domingo, 27 de setembro de 2015

Acabou a euforia do Fluminense com Ronaldinho Gaúcho. A decepção não só atrapalha o time. Serão R$ 5,6 milhões em salários. Será que foi o Vasco quem perdeu ao não contratá-lo?

Acabou a euforia do Fluminense com Ronaldinho Gaúcho. A decepção não só atrapalha o time. Serão R$ 5,6 milhões em salários. Será que foi o Vasco quem perdeu ao não contratá-lo?




Há dez anos, Ronaldinho Gaúcho recebia a sua segunda premiação como melhor do mundo. Quando ainda tinha credibilidade, a Fifa consagrava o talento absurdo do brasileiro. Venceu com facilidade seus concorrentes. O inglês Frank Lampard e o camaronês Samuel Ett"o se conformaram. Disseram que foi absolutamente justa a premiação. Dez anos se passaram. Os três estão milionários. Mas longe dos grandes clubes europeus. Lampard é vaiado e os torcedores do New York City e a imprensa norte-americana não escondem a decepção com sua contratação. Depois de um começo enganador, de brilho fugaz, Et"oo já se acomoda no pouco animador Antalyaspor, equipe que quase contratou Ronaldinho Gaúcho. Só que o R10 preferiu voltar ao Rio de Janeiro. Com toda a pompa, a diretoria do Fluminense começava julho entusiasmada. Acreditava haver contratado um dos maiores jogadores midiáticos do planeta. E era verdade. Clubes, jogadores e imprensa do mundo todo conhecem e reverenciam Ronaldinho. Pelo que fez. Não pelo que faz. Há muito tempo, o brasileiro vive a triste decadência de seu final de carreira. Levir Culpi sabe muito bem disso. No início de 2014, o ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, publicou no seu twitter, a mensagem que muitos esperavam. E alguns já duvidavam. "A torcida é chata, mas o cara é apaixonado por ela. Renovou!" Era o dia 9 de janeiro. Nas mal traçadas linhas, a confirmação que o jogador ficaria no Atlético Mineiro até o final do ano. O clube vencia a concorrência do Besiktas, que estaria sondando Assis. Mas Levir chegou em abril. Foi contratado para tentar consertar os estragos feito por Paulo Autuori. E ele detectou o maior problema do Atlético. Era impossível seguir com Ronaldinho Gaúcho. O meia não tinha mais condições físicas de ser o elo entre meio de campo e ataque. Lento, sem fôlego. Vivia de faltas e escanteios. O técnico sabia que as eternas festas do jogador continuavam. Procurou a direção do grupo e disse que o melhor para o clube era a saída do jogador.

Foi o que aconteceu em julho. Sem os protestos dos torcedores, da imprensa mineira. Todos, em silêncio, concordavam. Ele não era mais nem sobra do jogador entusiasmante de 2012. E peça fundamental na conquista da Libertadores de 2013. Suas atuações eram cada vez mais pífias. Um mês depois, acertou seu contrato com o fraco Querétaro mexicano. Contrato de dois anos. Acabou mero reserva, massacrado pela imprensa, diretoria e torcedores. Menos de um ano, depois de 32 partidas em campo, inúmeras no banco e apenas oito gols, foi dispensado. Ou para Assis, "acertou sua saída". Não ficou metade do contrato. Outro mês se passou e assinou contrato de 14 meses com outra equipe. Peter Siemsen venceu a concorrência de seu inimigo Eurico Miranda, que anunciou ter acertado 90% do contrato com o meia. O Fluminense acertou 100%. A partir daí, o velho script. Ronaldinho Gaúcho seria referência para patrocinadores investirem nas Laranjeiras. Seria um imã para novos adeptos do plano de sócio-torcedor. Reviveria com Fred o "Casal 20", que tanto fez sucesso na década de 80, com Assis e Washington. Sonhos que viraram pesadelo rapidamente. Nem mesmo no fraco nível atual do futebol brasileiro, Ronaldinho não consegue jogar. Está mais desgastado do que nunca. Como Maradona já disse uma vez. "Quem teve intimidade com a bola não a perde jamais. Agora, correr é outra história."

É exatamente o que o futebol moderno exige. Muita resistência para correr, se deslocar, se antecipar ao adversário. Situação básica. Chegar mais cedo na bola do que o rival. É tudo o que os jogadores veteranos não conseguem mais fazer. As fibras musculares não respondem aos comandos do cérebro. Um atleta de vida muito regrada e bem treinado tem dificuldades para jogar. Ricardo Oliveira é exceção. A grande maioria fracassa. E se aposenta. Ronaldinho Gaúcho pode ser acusado de tudo. Menos de ter uma vida regrada. Há um ano, Levir Culpi cunhou uma frase dura. "O Ronaldinho Gaúcho não está mais disposto a pagar o preço de ser um atleta profissional." A disse para a diretoria atleticana. Os dirigentes tinham acesso não só ao que viam nos jogos. Mas seu desempenho físico nos treinos na Cidade do Galo. O caminho indicava a dispensa. No Fluminense, a empolgação de Enderson Moreira acabou de maneira instantânea. Ele já tem um atleta cuja escalação é obrigatória. Fred. Às vésperas de completar 32 anos, o atacante não se movimenta. É centroavante das antigas. Aquele que aprendeu apenas a rondar a grande área. Foram décadas treinando para isso. Sua participação coletiva é nula. Não acompanha laterais, volantes, fecha o meio de campo. Muito menos virou um mestre de deslocações, tabelas. Tem um faro de gol excelente. O que é ótimo, mas ficou ultrapassado no futebol moderno. Duro. Mas verdadeiro.

Ter Fred ao lado do atual Ronaldinho Gaúcho é uma tortura para qualquer treinador. Na recomposição, o Fluminense fica sem dois atletas. Enderson tentou de todas as maneiras ser sutil. Ele queria Ronaldinho no banco, entrando nos últimos minutos do jogo. E olhe lá. A diretoria não concordava. Aproveitando os péssimos resultados, o despachou sem dó. Contratou o Eduardo Baptista. Depois de ótima passagem pelo Sport, ele quer ampliar seus horizontes como treinador. E já tem o grande problema que Enderson não conseguiu lidar. Fazer com que o time se desdobre para ter Ronaldinho. O resultado tem sido constrangedor. O que aconteceu ontem na vitória diante do Goiás assustou. Ronaldinho só foi aplaudido por um lance questionável. Na cobrança de uma falta, a defesa adversária começava a preparar barreira. O árbitro Marielson Alves Silva estava de costas. Nem viu o camisa 10 tocar a bola para Léo. Livre, ele cruzou para Fred marcar o primeiro gol. Mesmo com esse lance de "esperteza", Ronaldinho não foi perdoado pela torcida tricolor. Nada fez em campo. Não conseguia correr. Acabou anulado, vaiado. Nem adiantou Fred implorar palmas ao camisa 10 depois de um lançamento bizarro. O camisa 10 ficou nos vestiários. Não voltou para o segundo tempo. O Fluminense tem gravíssimos problemas financeiros. Ronaldinho acertou salários de R$ 400 mil mensais. Mais o que faturar em publicidade. O país mergulhado em recessão. Empresas fogem dos grandes clubes. Quanto mais dos jogadores. Quem investiria dinheiro para ter o vaiado jogador como seu garoto-propaganda?

Conselheiros no Fluminense já questionam. Vale a pena manter Ronaldinho até dezembro de 2016? Gastar R$ 5,6 milhões, só de salários? Sacrificar o time? Fazer de conta que seu futebol continua o mesmo? Quem gasta seu dinheiro em ingressos caríssimos e vai ao Maracanã para a decadência do jogador? Até agora, não conseguiu marcar um gol sequer. Ronaldinho Gaúcho é milionário. Seu talento garantiu sua vida de tranquilidade há mais de dez anos. Desde que ganhou o segundo prêmio da Fifa, o brilho foi sumindo. Até virar espasmos. Agora, nem isso. É uma tristeza ver uma caricatura do excepcional jogador que foi. Até quando? O Fluminense demonstra que vai se cansar mais rápido do que parece. Será que foi mesmo Eurico Miranda quem perdeu?




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 27 Sep 2015 10:30:39

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