida desculpas, avisou que o serviço de van era contratado, a City Tour. Foi quando a Polícia Militar chegou. Cinegrafistas mostraram à tenente Leick o que Divino havia feito. Ela entrou no hotel disposta a levar o motorista para prestar depoimento. Ficou cerca de 40 minutos. Voltou e disse que, como não houve o flagrante, não poderia levá-lo. Ele não queria ir por vontade própria. Neste meio tempo, os donos da empresa City Tour, que recebe muito bem para prestar serviço à CBF, veio se desculpar. E garantiram que o motorista estava demitido. Não trabalharia mais com a empresa.


Divino, com medo, continuava no hotel, protegido pela segurança da CBF.

Tudo isso acontecendo no hotel da Seleção Brasileira.

Um vexame exemplar.

Mas teria mais.

Com o corte efetivado de Prass, a CBF tinha três opções em uma lista de 35 atletas, que mandou para a organização da Olimpíada. Jordi, do Vasco, Jean, do Bahia, e Alisson, da Roma, favorito para ficar com a vaga.

Só que Micale pensa em outro jogador. A CBF fará uma consulta para saber se pode chamar uma quarta alternativa. Um goleiro que está na lista de 90 atletas, que ninguém teve acesso. Os nomes especulados são Marcelo Grohe, Fábio e Victor, goleiros experientes, vividos com Prass.

Se a CBF não puder chamar alguém fora da lista dos 35, então, se voltará provavelmente, para Alisson. E chegará um goleiro que todos vão saber que não era desejado por Micale.

A situação precisa ser resolvida hoje.

Já Fernando Prass resumiu sua dor, em uma nota oficial.

"Me empenhei muito para realizar o sonho de ser jogador da seleção brasileira. Mas, infelizmente, não será dessa vez. O exame realizado hoje apontou uma fratura no cotovelo e não poderei disputar a Olimpíada.

Vou me cuidar e voltar ainda mais forte para defender o Palmeiras e quem sabe a Seleção novamente. Agradeço a torcida e o carinho de todos."

Mas Fernando Prass terá muito o que pensar.

Assim como Micale.

Marco Polo del Nero.

Rogério Maia.

E até Dinino.

Nada é por acaso nesta vida.

Nada...


imagens da Internet



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 31 Jul 2016 11:45:52

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