sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Pastor usa o Facebook e tira da clandestinidade os cultos religiosos na concentração da Seleção. Jogadores querem. A cúpula da CBF finge que proíbe. Situação constrangedora para todos...

Pastor usa o Facebook e tira da clandestinidade os cultos religiosos na concentração da Seleção. Jogadores querem. A cúpula da CBF finge que proíbe. Situação constrangedora para todos...




Assunto delicadíssimo. E fruto de muitas controvérsias. O que era para ser mantido em sigilo se tornou público. O pastor evangélico Guilherme Batista esteve em um dos salões do caríssimo hotel Four Seasons em Boston. Sua missão. Organizou um pequeno culto e abençoar brasileiros evangélicos na América do Norte. Tudo normal, fosse ele católico ou de qualquer outra religião. Acontece que o pastor se encontrou com os goleiros Jefferson, Marcelo Grohe e Alisson; os zagueiros David Luiz e Miranda; o lateral Douglas Santos; e os meias Douglas Costa, Lucas Lima e Kaká. Todos estavam concentrados, na véspera da partida contra os Estados Unidos. O pastor do Ministério Transformados, de Goiânia, tornou público o que era para ser secreto. Divulgou o encontro na sua página do facebook. As fotos ganharam as redes. Estava escancarado algo que Dunga havia garantido que não aconteceria na Seleção Brasileira. Situação que trouxe vários problemas na Copa de 2010. O ex-coordenador de Seleções da CBF, Andrés Sanchez, foi no ponto ao assumir seu cargo. Não queria que se repetisse o que ocorrera na Copa do Mundo africana. "Culto na Seleção não vai ter. Se quiser, vá rezar no quarto." Andrés era apenas mais um dirigente que sabia que havia cultos na concentração da Seleção Brasileira durante a Copa da África. A pessoa apontada por comandá-los era o técnico Jorginho, na época, auxiliar de Dunga. Evangélico fervoroso, ele chegou até a sugerir a troca do símbolo do América, quando dirigia o time. Não queria mais que fosse um Diabinho. Jorginho foi apontado como responsável por vários encontros com jogadores evangélicos durante a Copa. O que só teria aumentado o isolamento do grupo. Não só da imprensa, mas da própria família. Aqueles atletas só tinham duas preocupações durante o mundial. Futebol e religião. Situação difícil porque metade do grupo era formado por católicos. Quando Andrés Sanchez avisou que não toleraria mais cultos por causa de 2010, Jorginho se posicionou. Em nota, afirmou. "Nunca promovi ou sequer participei de reuniões religiosas durante o período de Copa do Mundo, até porque isso era algo proibido por nós da comissão técnica enquanto o grupo esteve reunido na África."

Se houve os cultos, até funcionários do hotel confirmavam em off, ou não houve a verdade é que Dunga voltou à Seleção. E Jorginho não foi chamado para ser seu auxiliar. Até a divulgação das imagens do pastor, Dunga estava deixando bem claro que nas concentrações os cultos não mais aconteciam. A cúpula da CBF realmente não tinha ideia do que acontecia. E Dunga terá de explicar como permitiu esse encontro. Providências serão tomadas. As mesmas que já existiam com Luiz Felipe Scolari. Qualquer líder religioso não terá espaço para reunir atletas. A proibição é ecumênica. Atinge todas as crenças. Dunga deve dar suas respostas secas aos jornalistas. E fingir que nada aconteceu. Vale a reflexão. Religião é uma opção da pessoa. Todos os jogadores são livres. Podem rezar à vontade, conversar sobre o tema quando estão concentrados. Muitos se sentem revigorados, independente da crença. Mas há folgas. Felipão barrava os religiosos na concentração brasileira. Mas tanto em 2002 e 2014 fazia questão de ir à missa quando havia tempo. Vários jogadores evangélicos foram a cultos longe da Granja Comary. E a vida seguiu. Os Atletas de Cristo foi um grupo religioso muito forte nas décadas de 80 e 90. Era evangélico e costumava fazer cultos nas concentrações dos times. Só que os dirigentes dos clubes começaram a se incomodar com a força dos líderes do movimento em relação a seus atletas. E os proibiram de continuar realizando os encontros nos clubes. Há de se respeitar a liberdade religiosa de todos. Mas na Seleção e na vida o que se exige é respeito, sobriedade. A exposição dos jogadores na página do pastor do Facebook é questionável.

O momento foi dele e dos atletas. Guilherme Batista também tirou e postou uma foto com Dunga. Passa a sensação de concordância do comandante da Seleção. A Seleção Brasileira tem muitos problemas. É um grupo de jogadores comuns com um atleta excelente, Neymar. Deve sofrer para tentar a classificação à Copa do Mundo. Não deveria trazer esse questionamento sobre religião à tona. Dunga tem ou não tem o controle dos seus atletas? "Na primeira passagem de Dunga pelo cargo, de 2006 a 2010, o pastor Anselmo Alves, da 1ª Igreja Batista de Curitiba, era o amigo dos jogadores. Dunga nunca gostou, nem nos tempos de jogador, mas o auxiliar e evangélico Jorginho o aconselhava a agir com diplomacia. Depois do título da Copa das Confederações de 2009, na África do Sul, em uma virada histórica por 3 x 2 sobre os EUA, o elenco chegou a receber o apelido de “igrejinha”. Motivo: dois dias antes das partidas, um grupo religioso formado por evangélicos e católicos se reunia na concentração. Especula-se que os encontros teriam dividido o elenco no ano seguinte, durante a Copa do Mundo de 2010. Jorginho nega." Relembra o excelente jornalista Marcos Paulo Lima hoje no Correio Braziliense, comentando a presença do jovem pastor na concentração Brasileira. Segunda-feira não era folga. Pelo contrário. A véspera do jogo contra os Estados Unidos. O culto foi na concentração do Brasil. A Seleção ganhou. E se perdesse? Como seria explorada a reunião? Da mesma maneira que até hoje é lembrada a Copa de 2010? A situação acabou sendo mal administrada por todos.

Não precisava desta exposição no facebook.

A fé é algo importantíssimo na vida de qualquer pessoa.

Mas há igrejas, templos onde essa fé deve ser cultuada em grupo.

Não na concentração da Seleção Brasileira.

E divulgada pela Internet.

A mensagem acaba diluída e mal interpretada.

O tema é complexo, delicado.

E uma decisão precisa ser tomada.

De verdade, sem hipocrisia.

Os cultos acontecem na clandestinidade,.

Jogadores querem.

A cúpula da CBF finge que proíbe.

Situação mais do que constrangedora para todos...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 Sep 2015 11:33:30

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